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Trabalhadores da Platex bloqueiam acesso à fábrica até receberem garantias salariais

Trabalhadores da Platex bloqueiam acesso à fábrica até receberem garantias salariais

À luta dos trabalhadores associam-se os madeireiros que também têm milhares de euros para receber
Tensão é a palavra que melhor descreve o ambiente que se viveu nos primeiros dias desta semana à porta da IFM/Platex, em Valbom, Tomar. Desde segunda-feira, 18 de Maio, que os trabalhadores se encontravam, de pé, em vigília em frente à empresa, bloqueando a entrada e saída de qualquer veículo. Na terça-feira, 19, na sequência de uma reunião realizada na Câmara de Tomar entre o presidente da autarquia, Corvêlo de Sousa, administração e representantes dos trabalhadores foi apresentada a proposta de pagamento de parte do salário (menos de 50 por cento) até ao final desta semana. Mas os trabalhadores reivindicam o pagamento do salário de Abril na sua totalidade. Embora não se oponham que seja depositada qualquer quantia que seja. Garantem que enquanto não tiverem o dinheiro na conta não arredam pé dali, contando com um bidão como aquecedor a lenha e com a solidariedade de quem lhes entrega comida e bebida. Tal como O MIRANTE já havia referido anteriormente, a administração da Indústria de Fibras de Madeira (IFM) propôs a 200 dos seus 240 trabalhadores que passem ao regime de lay-off por seis meses com redução do horário de trabalho para metade e garantindo o pagamento de dois terços do vencimento. Trabalhadores e sindicato questionam se o lay-off é a melhor medida para a situação da empresa e já pediram a intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para avaliar se a empresa reúne pressupostos para recorrer a essa solução nos termos da lei. Um dos requisitos é não haver salários em atraso.À luta dos trabalhadores associam-se agora os madeireiros que, segundo O MIRANTE apurou, também têm milhares de euros para receber de matéria-prima já entregue. A voz da esposa de um madeireiro de Cernache de Bonjardim é a que mais se ouve em frente às instalações da empresa. “Tenho os meus três filhos a passar mal na escola e o meu dinheirinho todo enterrado aqui”, desabafa Fernanda Coelho a chorar compulsivamente. O presidente da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant, José Eduardo Carvalho diz que esta posição dos trabalhadores pode ser prejudicial. “Penso que esta atitude de impedir que os quadros da empresa possam sair nas suas viaturas, perante a complacência das autoridades, é como se estivéssemos a regredir trinta anos na nossa sociedade”, critica. O responsável considera ainda que a situação não está a ser gerida de forma mais correcta o que provoca um crescente clima de tensão, recordando que há cerca de dois meses foi criada uma comissão constituída por Nersant, Sindicatos (UGT e CGTP) e Governo Civil de Santarém para acompanhar as situações mais complicadas das empresas do distrito, entre as quais a IFM/Platex.Entretanto, o deputado Miguel Relvas (PSD), eleito pelo distrito de Santarém, acusou o Governo de um "silêncio horrível" em relação à situação que se vive na IFM. "É altura do senhor ministro (da Economia) ter o bom senso de ter uma solução para os 250 trabalhadores que têm o seu posto de trabalho em risco nesta empresa”.Os deputados social-democratas eleitos pelo distrito de Santarém entregaram um requerimento no Parlamento há um mês questionando o Governo sobre os apoios que poderiam ser dispensados "em tempo útil" à IFM, de Tomar, e à Valbopan, a outra unidade do grupo situada na Nazaré, e qual a estratégia governamental para o sector das madeiras. O requerimento ainda não teve resposta. Para o presidente da Câmara de Tomar é incompreensível que o Governo, “que já largou milhões em vários sectores”, não venha a apoiar uma empresa que é viável, dá um contributo importante para as exportações e que só precisa de “um empurrão” para recuperar da situação que atravessa. O autarca frisou que a reunião visou apenas restabelecer o diálogo entre a administração e os trabalhadores, tendo em conta a importância da empresa para o concelho.A IFM exporta cerca de 60 por cento da sua produção, residindo o seu problema na falta de liquidez para adquirir a matéria-prima necessária para satisfazer os pedidos, disse o presidente do conselho de administração, Jorge Themudo Barata. Os problemas agravaram-se com a quebra das encomendas e a queda dos preços, sentida desde Outubro de 2008.Themudo Barata espera que seja encontrada uma solução até final de Maio, admitindo que a empresa se tenha que manter a laborar a metade da sua capacidade até ao final do ano. Entretanto, os trabalhadores pensam em novas formas de luta e prometeram manifestarem-se na segunda-feira, 25 de Maio, junto dos ministérios da Economia e do Trabalho em Lisboa. Manifestação junto ao Governo Civil de SantarémOs trabalhadores da IFM estiveram sexta-feira, 15, no Governo Civil, de Santarém, onde ouviram garantias por parte do adjunto do governador civil. Luís Ferreira, de que o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI) está a analisar a proposta feita pela empresa. A empresa tinha pedido ao Governo para inserir metade dos seus trabalhadores em programas de formação, a exemplo do que foi feito para outros sectores, e que aprove financiamentos que permitam dar liquidez à empresa e que ajudem a aligeirar compromissos, nomeadamente com a banca.João Serpa, do Sindicato da Construção e Madeiras do Sul, deixou bem claro junto ao Governo Civil de Santarém que “qualquer medida que a empresa queira implementar terá que passar pelo pagamento dos salários em atraso aos trabalhadores”. O deputado comunista António Filipe associou-se à luta dos trabalhadores e afirmou que “o Governo se tem milhões para salvar a banca também deve ter dinheiro para ajudar empresas em dificuldades e que efectivamente produzem”.
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