Acabaram-se por uns tempos as campanhas eleitorais, os discursos esganiçados, as carrinhas de som manhoso e outros artefactos propagandísticos. Depois da chacina de porcos no espeto a que assistimos, não é abusivo dizer que estes actos eleitorais têm relação directa com o aumento do colesterol no sangue de muitos portugueses e com as probabilidades de ocorrência de mais AVC por esse país fora. Come-se muito mal nas campanhas eleitorais e esse é um dos aspectos que os partidos políticos deviam rever em nome da saúde dos seus dirigentes e dos seus apaniguados. O doutor Fernando Pádua devia estar atento. Trocar as febras de porco por postas de salmão grelhado, as batatas fritas por salada de rúcula e o carrascão por água mineral seriam importantes contributos para a sanidade da nossa democracia. E também para a linha dos candidatos.Também nesses casos deviam ser impostas quotas. Por cada travessa de bitoques devia haver outra de peixe cozido com verduras, por exemplo. Vê lá se as quotas não funcionaram no caso das mulheres. Com essa brincadeira ganhámos cá na zona mais três presidentes de câmara no feminino em Alcanena, Rio Maior e Abrantes. Abençoadas quotas que ajudam a melhorar a paisagem autárquica… E abençoada política que às vezes, por incrível que pareça, tem coisas positivas. Foi graças à campanha eleitoral que fiquei a saber que se realizaram rodeos em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, único município governado pelo Bloco de Esquerda. Mais: ficámos todos a saber que a popular Anita (é a presidente lá do sítio) é adepta dos toiros de morte. Uma coisa de que o Bloco de Esquerda nem pode ouvir falar. Por isso ver os golpes de rins e os jogos de cintura que os políticos fazem para contornar o incontornável são acrobacias que me deliciam. Louçã foi colhido nas partes baixas por essas declarações e ainda deve estar combalido. A Anita saiu em ombros perante a aficcion.São coisas destas que me fazem ter saudades das campanhas eleitorais. O país vai tornar-se novamente tão enfadonho como as reuniões de Câmara da Golegã agora que Veiga Maltez ficou sem vereadores da oposição. Quem vai consolar as peixeiras e as vendedoras de fruta que ficaram órfãs de políticos durante uns anitos? Quem vai dar de comer à malta que durante umas semanas encheu a mula à conta dos jantares e almoços de campanha? Quem vai alimentar o ego dos seguranças que fazem sempre um figurão nestas alturas, protegendo os candidatos não se sabe bem de quê? Tudo questões que já me começam a massacrar o cérebro e para as quais gostava de ter resposta. Talvez tu me possas ajudar.Um adeus português do Serafim das Neves