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“Não há sistemas informáticos perfeitos, mas pode-se garantir segurança”

“Não há sistemas informáticos perfeitos, mas pode-se garantir segurança”

Rui Filipe Lopes é professor universitário e investigador de sistemas

A ambição por uma carreira de sucesso nunca afastou Rui Filipe Lopes da vila onde cresceu. O professor do ISEL, 31 anos, regressa a Ulme todos os dias com vontade de ver o pôr do sol a partir da casa onde vive.

O gosto pela informática despertou aos 10 anos quando fez um curso de computadores em Ulme, Chamusca. O seu primeiro computador foi um PC 286 que os pais lhe ofereceram com “muito sacrifício”. Vinte anos depois das primeiras aulas, Rui Filipe Lopes é professor assistente no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) e um distinto investigador na área dos sistemas informáticos.Rui Filipe Lopes, 31 anos, está a fazer o doutoramento em engenharia informática e computadores no Instituto Superior Técnico onde concluiu a licenciatura e fez o mestrado, ainda antes do processo Bolonha. O investigador vive uma das experiências mais ricas de sempre. Há cerca de um mês foi pai de duas gémeas. Ao contrário das programações informáticas que usam as probabilidades, na natalidade são os genes que decidem e a surpresa aconteceu. Em vez de um bebé, vieram dois e uma alegria a dobrar. Consciente do esforço que os pais sempre fizeram para custear os seus estudos, Rui começou a trabalhar no último ano do curso enquanto preparava o trabalho final. Terminada a licenciatura, concorreu para professor assistente no ISEL e deixou a empresa onde estava há um mês para começar a dar aulas. “Foi em Agosto de 2003, o mês dos grandes incêndios no concelho da Chamusca”, recorda. A conversa decorre numa casa no alto da vila de Ulme onde Rui faz questão de viver porque privilegia o contacto com o ambiente e o ar puro. Na paisagem predomina o verde e o azul de um espelho de água que atravessa Ulme. Os únicos sons que se ouvem são o ruído do vento, dos pássaros e o ladrar de um cão que é um dos animais de companhia da casa. “Todos os dias gasto duas horas no transporte para Lisboa, mas compensa com esta tranquilidade e qualidade que temos aqui”, explica. Rui vai de carro até Santarém e depois apanha o comboio para Lisboa. Na viagem aproveita para ler, trabalhar ou simplesmente descansar antevendo mais um dia de aulas. “Aproveito o tempo da viagem muito bem. Se fosse a conduzir não o podia fazer”, refere. Rui Lopes conhece os custos da interioridade, mas garante que nunca se sentiu descriminado por ser um professor ou um investigador da província. “Tenho orgulho em ter nascido em Ulme e ser de uma família humilde. Aprendi que para conseguirmos evoluir temos de trabalhar muito. Quando se tem valor, ambição e se trabalha, conseguimos”, refere o jovem que fez o ensino secundário na Escola Ginestal Machado, em Santarém, antes de rumar a Lisboa. O professor de informática revela ambição, mas defende que não é preciso sair de Portugal para se progredir na carreira. “A engenharia informática e de computadores tem muito por fazer em Portugal”, adianta o engenheiro que valoriza a importância da família e de estar perto das origens. “Aqui o padeiro ainda deixa o pão à porta. Vejo nascer o sol e de Verão, quando regresso, ainda vejo pôr do sol”, diz com entusiasmo. O investigador dedica-se à elaboração de sistemas de software para as mais variadas solicitações e integra um grupo de sábios com cientistas jovens e outros mais experientes. Quando perguntamos se há sistemas invioláveis, Rui Lopes é pragmático e garante que a segurança de um sistema é proporcional ao investimento que é feito na sua protecção. O professor alerta os utilizadores comuns da Internet para a necessidade de protegerem os sistemas operativos que utilizam e minimizarem os riscos de serem atacados por vírus. Nos tempos livres, Rui reduz a utilização do computador ao mínimo. Gosta de jogar futebol. Foi atleta do clube da terra, mas a dificuldade de conciliar os treinos com os estudos afastou-o do onze titular e agora só treina para manter a forma e o contacto com os amigos.Rui passeia com o cão no eucaliptal que tem junto da casa, gosta de ir ao cinema e passear com a esposa, mas o que mais aprecia é a tranquilidade do lar partilhada com a mulher por quem se apaixonou em 1994. Uma tranquilidade “ameaçada” pelas gémeas que Rui Lopes quer ver crescer de uma forma saudável. O investigador está disposto a abdicar de algumas oportunidades, mas tudo fará para conciliar a carreira científica com o papel de pai, de chefe de família e de cidadão.
“Não há sistemas informáticos perfeitos, mas pode-se garantir segurança”

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