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A raça taurina que o sal e a paixão apuram

A raça taurina que o sal e a paixão apuram

Fernando Palha conta como se apuram toiros bravos

Crítico do contacto dos toiros bravos com os seres humanos, Fernando Palha guia-se no comportamento em lide para escolher os sementais. O ganadeiro desvenda alguns dos factores que tornam os toiros da lezíria especiais, ou pelo contrário, mansos.

Cada toiro que entra nas esperas e largadas da Feira de Outubro, em Vila Franca de Xira, é fruto de uma apurada selecção. É a partir do comportamento durante as touradas que é feita a escolha dos mais nobres que pelas qualidades genéticas irão singrar como sementais. Fernando Palha, ganadeiro e figura ligada desde o início aos eventos taurinos em Vila Franca de Xira, elege como prova a forma como o toiro combate a partir da lide que dá na praça.Segundo o especialista, em Vila Franca de Xira, têm-se procurado, para oferecer na feira, “toiros quase puros, que não venham viciados”. E no caso dos toiros criados na Lezíria, os animais conservam características que os tornam únicos. “Os toiros que vivem no delta dos rios, perto do mar, Tejo Sado e Guadiana, até a lamber a terra engordam. O sódio do sal e a semente de mostarda, no sangue, borbulham, e fazem-nos mais agressivos”, conta. A possibilidade de uma tensão arterial mais elevada, embora não confirmada, é uma hipótese. A pureza da raça depende muito das qualidades genéticas. “O toiro bravo tem que ser assassino. Caso contrário, estaremos a produzir um boi”, nota. Mas para além dos genes, também o contacto com o Homem molda o comportamento dos animais. “As esperas e as largadas não têm o fulgor de antigamente. Cria-se muitas vezes um animal que já está quase domesticado. Antigamente, o toiro vivia longe do ser humano, via, quando muito, o cão ou o cavalo do pastor, e quando chegava à praça, tudo era um faiscar de coisas novas. Primeiro, as esperas, em que se aguardava que estes chegassem, a pé, das Cortes pela Ponte Marechal Carmona. E nas largadas eram toiros da corrida de véspera, virgens da multidão e ainda incitados pelo que lhe tinham feito na noite anterior, o que os fazia serem explosivos”. Hoje, três, quatro largadas dão experiência a um animal, que em alguns casos, até reage “por aprendizagem”, declara. “O toiro já sabe que se bater em vão na capa, castiga a musculatura. Ao investir muitas vezes, sentirá um pau com pico. Por isso, nas largadas, poupa-se”. E por vezes torna-se “manhoso”, marrando pela certa, sempre com os pitons que embolam os cornos. Em vésperas da feira, o ganadeiro, que irá fornecer seis toiros para o certame, aprecia também o ambiente humano que rodeará as lides e as largadas. “Houve eleições, vai haver depois, e as pessoas estão electrizadas, querem ver os artistas falhar. Vejo também maus sintomas nos toureiros, que estão acomodados. É preciso lembrar que o senhor da festa é o toiro, e depois o povo. Às volta deles não pode haver mentiras”. Segundo o especialista, em Vila Franca de Xira, têm-se procurado, para oferecer na feira, “toiros quase puros, que não venham viciados”. E no caso dos toiros criados na Lezíria, os animais conservam características que os tornam únicos.
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