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Vila Franca de Xira prestou tributo a quem dela fez cidade

Vila Franca de Xira prestou tributo a quem dela fez cidade

Campino de Ouro reconhece figuras que se distinguiram nas suas áreas de actuação

Cidade homenageou personalidades vilafranquenses de relevo na data em que assinalou um quarto de século como cidade. Espectáculo mostrou raízes e tradição, combinadas com os novos movimentos culturais e artísticos.

Foi num Ateneu Artístico Vilafranquense repleto de público que se comemoraram as bodas de prata da elevação de Vila Franca de Xira a cidade. O domingo chuvoso não impediu que várias centenas de pessoas acorressem ao local para assistir à homenagem a seis figuras que se destacam em várias áreas.Os cidadãos de honra, galardoados com o Campino d’Ouro, desfilaram pelo palco à vez aplaudidos pela multidão. Do bairro avieiro de Vila Franca de Xira veio Manuel do Vau, premiado com o galardão relativo à identidade vilafranquense, em nome dos anos passados no rio Tejo, na pesca e do trabalho no campo que lhe sulcou o rosto. Minutos antes, actuara o rancho folclórico de que é presidente. Depois, a distinção. O veterano, 77 anos, não conteve as lágrimas enquanto agradecia o galardão. Júlio Salgado da Costa, 76 anos, outro vilafranquense, natural de A-dos-Bispos, foi o galardoado com o prémio para o desenvolvimento científico e inovação. O inventor, que durante uma vida de trabalho integrou os quadros técnicos da TAP e recebeu já 13 medalhas de ouro e prata em salões internacionais pelas suas criações - como um elevador para deficientes para acesso a prédios e aviões, sistemas anti-poluição e anti-fogo, além de utensílios agrícolas inovadores - recebeu com agrado o galardão. “Já vem um pouco tarde”, confessou a O MIRANTE, lembrando os elogios de que foi alvo pelo Governo português durante a década de 90 e a espera a que muitos inventores estão condenados antes de ver as suas criações produzidas em escala industrial. António Robalo, 71 anos, foi outra das personalidades homenageada. O empresário, que veio do Vidual para Lisboa, vendendo copos de vidro até se tornar um empresário de relevo, foi descrito na cerimónia como um “cidadão adoptivo vilafranquense com quem a cidade pode contar em iniciativas de desenvolvimento local”. António Robalo foi considerado cidadão de honra na área do desenvolvimento empresarial. Sertório Calado, 43 anos, músico formado nas escolas do Ateneu Vilfranquense e na Força Aérea foi a figura mais próxima dos afectos da casa. Efectivo na banda do Ateneu aos 9 anos e músico que participou nas orquestras do Teatro S. Carlos e Fundação Calouste Gulbenkian, além de vários programas televisivos onde acompanhou grandes nomes do fado e da canção ligeira, recebeu das mãos do irmão e presidente do Ateneu, Mário Calado, a sua distinção. A homenagem, promovida pela Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, não chegou apenas às individualidades. A Escola de Toureio José Falcão, de onde saem alguns dos mais jovens toureiros da actualidade, como António João Ferreira (Tojó), recebeu o prémio para a cultura tauromáquica. O prémio de cidadão de mérito, o mais valioso, estava no entanto, ainda por atribuir. A Escola Secundária Alves Redol foi a primeira instituição colectiva a receber a distinção, numa homenagem ao desenvolvimento das novas gerações da cidade e ao investimento na área da formação profissional (ver caixa), 50 anos após a sua fundação. Numa tarde de festa, não faltou a música e a animação. Os ranchos folclóricos da Loja Nova e Avieiros marcaram presença, tal como os grupos de dança Nhacos, Nhaquitos e Alternative Dancers, de Povos. Os alunos do Centro para o Bem Estar Infantil de Vila Franca de Xira e da Escola Secundária Reynaldo dos Santos apresentaram excertos de peças teatrais. No final, a orquestra e o coro do Ateneu interpretaram peças musicais, antes de entoar, a plenos pulmões e com o público presente na sala em pé, o hino de Vila Franca de Xira. Destaque para ensino de excelênciaA Escola Secundária Alves Redol foi a primeira entidade colectiva a receber o galardão “Cidadão de Mérito” no aniversário da cidade de Vila Franca de Xira. Teodoro Roque, presidente do concelho executivo, sublinhou a O MIRANTE que “a educação só avança num esforço colectivo”. Para o docente, “a honra” de uma distinção de mérito provém do “trabalho desenvolvido” em que “cada aluno tem de se sentir integrado na escola que frequenta e nos cursos que escolheu”. As áreas de ensino profissional, como a electricidade, a informática ou a área do turismo ambiental e rural, são as principais apostas da escola, a par do ensino com vocação que permite o seguimento da vida universitária. “Temos uma grande responsabilidade porque estamos a formar os jovens da nossa região”, refere Teodoro Roque. O estabelecimento de ensino, a funcionar desde 1958, migrou entre vários locais até encontrar, em 1985, a sua actual localização. Foi a primeira escola oficial com ensino secundário no concelho de Vila Franca de Xira. O dia em que se cantou o hino“Leve é a tarefa quando muitos a dividem”, disse o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, durante a cerimónia no domingo que assinalou os 25 anos de elevação a cidade. José Fidalgo realçou o papel activo da sociedade civil vilafranquense e apelou a que a “comunidade evidencie as suas potencialidades”. O “sentimento de auto-estima por Vila Franca” descrito pelo autarca ficou explícito para todos no hino, cantado no final. “Vila Franca da era de Quinhentos/ De Albuquerques, de Gamas e Cabrais/Os teus filhos com nobres sentimentos/hão-de honrar-te por feitos imortais”, pode ler-se na primeira estrofe da canção, distribuída na íntegra a todos os participantes. Para Maria Caeiro, 65 anos, que veio à festa por iniciativa da neta, a canção encerrou a homenagem a uma cidade “muito bonita”. Para a menina, ao seu lado, soou pela primeira vez a música da terra onde irá crescer. Lá em baixo, no palco, Ana Teófilo tocava saxofone alto, interpretando o hino. Na plateia, o pai, natural de Azambuja, mas antigo estudante de Vila Franca de Xira, encontrava a música e letra que, compostas em 1952 por Amorim Pereira e Faustino dos Reis Sousa, recordavam a ambição de uma terra que já foi sua por adopção.
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