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Voltar à escola para lutar por uma nova oportunidade

Voltar à escola para lutar por uma nova oportunidade

Cento e trinta e dois alunos receberam diplomas

Cento e trinta e dois alunos do Programa Novas Oportunidades receberam diplomas que dão equivalência ao 9º ou 12ºano. Jorge Afonso da Silva

Quando devia ter estudado não teve oportunidade porque a família era pobre e numerosa. Para ajudar nas despesas de casa começou a trabalhar muito cedo. Mas o sonho de voltar à escola não morreu. Depois de trinta anos ligada ao comércio há três deparou-se com a dura realidade do desemprego. Após uma visita ao Centro de Emprego de Vila Franca de Xira ficou a conhecer o Programa Novas Oportunidades (PNO). “Entendi que era a melhor altura para voltar a lançar-me na vida, adquirir mais formação, arranjar emprego e realizar-me pessoalmente”, refere Conceição Ganhão.Natural da Póvoa de Santa Iria, 51 anos, concluiu o ensino básico, ao abrigo do PNO que dá equivalência ao 9º ano. Mas pensa ir mais longe. “Estou inscrita para fazer o secundário e quem sabe até mais. Tenho um filho formado e gostava de seguir sociologia ou geografia”, garante a estudante.Conceição Ganhão é um das alunas, de um total de 132 estudantes, grande parte desempregados, que receberam os diplomas de equivalência do respectivo curso (básico ou secundário), do PNO, entregues quinta-feira, 30 de Julho, na Sociedade Filarmónica de Recreio Alverquense (SFRA) em Alverca do Ribatejo.Ao contrário de Conceição Ganhão, Dina Pinto, 39 anos, teve a oportunidade de estudar, mas na altura “não quis”. Casou, vieram os filhos e os estudos ficaram para segundo plano, mas não esquecidos. Até que resolveu voltar aos bancos da escola e terminou o ensino básico. “Nunca é tarde para continuar. Surgiu esta oportunidade e agarrei-a. Quero seguir para o secundário para concluir o 12º ano e tirar o curso de técnica de auxiliar educativa”, assegura a aluna que mora em Alhandra.António Pereira faz parte de um grupo de dez trabalhadores da Solvay que também concluiu o ensino básico. Os estudantes tinham aulas em horário pós laboral nas instalações da fábrica dois dias por semana. Uma iniciativa conjunta entre a comissão de trabalhadores e a empresa. “Uma pessoa com 54 anos poucos frutos vai tirar disto. Mas estou a valorizar-me e temos de ser exemplo para a malta mais nova. Esperamos continuar para o secundário. Parar é morrer”, diz António Pereira. “É assim que se enfrentam as situações de crise. Não adianta estar a reivindicar quando o que pretendemos são soluções”, salientou o trabalhador-estudante.A presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira congratulou-se pela “orgulhosa conquista” que assinala a conclusão de um percurso escolar, aquisição de novos saberes e novas competências. “Para muitos é momento de um novo desafio. Começa uma nova etapa de vida com novas expectativas. Queremos que seja um período de novas oportunidades”, disse Maria da Luz Rosinha.Para o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional o diploma agora entregue tem “uma enorme importância para cada um dos alunos mas também para o próprio país”. “Ter novas competências profissionais, saber trabalhar com computadores, falar línguas estrangeiras é fundamental. Só assim Portugal terá e será um espaço de oportunidade para ter mais e melhores empregos. Capaz de melhores salários e de dar a vida que todos nós sonhamos”, garantiu Fernando Medina.
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