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“Ainda temos o projecto das piscinas na nossa posse”

“Ainda temos o projecto das piscinas na nossa posse”

Amílcar Carvalheiro é presidente do GD Vialonga

Lidera um clube que, no futebol distrital tem vindo a mostrar bons resultados, não descurando o hóquei patins e as artes marciais. Amílcar Carvalheiro fala dos projectos e dificuldades, ao nível económico e de instalações. E salienta a importância da cultura num clube desportivo.

O Vialonga está no topo da Divisão de Honra, na época seguinte a ter sido promovido. Como aconteceu?O Vialonga sempre esteve, ao longo dos últimos anos, entre a III Divisão e a Divisão de Honra. Quando surgiu a proibição de as equipas que permaneciam há mais de três anos na II Divisão jogarem em campo “pelados”, em 2005, tivemos de andar com “a casa às costas” e descemos de divisão. Jogámos na Póvoa de Santa Iria, em Alverca, em Loures... Essa instabilidade tem custos financeiros e desportivos. Já com relvado, jogámos a época inteira no nosso campo e na época passada, fomos campeões da I Divisão Distrital. Este ano a aposta é no trabalho e na disciplina, que os resultados aparecerão. Nunca exigimos subida a nenhum técnico ou atleta. Só que respeitem este emblema e a nossa história. Notaram diferenças na qualidade de jogo?Sim. Mas ter um campo relvado sintético era uma necessidade. Há jogadores que não aceitavam os convites por o campo ser pelado. E ao nível da formação, éramos o único clube sem relvado, o que afastava também alguns bons valores. Depois, passámos a conseguir fixar melhor os nossos jovens. Quanto ganham os jogadores séniores?O Vialonga está financeiramente muito limitado, não pode ter orçamentos muito altos. Esta época mantivemos um orçamento igual ao da época passada, apenas com alguns ajustes no subsídio de alguns atletas. O subsídio mais alto não ultrapassa os 200 euros. O mínimo é o que conseguirmos negociar. É fácil a promoção de um júnior para a equipa sénior de futebol?Aproveitámos vários júniores para o plantel. Todos os anos, dois ou três jogadores sobem de escalão para completar o plantel. Os jogadores gostam de cá estar. Cria-se um bom ambiente entre os jogadores e eles acabam por ficar. Como correm as coisas ao nível da formação? Temos cerca de 150 miúdos ao nível da formação em futebol, escolinhas incluídas. Infelizmente, quando começam a ser federados somos obrigados a mandar alguns embora, porque não temos espaço físico para treinar. Temos um único campo sintético, para cinco equipas federadas. Muito fazemos nós... Precisávamos de mais um campo. Em que estado está a questão no novo estádio?Com a alteração do Plano Director Municipal (PDM), o espaço que estava consignado no plano anterior para um equipamento desportivo fica sem efeito. Estamos fazer algumas despesas para melhorar este campo. Vamos criar uma cabine nova, bancadas cobertas, para rentabilizar e permitir lugares cativos e instalar um piso sintético no ringue onde treinam os escalões de formação. Faz-nos muita impressão ver os miúdos obrigados a treinar até muito tarde. O bar também vai sofrer alterações. A curto ou médio prazo, isso dependerá da disponibilidade financeira e dos apoios que surgirem. Como está a equipa ao nível dos patrocínios?Não estamos bem. Já tive vários contactos com a Central de Cervejas, que patrocina tudo e todos, mas nada. Poderiam contribuir mais para a terra em que estão instalados. Temos equipamentos com aquele patrocínio, mas têm 10 anos. Podia dar ajuda para a formação, tal como os séniores, mas é uma empresa que não apoia. Temos contactos, mas também com empresas concorrentes da Sagres, mas vamos ver como resulta. Poderemos ter um “Sporting-Benfica”. Como reagiu o clube aos cortes no Programa de Apoio ao Movimento Associativo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira (PAMA)?Tivemos um corte da parte do apoio à manutenção de instalações desportivas, em cerca de 30 por cento. Para nós é muito, porque o Vialonga necessita de receitas fixas. Fez mossa. O aluguer do pavilhão desportivo também faz parte dessas receitas?O pavilhão entra em funcionamento para os alugueres às 20h00 e termina cerca das 00h00. Tivemos, no entanto de tomar opções, em favor da formação este