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Faltam mais esperas de toiros e mais divertimentos em horário alargado

Populares deixam sugestões para melhorar a tradicional Feira de Outubro

A tradição da Feira de Outubro de Vila Franca de Xira vai bem e recomenda-se. Mas há aspectos a melhorar, sugere o povo. Venham mais produtos regionais e divertimentos. É que o circo deixou saudades entre os vilafranqueses. E que as largadas nunca acabem, que o horário seja alargado e os toiros mais aventureiros.

Faltam mais divertimentos José António Rodrigues, Barbeiro“Não sei se as feiras vão durar muito tempo”, vaticina José António Rodrigues, 69 anos, barbeiro de profissão e vilafranquense desde sempre. “Foi uma grande feira agora mudou um bocadinho. Era uma feira com circo, os restaurantes ficavam encostados uns aos outros, agora colectividades têm as tasquinhas e o resto são feirantes vender peúgas, camisolas e atoalhados”, relata. “Era bom que houvesse mais divertimentos, e ao menos, um circo!”, recomenda. O barbeiro, que não falha uma edição da feira, elogia o espaço do Parque do Cevadeiro, que foi requalificado há alguns anos para receber o certame. “Está muito melhor”, observa lembrando que se antigamente havia o hábito de estrear roupa por ocasião da feira. Preços mais baixos para dar vida à feiraClara Carvalho, Funcionária PúblicaClara Carvalho, funcionária pública, 52 anos, nascida e residente em Vila Franca de Xira, não falha uma edição da Feira de Outubro. A vilafranquense considera que “a câmara está a pedir muito dinheiro às pessoas e por isso, se calhar, o ano passado não havia um restaurante coberto nem sequer um circo”. Clara Carvalho considera que o aluguer dos espaços podia ser mais acessível para os feirantes de forma a trazer mais diversões ao certame. “Isso podia atrair mais pessoas à feira e podia haver mais tasquinhas à nossa maneira, como antigamente. A feira tinha muito mais graça que quando eu era nova. Vinham muito mais coisas”, lembra. No entanto agrada-lhe o ambiente da feira e o espaço do Parque do Cevadeiro. Promovam-se os doces regionaisSílvia Litrona, desempregada Sílvia Litrona, 56 anos, desempregada, é visitante assídua da feira de Outubro, em Vila Franca de Xira. “Vou sempre por causa do artesanato. Gosto da tapeçaria, de ver trabalhar nos teares, dos vinhos, da doçaria”, descreve a vilafranquense que confessa gosta do bulício, da combinação de cores, de sons e das memórias dos tempos de menina que o certame lhe traz. As esperas e largadas de toiros também a atraem. “Gosto muito de as ver, de longe ou de perto”, conta. Sílvia Litrona “não considera que haja muitas melhorias a operar na feira”. Deixa apenas alguns conselhos: “Não acabem com as tasquinhas. E divulguem mais os produtos regionais, na área dos doces e da gastronomia. Os doces e bolos caseiros que faziam. Façam regressar o circo, sem o qual a feira perde muita graça”, indica. Que as largadas nunca acabemMaria da Assunção Ferreira, ComercianteA comerciante Maria Assunção Ferreira, 54 anos, é vilafranquense e não dispensa uma visita às feiras da sua terra: o Colete Encarnado e a Feira de Outubro. “A feira tem vindo a melhorar. Pelo menos já não vimos de lá com os pés cheios de lama”, diz referindo-se ao piso que resultou da requalificação do Parque do Cevadeiro. “Está muito diferente mas está bonita. A festa deve ficar como está e não mudava nada. As casinhas em si estão melhores, as pessoas estão mais confortáveis e até os próprios feirantes. Nunca lhe tirem as largadas as esperas”, apela. Na feira a vilafranquense sente-se em casa. “Desde que haja uma barraquinha para comer uma fartura a cada dia da feira fico feliz. E o resto vou comprando. Levo queijinhos do pavilhão do artesanato e ando no carrossel”. Procuram-se toiros com mais qualidadeCarlos Alberto Feitor, AposentadoCarlos Feitor, aposentado, 67 anos, só mudava na Feira de Outubro a qualidade dos toiros que são largados nas esperas. “Às vezes quem brinca com os toiros nas largadas até lhes bate mas eles não correm. É da qualidade dos animais”, analisa. De resto, garante, não mudava nada. “A tradição é assim e assim deve continuar”. O vilafranquense, que há já vários anos não ia à feira de Outubro à noite, “pensa seriamente em voltar”, depois de se ter liberto de um trabalho que o ocupava nesta altura do ano. Durante vários anos, só foi às esperas de touros durante o dia. “À noite não é a mesma coisa. Tem outro sabor. Gosto de ver, mas