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Fleumático Manuel Serra d’Aire

Foi no meio de uma nuvem de fumo e de um inebriante cheiro a sardinha assada que tive conhecimento da oportuna notícia do fenomenal milagre do restauro da Capela de São Baptista, no Entroncamento. O restauro do templo foi concluído apesar das alterações não licenciadas ao projecto e de há alguns meses a autarquia ter mandado suspender os trabalhos e ter dito que aquilo era pecado de grosso calibre. Habituados à palavra do Senhor, os homens da Igreja não fizeram caso do sermão da senhora câmara. E vai de continuar a obra, que ficou prontinha para os festejos de São João, que bem merece a obra e o folguedo. Como álibi (se necessitarem de algum), os prevaricadores podem invocar Fernando Pessoa que já há décadas dizia com a lucidez característica dos grandes homens: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Foi mesmo isso que aconteceu. Só faltava colocar a seguir a “o homem sonha” um “a câmara dorme” para a mensagem de Pessoa ficar perfeitamente adaptada ao caso. Adiante! Há qualquer coisa de intrigante em volta das chamadas universidades seniores ou da terceira idade. A designação só por si é motivo suficiente para ninguém se matricular. Mas a verdade é que alunos não faltam. E os alunos são outro mistério. Há dias li uma reportagem romântica sobre a coisa onde se dizia que os frequentadores das aulas estavam no Outono da vida, o que me deixou descoroçoado. Porque, atendendo à metáfora e à sucessão das estações, quem está no Outono da vida está com os pés para a cova.Ora é aí que a bota não bate com a perdigota. Porque entre os entrevistados aparecia um senhor com 56 anos que já frequentava a universidade sénior há quatro. Se este homem está no Outono da vida, o que podemos dizer do nosso Presidente da República que já chegou aos 70 ou do cineasta Manoel de Oliveira que já ultrapassou a barreira dos 100? E há ali outra questão que me ficou a remoer. Anda gente na casa dos 50 e dos 60 – ou seja, ainda quase com idade para ser catalogada como jovem agricultor e com bom cabedal para vergar a mola – na boa-vai-ela a aprender inglês e história e a gente tem como sina trabalhar pelo menos até aos 65, se não for até morrer. Bem dizia o meu avô que não há como a vida de estudante…Também fiquei desalentado com a notícia sobre o vandalismo de que tem sido alvo o robotário de Alverca. Ora aí está mais um exemplo da má planificação dos nossos responsáveis (esta designação dá vontade de rir…). O projecto de pôr robôs a interagir com visitantes numa espécie de jardim zoológico com bichos mecânicos até é engraçado. Mas a falta de senso de quem ali enterrou 100 mil euros para nada é arrepiante. Como é que não houve uma alma por ali que puxasse pelo bestunto e se lembrasse que o primeiro robô a ser comprado para o robotário devia ser o Robocop?E com esta me vou. Um bacalhau schwazenegerriano do Serafim das Neves

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