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Colecciona para reconstituir a história da sua terra

Colecciona para reconstituir a história da sua terra

Ricardo Branco já perdeu a conta aos objectos relacionados com Tomar que junta há mais de uma década

O jovem projecta lançar um livro sobre a história das fábricas de papel de Tomar, tema que foi objecto de estudo e que defendeu no final do curso superior. Elsa Ribeiro Gonçalves

Faz muitas colecções mas nos últimos anos tem aprofundado o gosto pelos discos de vinil e por objectos relacionados com a história da cidade onde nasceu há 23 anos: Tomar. Ricardo Branco, 23 anos, recém-licenciado em Conservação e Restauro no Instituto Politécnico de Tomar, colecciona tudo o que é possível ter sobre a cidade de onde diz nunca querer sair. “Gosto de Tomar, tem um património fabuloso que não é só o Castelo e o Convento”, atesta.Alguns objectos foram herdados da colecção do pai. “Os meus avós tinham uma mercearia em Palhavã de Cima, que na altura era uma parte separada da cidade e muitas pessoas da aldeia iam abastecer-se lá. O meu pai cresceu dentro da mercearia e alguns emigrantes foram-lhe dando notas, moedas ou selos e ele começou a ganhar entusiasmo”, recorda Ricardo, sentado numa escrivaninha repleta de objectos na loja de antiguidades da família, na rua Silva Magalhães, em pleno centro histórico. O mais fascinante para o jovem tomarense reside no facto de, através dos objectos da sua colecção, poder fazer uma reconstituição histórica de factos ocorridos na cidade ao longo dos tempos. Por este motivo faz questão de seriar, inventariar e organizar os postais e fotografias antigos por data. Diz que algumas das imagens são únicas. “Esta foto tem a estátua do Gualdim Pais no chão, no dia em que foi mudada para a Praça da República”, exemplifica entusiasmado. Percorre feiras, alfarrabistas e antiquários à procura de objectos e são raros os fins-de-semana que não dedica ao coleccionismo. Por vezes, devido à sua juventude, diz que o subestimam e tentam enganar mas ele não vai na conversa. Já encontrou postais de Tomar em Sevilha e este Verão conta ir a Madrid em busca de outras preciosidades. “Sempre estive ligado ao património e ao estudo das raízes de Tomar”, explica recordando a sorrir os tempos em que ia com os amigos explorar cantos e recantos da Mata dos Sete Montes.Livros, postais, fotografias, discos, documentos. Não sabe quantos tem na sua colecção e tem dificuldade em dizer de qual gosta mais. Mesmo assim, lá deixa escapar que ficou “maravilhado” quando encontrou um disco dos anos 60 da Filarmónica Fraude, na Figueira da Foz. Quando Ricardo consegue uma nova peça para aumentar a sua colecção fica sempre com sensação de que é um tesouro encontrado. “Há peças que têm um grande valor monetário e outras um grande valor de estima”, diferencia. “Se calhar pouca gente liga a este documento (mostra um folha amarelecida) do reinado de D. Manuel I sobre a Várzea Grande onde refere que no recinto não pode ser feita construção e que o mesmo deve ser preservado para nele se fazer jogos. Para mim tem um valor histórico enorme”, exemplifica. Diz que, muitas vezes, utiliza os postais para fazer pesquisa histórica e até utilizar em trabalhos académicos. O objectivo passa por tentar conhecer mais a história de Tomar e divulgar esta história. Ricardo Branco, que pertence ao Clube de Coleccionadores local, assume a paixão que tem por Tomar e, por isso, ambiciona desenvolver a sua vida profissional nesta cidade. Tem na manga um projecto, ainda algo embrionário, de constituir uma empresa de venda de antiguidades e coleccionismo e pretende lançar um livro sobre a história das Fábricas de Papel de Tomar estudo que defendeu no final do curso e que vai completar com um mestrado.
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