sempre por detrás da tronqueira”, esclarece. Mas não são só os touros que o levam à feira. “Há sempre coisas novas que gosto de ver no salão de artesanato e tem havido uma evolução que não existia antigamente”. Feira está bem assim e recomenda-seMaria Adelaide Soares, ComercianteMaria Adelaide Soares, comerciante, 59 anos, só não vai mais à Feira de Outubro porque o horário da loja onde trabalha, entre as 7h00 e as 21h00, não o permite. “Mas todos os anos lá tenho que ir e comprar alguma coisa”, garante. O que mais lhe agrada é o ambiente de festa e a movimentação na cidade. “Os touros contam muito, mas os divertimentos também. O tamanho da feira está bem assim, até porque se o certame crescesse a confusão também acompanharia o ritmo. “A feira está óptima e não mudava nada”. Mas deixa um aviso sobre os rumores que ouve a clientes e conhecidos. “Nada de tirar a feira de dentro de Vila Franca, nem as largadas!”. A comerciante vê com bons olhos o recinto da feira, que hoje não dificulta a vida a quem a visita em dia de chuva com a lama que noutros tempos tinha. Novo pavilhão e mais produtos regionais Francisco Lisbão, Designer de InterioresFrancisco Lisbão, 50 anos, designer de interiores, natural de Vila Franca de Xira, tem opinião formada sobre o que está mal e o que deve ser mudado na Feira de Outubro. “Nos últimos anos a feira piorou porque transformaram o evento numa feira de revendedores de produtos orientais. O pavilhão de artesanato tem sempre as mesmas pessoas a expor, o que revela que há interesses”. Francisco Lisbão considera que o pavilhão onde decorre a feira de artesanato deve ser renovado, tal como está previsto. A autarquia deve proporcionar aos visitantes “comida tradicional portuguesa e ribatejana, louças tradicionais, t-shirts portuguesas e não de contrafacção”, sugere. A câmara “devia entregar a organização dos eventos a vereadores desta terra e não a pessoas que tiram férias nos momentos em que se realizam as nossas festas”, critica.O circo deixou saudadesPedro Carvalho, Porteiro O que leva Pedro Carvalho, 30 anos, à Feira de Outubro, em Vila Franca de Xira, são as tradições e as largadas de toiros. “Gosto do ambiente dos touros e da emoção”, descreve. O porteiro é visitante da feira em todas as edições e se pudesse decidir o futuro do certame levava o circo de regresso à feira. “Já não vem cá há três ou quatro anos”, lembra saudoso. O vilafranquense gostaria ainda de ver em Vila Franca de Xira “mais divertimentos que são sempre os mesmos todos os anos” e se pudesse “aumentava o espaço para as tasquinhas e dava mais espaço aos feirantes”. Pedro Carvalho tem “muita pena do que está a acontecer à feira”. Os feirantes queixam-se que o aluguer do espaço é muito caro e em tempo de crise a situação agrava-se. “E se há menos feirantes também há menos gente a visitar-nos”, conclui.Mais esperas de toiros Dulce Moreira, EmpresáriaA empresária Dulce Moreira, 35 anos, confessa que não liga muito à feira, mas gosta do artesanato no pavilhão. “Eu ligo mais às esperas de toiros”, confessa. A empresária, nascida e criada em Vila Franca de Xira, gosta da feira e só mudava uma coisa, se pudesse: aumentaria as esperas de toiros. “Todos os dias, de sábado a sábado, como é nas outras terras e não só duas vezes como é aqui”, aponta. Dulce Moreira gosta de ver os vilafranquenses brincar com os toiros, agrada-lhe a envolvência e o facto de ver gente na terra. “Durante o ano não há incentivos para que as pessoas venham a Vila Franca de Xira”, constata. Sobre o espaço da feira a empresária enaltece a melhoria. O piso está arranjado e desapareceu a lama e o pó.Horário deveria ser alargado António Alexandre, ComercianteAntónio Alexandre, comerciante, 40 anos, considera que a Feira de Outubro deveria funcionar em horário mais alargado. “O horário é um dos pontos que tem vindo a piorar na feira. À uma da manhã tem de fechar. Antigamente era toda a noite. Era melhor para os feirantes que vendiam mais. E para as pessoas que podiam passear à vontade. Ainda há dois anos cheguei lá depois da meia noite e mal comecei a beber uma imperial já o corpo de intervenção da PSP estava a mandar embora as pessoas que ainda se encontravam no recinto”, relata o comerciante, natural de Vila Franca de Xira. Uma das sugestões para melhorar o certame passa por estender o horário, considera António Alexandre. “Às vezes até evito ir à feira por causa da confusão”, admite.

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