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Língua mirandesa à solta no Cartaxo

Língua mirandesa à solta no Cartaxo

Palestra com professor Amadeu Ferreira promovida pelo Clube Europeu da Escola Secundária
“Buonos dies! Bien háiades por me haber cumbidado a benir acá. You gustei muito de la buossa tierra, que ye ua tierra mui guapa, mui afamada, que ten un bino mui buono i stou eiqui nesta quinta tan guapa que me daba ganas de quedar acá. Mas nun puode ser que la bida chama-mos para outros lhados”.Foi desta forma que Amadeu Ferreira, professor de Direito na Universidade Nova de Lisboa, nascido em Sendim (Miranda do Douro), agradeceu o convite para uma palestra com alunos e docentes da escola secundária. A tradução fica ao cuidado do leitor em forma de desafio.O docente empenhou-se em explicar os traços principais do trajecto histórico da língua mirandesa e mostrou como se empenha em divulgar uma língua falada por cerca de 10 mil pessoas. Os alunos ficaram surpresos com algumas palavras e riram-se à custa de outras. “Se digo pila quero dizer uma simples pia. Se digo piça é uma peça. O computador não sabe línguas, é o pior aluno, sublinha as palavras mirandesas”, exemplificou o professor, perante a risota geral. Há ainda outros exemplos de palavras parecidas. Lua, que se diz luna em latim, é lluna em mirandês. Em vez de porta ou, puerta para o espanhol, escreve-se e diz-se puorta, seja ainda fuonte e puonte. Toda a zona de Miranda fala mirandês, uma língua que em Espanha se designa de leonês (oriunda de Leon). O mirandês nasceu em paralelo ao reino de Portugal no século XII e, quando as fronteiras se definiram, o mirandês fixou-se no lado de cá da fronteira. “Mas virou-se para dentro, sendo apenas falado durante o trabalho, em família e nas aldeias. Os portugueses achavam a língua muito estranha. Hoje em dia - depois de ter sido oficializada a língua mirandesa em 29 de Janeiro de 1999 – Amadeu Ferreira considera que o mirandês é a sua luta e de muitos outros. A palestra sobre a cultura e língua mirandesa foi promovida pelo Clube Europeu da Escola Secundária do Cartaxo, no âmbito das comemorações do Dia da Europa (9 de Maio). Teve como objectivo chamar a atenção e recordar a importância das línguas minoritárias europeias, em particular do mirandês, desconhecido da maioria dos portugueses.
Língua mirandesa à solta no Cartaxo

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