ano reduzimos o horário, para ter espaço para mais duas equipas de hóquei patins e uma de futsal jovem. Como tem evoluído o hóquei em patins do clube?Sim, ao contrário do que se passou em Vila Franca e em Alverca, o nosso hóquei está bem de saúde e temos este ano mais duas equipas de formação. Para que atinjam um bom patamar, têm de começar muito novinhos. Temos miúdos que mal sabiam patinar e hoje até já são aliciados por outros clubes. No futuro, a ideia é que estes miúdos possam constituir a equipa sénior de hóquei em patins do clube. E temos um histórico do hóquei a treinar as escolas, Joaquim Bolacha. E no futsal, como se trabalha no clube?Temos muitos miúdos cujas mães não os querem a jogar e por isso criámos mais uma equipa de formação. Ao nível dos seniores, a concorrência é grande. Não oferecemos subsídios e por isso há quem procure outros clubes. Mas é assim que as coisas devem correr. Como não atribuímos subsídios, oferecemos condições, desde o transporte às refeições, em alguns casos o jantar, em deslocações. Confirma-se a renovação de equipamentos em todas as equipas?Sim. Vão ser equipamentos novos, personalizados, que serão adquiridos pelos jogadores. O Vialonga nunca levou nada a ninguém, mas desta vez cada atleta vai ter de pagar 15 euros pelo seu equipamento. Há outras modalidades desportivas em desenvolvimento?Tivemos dois atletas qualificados para o mundial de kickboxe na Áustria (ver caixa). Na patinagem artística, temos cerca de 40 atletas, em escalões de formação. E é muito gratificante ver a evolução daqueles rapazes e raparigas. O karaté também é uma aposta do clube, e vai evoluindo. Todos os atletas de todas as modalidades de formação têm de ser sócios, ou ter pai ou mãe sócio. A nível financeiro, há novos projectos para obter receitas?Temos falado com a câmara municipal sobre a possibilidade de criar uma bomba de gasolina, num terreno que foi apontado no anterior PDM para o efeito, do outro lado da variante da bomba que já existe. Mas neste momento, não há novidades.Mas existia um projecto para a construção de piscinas. Neste momento, a responsabilidade da construção das piscinas é da câmara. A Direcção Geral de Ordenamento do Território (DGOT) decretou a suspensão dos apoios para as piscinas, e parte que cabia ao clube era fruto de contrapartidas financeiras, fornecidas por uma empresa. Ainda temos na nossa posse o projecto, mas a câmara deverá vir buscá-lo. No fundo, tínhamos tudo, menos o dinheiro para as construir. Com as novas leis deverá sofrer alterações, mas é pena deitar o projecto fora.O clube estaria disponível para gerir as piscinas?Claro. Mesmo sem piscinas próprias, chegámos a ter 300 utentes na nossa concessão das piscinas da Quinta da Piedade. Conseguiríamos gerir as piscinas e obter muito mais receitas. Mas ainda não tivemos qualquer conversa profunda sobre como irá ser. No pavilhão desportivo, há muitas actividades promovidas por privados?O ginásio mudou recentemente de gerência e tem muito mais utentes. No fim do mês, vão desenvolver vários eventos desportivos no pavilhão. O concessionário do nosso restaurante também não fica atrás. Tem havido, regularmente, matinés dançantes, que animam as pessoas e trazem mais vida ao nosso espaço.Um clube que aposta na cultura O GD Vialonga é um dos poucos clubes do concelho que detém uma secção cultural. Em fase de renovação directiva, a secção mantém um grupo de artesãos, que são convidados para vários locais e uma escola de pintura, liderada pelo artista Monteiro de Alcobaça. Ligada ao clube desde 2006, esteve também a Tertúlia de Poetas de Vialonga, que se encontra também em fase de mutação, devendo espaçar mais a realização de eventos que produzia. Encerrada fica a escola de música desenvolvida pela secção, desta vez, por falta de alunos. O Presidente do GD Vialonga, Amílcar Carvalheiro, salienta o apreço que o clube tem pela secção. “Economicamente não nos beneficia, mas onde há desporto deve haver cultura. Não havendo encargos para o clube, dá-lhe visibilidade. Os nossos poetas e artesão são convidados para expor e declamar dentro e fora do concelho, e nesses momentos é o clube que está a ser representado. São motivos de orgulho”, nota.
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