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Os genéricos, a política…e o resto

A saúde; a justiça; a educação; a segurança têm de ser definidas a longo prazo. Não podem estar à mercê de legislaturas de 4 anos. A nossa forma de fazer política, carregada de partidarite “do faz e desfaz” tem destruído o nosso país.

Propuseram-me falar de genéricos e é obvio que o meu pensamento globalizou toda a problemática da Saúde em Portugal. Uma saúde doente, um SNS, que segundo a nossa Constituição é um direito a que todos assiste, mas assiste só de uma forma virtual, porque na prática quem tem seguros de saúde tem acesso a bons médicos e bons hospitais. E quem não tem essa possibilidade, vai mendigando uma consulta, um especialista, uma hospitalização, um dinheirinho a um qualquer familiar para poder pagar os medicamentos na farmácia, porque os nossos reformados aqueles que são os principais protagonistas deste processo, quando têm de tirar da sua reforma a alimentação, a renda da casa, a comida, a água, a luz e o pagamento à farmácia, não dá …Será que é justo trabalhar-se uma vida inteira, para na fase final quando estamos mais carenciados e precisamos da ajuda do Estado, para onde fizemos descontos uma vida inteira, recebermos umas migalhas miseráveis?Esta situação, que é infelizmente, a realidade do dia a dia, deprime-me e revolta-me. Depois de um dia de trabalho mergulhada nesta triste realidade chego a casa e ligo a televisão e oiço os Srs. Políticos com responsabilidades governativas falarem numa outra realidade, uma realidade só deles. Há uns tempos dizia uma série de disparates de revolta e quase discutia com a televisão. Hoje, porque acho que devo poupar-me mudo de canal. Não suporto a incompetência e a hipocrisia de um sistema que dizem ser feito a pensar nas pessoas.Mas quais pessoas? Os mais necessitados? Aqueles de quem os políticos só falam nas campanhas eleitorais? Não, as pessoas das campanhas eleitorais são efectivamente as mais carenciadas, mas as outras, aquelas que vão beneficiando do sistema, essas são aquelas que todos conhecemos e não são efectivamente os tais pobres. Discordo em absoluto de políticas estruturantes definidas a quatro anos. É um absurdo. A saúde; a justiça; a educação; a segurança têm de ser definidas a longo prazo. Não podem estar à mercê de legislaturas de 4 anos. A nossa forma de fazer política, carregada de partidarite “do faz e desfaz” tem destruído o nosso país.Então e os genéricos? Foi dos genéricos que me pediram para falar. Os genéricos e toda a problemática gerada à volta do tema insere-se na confusão e anarquia do nosso país. No início desta legislatura a política era de implementar genéricos, porque era benéfico para o utente, na relação custo qualidade, e para o Estado porque poupava largos milhões. Agora com o aparecimento da guerra entre os lobbies Associação Nacional de Farmácias e Ordem dos Médicos com a ministra da saúde a dar cobertura à Ordem dos Médicos, instalou-se a confusão. O utente/doente chega à farmácia e surge a pergunta repetida sistematicamente ao longo do dia: Afinal devemos tomar genéricos ou não? O Ministério da Saúde, a ANF e a Ordem dos Médicos, estão de parabéns prestaram um bom serviço de desinformação. O utente está mais confuso que nunca. Será este o objectivo?Para mim as coisas são bem simples: · O médico diagnostica e prescreve.· O farmacêutico dá ao doente o medicamento que o médico prescreveu, e fornece todas as informações de carácter farmacológico e de acompanhamento farmacoterapêutico que o doente necessitar.· O doente deveria ter a capacidade de escolher se quer o “medicamento chamado de marca” ou o genérico, porque é o doente que paga, e com esta possível escolha ninguém está alterar a prescrição médica porque o que o médico prescreve para uma determinada patologia é uma molécula e não o nome comercial x,y ou z.Os genéricos e os “medicamentos de marca” são todos regulamentados pelo INFARMED, por isso para mim são todos rigorosamente iguais e merecem a mesma credibilidade.Então se é tudo tão simples porquê tanta polémica e tanta discussão? Porque o que está verdadeiramente em causa são estatutos adquiridos e interesses económicos instalados de que não convém falar, e assim instala-se a confusão que é a melhor maneira de ninguém perceber o que quer que seja.* Empresária/Farmacêutica

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