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De empregado de mesa a dono do restaurante

António Carlos Martins começou a trabalhar aos 18 anos e actualmente é o proprietário do restaurante “O Forno”, em Almeirim

O dono de “O Forno”, um dos restaurantes de Almeirim mais famosos pela sopa de pedra, trabalha ao lado dos funcionários todos os dias, seja no grelhador ou a servir à mesa, a sua primeira actividade quando ingressou no mercado de trabalho.

António Carlos Martins começou por ser empregado de mesa e chegou a dono do restaurante “O Forno” em Almeirim. Começou a trabalhar aos 18 anos depois de acabar o 11º ano de escolaridade. Já não tinha vontade de continuar a estudar e queria trabalhar para ganhar dinheiro e a sua independência. Namorava então com a filha do dono do restaurante, Henrique Oliveira, e à falta de emprego noutras áreas foi trabalhar para o restaurante na zona da praça de toiros. Começou por servir à mesa, uma coisa que ainda gosta de fazer apesar de ser patrão, porque adora o contacto com as pessoas. Depois casou com a filha do proprietário e com o restaurante, onde passa todo o dia a fazer tudo o que for necessário. A mulher, Elisabete Martins, trabalha a seu lado. É ela que faz todos os doces que são servidos aos clientes. Mas apesar de estarem juntos no trabalho, muitas vezes nem têm tempo para conversar um com o outro. A cozinha é como uma linha de montagem de uma fábrica. Cada um tem determinadas funções e não pode atrasar-se, senão implica com o trabalho do outro e o serviço atrasa-se. Há seis anos, quando o sogro começou a perder as forças para controlar o barco com dezenas de funcionários, António Martins adquiriu o restaurante. Mas não assumiu uma postura de patrão. Continua a trabalhar diariamente ao lado dos empregados. Quem entra no “Forno” costuma ver António, conhecido também por “Tó”, no grelhador que debita um calor que parece que assa a nossa própria carne. É um serviço duro, mas o dono do restaurante diz que “já está habituado”. Mas também faz as contas dos clientes, serve à mesa, tira cafés. Faz tudo o que for preciso, para além da gestão da empresa, das idas aos bancos, da papelada que é preciso organizar, das compras…António levanta-se às oito da manhã. Chega ao restaurante às 09h30. Prepara os almoços, amanha os peixes, corta a carne. Vai ao banco fazer depósitos. Recebe os fornecedores. Assim que entra não tem um minuto para descansar. Depois de tomar o pequeno-almoço, só volta a comer por volta das 16h30, quando se senta à mesa com os empregados para almoçar. O momento é aproveitado para se falar do trabalho, analisar o que correu bem e mal e preparar-se o serviço para o jantar. “Passamos aqui dias inteiros que muitas vezes nem sabemos o que está a acontecer lá fora, o que se passa no mundo, ficamos alheados da realidade”, confessa. Raramente consegue sair do restaurante antes da uma da manhã. E duas vezes por semana, depois dessa hora, ainda vai ao Mercado Abastecedor da Região de Lisboa fazer as compras de peixe. Chega a casa por volta das quatro e meia da manhã. Às vezes, nesses dias, apetecia-lhe ficar a dormir, mas cumpre os horários à risca e levanta-se às 08h00. “Porque não posso deixar as 28 pessoas que trabalham comigo sem apoio”, justifica. Até há cerca de um ano, António trabalhava os sete dias da semana, mas agora já tem um dia de folga à terça-feira, que aproveita para estar em família e para ir visitar o filho que está no quarto ano de Medicina Dentária, em Lisboa. Por ano não tem mais que dez dias de férias repartidos por dois períodos, até porque o restaurante não fecha para férias. Quando era mais novo, o actual proprietário de “O Forno” pensou em desistir, mas agora, aos 46 anos, não se vê a fazer outra coisa. Reconhece que nesta actividade se ganha dinheiro, mas para isso é preciso trabalhar muito. E “se fizermos conta às horas de trabalho, às coisas de que se tem que abdicar, às vezes o lucro não compensa”. O segredo do restaurante, que nos fins-de-semana tem que contratar mais gente para atender as muitas pessoas que procuram a cidade atraídas pela Sopa de Pedra, é servir em quantidade, em qualidade e com rapidez. Apesar do passa-palavra e de não faltarem clientes, António considera que o município e investidores privados deviam criar condições na zona da praça de toiros para que as pessoas que vão almoçar ou jantar aos restaurantes pudessem passar algum tempo e ficassem a conhecer outros produtos tradicionais da terra.“Até há cerca de um ano, António trabalhava os sete dias da semana, mas agora já tem um dia de folga à terça-feira, que aproveita para estar em família e para ir visitar o filho que está no quarto ano de Medicina Dentária, em Lisboa”

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