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Velhas Glórias do União Tomar reencontram-se quarenta anos depois e evocam jogos passados

Velhas Glórias do União Tomar reencontram-se quarenta anos depois e evocam jogos passados

Equipa de 1968/69 homenageada a 1 de Maio pelos veteranos do clube nabantino.
O encontro teve lugar no feriado evocativo do Dia do Trabalhador. Ainda não eram 14h00 e já muitos se concentravam nas imediações do Cine-Teatro Paraíso, em Tomar para uma homenagem especial, organizada pelos Veteranos do União de Tomar. Os heróis do dia eram os elementos da equipa de 1968/69, que disputaram o campeonato na Primeira Divisão Nacional, terminando o campeonato na 10.ª posição. O União de Tomar foi o primeiro e único clube do distrito de Santarém, até agora, a marcar presença na primeira divisão. A estreia do clube foi abrilhantada com a vitória sobre o Sporting (2-1) em Tomar e os empates conquistados nos terrenos dos leões (2-2), FC Porto (1-1) e Belenenses (1-1), tornando os nomes dos jogadores “muito badalados”. Numa tarde já a fazer lembrar o Verão, o espírito de camaradagem sentia-se nos abraços e nas graçolas trocadas entre as velhas glórias do clube nabantino. “Então não me conheces?”, dispara Fernando Carrão para o antigo massagista Magno. Ao fim de alguns instantes um grande sorriso e uma palmada nas costas. Velhos recortes de jornal saltam de mão em mão. Fotos a preto e branco são igualmente distribuídas. A emoção foi, aliás, uma constante ao longo de toda a homenagem. Um a um, todos os elementos da equipa (ver caixa) que levou o U. Tomar à Primeira Divisão, subiram ao palco para receber uma salva de prata. Cada antigo jogador que subia ao palco era fortemente ovacionado especialmente pelas ex-glórias que se sentaram nas primeiras filas. Os jogadores falecidos foram evocados e foram os seus familiares que subiram para receber o prémio. Alguns jogadores não puderam estar presentes e a organização indicou que não conseguiu estabelecer contacto com José Ferreira Silva e Cláudio Pinto. Mesmo assim, no final todos se juntaram para uma foto de família e nem as artroses impediram que se colocassem em poses típicas de uma equipa de futebol. “Era uma equipa com muito valor, com grandes jogadores. Hoje era uma equipa para jogar para a Europa”, assegurou o guarda-redes Conhé, 40 anos depois da estreia do clube nabantino na alta roda do futebol português. O U. Tomar repetiu a presença no escalão máximo em outras cinco épocas: 1969/70, 1971/72, 1972/73, 1974/75 e 1975/76. “Não somos saudosistas mas é sempre bom ser reconhecido por algo de bom que fizemos”, disse João Barnabé, antigo avançado. O actual presidente do União de Tomar, Jorge Pereira, agradeceu aos veteranos que organizaram a iniciativa, lamentando que a mesma não tivesse a adesão de mais público. Na sala contavam-se cerca de 200 pessoas. O presidente da Associação de Futebol de Santarém, Rui Manhoso, evidenciou o facto desta ter sido a única equipa do distrito a levar um clube do distrito à Primeira Divisão, facto que considera “muito difícil” de voltar a suceder nos próximos tempos. Ao longo do dia realizou-se um torneio de veteranos de futebol no Estádio Municipal de Tomar onde participaram jogadores das equipas Sporting Clube de Portugal, Sport Lisboa e Benfica, União de Tomar e o Santa Clara (Açores). Acabou por ser a equipa leonina a vencer o torneio. O convívio terminou com um jantar de homenagem. O União Futebol Comércio e Indústria de Tomar, que completou 95 anos a 4 de Maio, ocupa actualmente a segunda posição na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Santarém, com 34 pontos, menos nove de que o líder, o Riachense.O Plantel de 1968/69Guarda-redes: Arsénio, Conhé; Defesas: Kiki, Caló, Faustino, Barnabé, Dui, Santos; Médios: Ferreira Pinto (capitão), Bilreiro, Cláudio, Araújo; Avançados: Leitão, AlbertoTotói, Vicente, Lecas.Treinador: Óscar Tellechea.António Fortes “Totói”, antigo extremo-esquerdo, 70 anos, Tomar“Não os via há muitos, muitos anos. Ontem dormi muito mal com a ansiedade de ver os meus ex-colegas. Hoje é um dia radiante. Cheguei a Tomar em 1964 e o U. Tomar estava na Terceira Divisão. Era um grupo muito bom e fizemos muito pelo U. Tomar. O Porto levou 3-1 aqui. Joguei dez épocas no U. Tomar. Depois continuei como treinador adjunto até que saí do clube. A minha vida foi toda passada em Tomar e esteve sempre ligada ao futebol mas também fui funcionário da Escola Jácome Ratton. Treino actualmente uma equipa de futebol feminina”.Alberto Santos, antigo avançado e defesa esquerdo, 69 anos, Lisboa“Foi uma alegria enorme levarmos um clube do Ribatejo à Primeira Divisão. Joguei quatro épocas no U. Tomar. A nossa camaradagem era dentro e fora de campo. Vim de Portimão. Joguei futebol até aos 38 anos. Depois continuei como treinador no campeonato distrital. Depois do futebol, trabalhei muitos anos no ramo automóvel. Não se ganhava muito no futebol que mudou muito com o 25 de Abril. Agora discutem muito e jogam pouco. Para mim o futebol já não tem o interesse que tinha. Os campos estão vazios. Este aqui, em Tomar nem bancada tem (risos). Deve ser para a malta não ir à bola.”.João Leitão, antigo avançado,65 anos, Lisboa“Jogava no Sporting e fui cedido ao U. Tomar na época de 68/69. Tínhamos um grupo de malta muito unida. O U. Tomar ganhou um certo nome no futebol nacional. Acompanho sempre o percurso das equipas onde joguei. Tenho pena que o U. Tomar não esteja num patamar mais elevado. Depois do futebol dediquei-me a uma carreira na área no ramo automóvel onde trabalhei 20 anos. Não acumulei fortuna no futebol embora reconheça que tínhamos, porventura, uma qualidade de vida acima da média. No futebol a vida é desgastante do ponto de vista físico mas temos oportunidades de conhecer pessoas que nos abrem portas para o futuro. Hoje acaba por ser um reencontro quarenta anos depois. E todos com cabelos brancos (risos).Joaquim Morado, antigo avançado, 68 anos, Tomar“Joguei nove épocas no U. Tomar. Da Distrital à Primeira Divisão. Vim para cá vindo de Angola, para os paraquedistas. Fiz amizade com pessoas do futebol e iniciei a minha carreira em 61/62. O ano de subida à Primeira Divisão foi indiscritível. Todos nos acompanhavam. Jogávamos mais por amor à camisola do que por dinheiro. Deixei o futebol aos 42 anos quando era treinador do Lamarosa. Entretanto continuei por Tomar. Profissionalmente, fui mecânico de motas e, mais tarde, estabeleci-me por conta própria. Esta homenagem foi um regresso ao passado. É bom voltar a ver as caras de colegas que já não via há 40 anos.
Velhas Glórias do União Tomar reencontram-se quarenta anos depois e evocam jogos passados

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