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“Caldeira das Caralhotas” acumula experiência de três décadas no fabrico do tradicional pão de Almeirim

Um nome que se presta a ditos brejeiros mas que ninguém dispensa

Emília David começou há três décadas a vender pão de porta em porta numa bicicleta e ainda hoje molda a massa que leva ao forno de lenha.

Começou por vender pão montada numa bicicleta. Levava-o embrulhado num pano e ia pedalando pelas ruas empedradas de Almeirim para ajudar a sustentar a família. Passados 30 anos, Emília David ainda amassa os ingredientes que vão dar origem às típicas caralhotas da cidade dos restaurantes. A Caldeira das Caralhotas, na rua de Moçambique, 21, junto à praça de touros, tem hoje um aspecto mais moderno.Teve sempre um aspecto típico, com objectos de barro, mas as novas exigências em matéria de higiene fizeram mais metálica através do aço inoxidável dos alguidares ou das bancadas, onde apenas escapa uma banca de pedra. “Os antigos compravam pão para a semana inteira. No rebordo dos alguidares de barro ficavam restos de massa, chamados borbotos, que rapados e amassados formavam caralhotas que as famílias davam aos mais novos”, conta Emília David.As mãos e o amor com que faz a massa são, para Emília David, o segredo das caralhotas. A rotina mantém-se. Começa por volta das quatro ou cinco da manhã e só acaba quando confecciona caralhotas que cheguem para encher quatro sacas de farinha. As caralhotas são procuradas por todo o tipo de clientes. De pessoas bem conhecedoras das suas qualidades a turistas de todo o país. “Alguns até brincam com o nome do pão. “Uns pedem por meia dúzia de caralhinhos, outros meia dúzia de caralhões”, graceja Emília David. Mas se a habitual caralhota se come bem com uma bifana no meio, Emília David foi sempre à procura de novas soluções para o típico pão. Criou as caralhotas com farinheira, com chouriço e com um misto de enchidos. Uma novidade mais doce é a caralhota recheada com maçã, nozes, canela e açúcar. Emília David confecciona ainda para os mais gulosos broas de Almeirim, de amêndoa, de milho com batata-doce, de café e de noz, a par dos bolinhos da avó Emília, feitos à base de farinha de milho, azeite, açúcar, canela, nozes e passas.O marido de Emília David, Nuno Teixeira, e o seu genro, Eduardo “Papagaio”, são os seus braços direitos na casa. Mãe de seis filhos e avó de nove netos, Emília David espera que a arte que começou tenha precursores. A Caldeira das Caralhotas encerra às segundas-feiras, funcionando de terça a domingo, entre as 10h30 e as 20h00. A casa fornece pão para restaurantes e outras casas mas é o cliente particular quem mais ordena. O pão que há 30 anos era vendido a particulares por 10 escudos, é hoje comercializado a 45 cêntimos por unidade.

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