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Centro Comunitário de Arcena com menos utentes e poucas actividades

Centro Comunitário de Arcena com menos utentes e poucas actividades

Iniciativas são sustentadas por associação com sede em Vialonga

Utentes e moradores de Arcena denunciam imobilismo do centro comunitário localizado numa zona com grandes fragilidades sociais. Autarquia garante que reforçou oferta.

O Centro Comunitário de Arcena, freguesia de Alverca, concelho de Vila Franca de Xira, tem falta de actividades de ocupação de tempos livres e dinamização da comunidade, denunciam utentes do equipamento e cidadãos daquela comunidade. Márcia Semedo é uma das vozes que se levanta contra a evolução do centro comunitário. “Quando há alguma actividade promovida pelos serviços do centro é para registo fotográfico”, denuncia. Apoiada desde muito jovem pelo centro comunitário, Márcia Semedo relata a O MIRANTE como “muitos habitantes nem se lembram que o centro comunitário existe”. E “se há actividades, é graças à “Animar”, relata. A “Animar” (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local) assinou em 2008 um contrato com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e tem desenvolvido formação na área da empregabilidade. Mas não chega, refere a utente que critica a ausência de actividades promovidas pela direcção do centro.“Este Verão o centro comunitário só teve duas voluntárias envolvidas nas actividades de tempos livres. Antes, todos os jovens aderiam às actividades e havia intercâmbios entre os vários centros comunitários do concelho (Arcena, Povos e Vialonga). Nas festas de São Clemente, há duas semanas, actuaram vários grupos de jovens, mas nenhum é do centro”, nota Márcia Semedo. E questiona o slogan de campanha da autarca. “Como pode dizer que quer ultrapassar os desafios do futuro se ainda não resolveu os do passado?”, aponta. À porta da EB1 de Arcena, escola que funciona em desdobramento de horário (cada aluno tem aulas só de manhã ou só de tarde) são vários os pais que gostariam de contar com actividades promovidas pelo centro para os seus filhos durante as férias e ao longo do ano lectivo e reclamam a sua ausência. Ana Carvalhena, mãe de um aluno daquela escola, que se situa a cerca de 100 metros do centro comunitário, refere “não existirem quaisquer actividades” para os mais jovens promovidas pelo centro e gostaria de ver a direcção apostar em “actividades desportivas ou apoio ao nível da escola e de explicações e actividades pedagógicas”. A mãe “nunca ouviu falar na associação Animar” que desenvolve actividades no centro. Ana Gonçalves, mãe de outro aluno que frequenta a mesma escola, confirma “não existirem actividades extracurriculares no centro, mas nota que “se for como no primeiro ano em que foram desenvolvidas, há três anos, mais vale não desenvolver nada. Os monitores faltavam muito e as ausências não eram repostas. Os miúdos iam a pé para lá e apanhavam chuva”. Vários jovens ouvidos por O MIRANTE, que preferiram não se identificar, garantem que o centro tem vindo a registar um decréscimo nas actividades de ocupação de tempos livres. Quando não estão a estudar, a maior parte dos jovens apenas encontra no centro comunitário o serviço de acesso à Internet, mas passa a maior parte do dia nas ruas. Na visita ao centro realizada por o MIRANTE, durante a tarde, num dos últimos dias de férias para a maior parte dos jovens em idade escolar, não havia um único utente nas instalações. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira não autorizou que a actual coordenadora do centro comunitário prestasse qualquer declaração. O vereador Fernando Paulo Ferreira (PS), responsável pela acção social, refuta no entanto as críticas e assegura que a oferta do centro tem vindo a aumentar. “O centro é uma peça fundamental na integração da comunidade. Tem vindo a ser possível responder a diferentes gerações de moradores pelo que a oferta vai mudando com eles. Algumas das actividades do centro para jovens foram desenvolvidas numa altura em que ainda não existiam actividades extra-curriculares ou educação pré-escolar pública”, refere o autarca. Utente acusa centro de alegada discriminaçãoMárcia Semedo viveu na primeira pessoa uma situação de alegada discriminação social do Centro Comunitário de Arcena, Alverca, concelho de Vila Franca de Xira. No ano de 2006, durante um período em que a sua mãe passou por graves problemas de saúde, a utente viu-se na iminência de não poder ir trabalhar para prestar assistência família. A jovem terá solicitado a uma técnica do centro comunitário, que acompanhava a sua mãe, que contactasse a empresa em que trabalhava, com vista a justificar a ausência. O resultado, conta Márcia Semedo, foi a exposição da sua vida familiar. “Nunca pensei que fosse expor a minha vida ao meu superior, dizendo que a minha mãe era alcoólica, entre muitas outras coisas”. A utente queixou-se à coordenadora do centro e já escreveu à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, mas nada sucedeu. Pouco tempo depois viu a exposição da sua vida ser motivo de troça no trabalho e o seu contrato não ser renovado. Hoje procura emprego. Nessa mesma altura, relata a O MIRANTE, entregou um pedido de habitação social à câmara municipal, através do centro comunitário. O pedido não foi encaminhado e Márcia nunca chegou a ter processo no Departamento de Saúde Habitação e Acção Social. “A técnica foi pura e simplesmente negligente e irresponsável”, acusa Márcia Semedo. A utente voltou a fazer um novo pedido de habitação e, depois de ser encaminhada para o centro comunitário, deparou com recusas dos técnicos em prestar informações e mesmo em entregar o livro de reclamações para que nele pudesse escrever. A situação do pedido de habitação continua por resolver.A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira não autorizou que a actual coordenadora do centro comunitário prestasse qualquer declaração.
Centro Comunitário de Arcena com menos utentes e poucas actividades

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