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Sabe tão bem a nossa comida e faz-se tão pouco pela sua divulgação

Sabe tão bem a nossa comida e faz-se tão pouco pela sua divulgação

A gastronomia é cultura e é injusto entregar a defesa desse património aos restaurantes
A gastronomia é uma questão cultural. E as questões culturais não podem ficar única e exclusivamente a cargo dos empresários da restauração. A eles cabe-lhes um papel importante, é certo. Mas é a outras entidades que cabe a promoção e divulgação. Na Lezíria do Tejo, Vale do Tejo e Médio Tejo há uma multiplicidade de saberes, sabores e conhecimentos que é urgente proteger e exaltar. E há produtos locais em vias de extinção que merecem mais que aquilo que tem sido feito.É interessante ter na região uma oferta diversificada. A cozinha internacional é uma forma de interculturalidade. Mas quem vem à região tem que encontrar algo diferente. Algo nosso. Só assim sabe mais sobre quem nós somos. Sobre o que aqui temos que nos diferencia. Tem sido interessante o esforço de algumas câmaras municipais para promover a gastronomia local. Os Sabores do Toiro Bravo em Coruche. O Tomate Azeite e Alho de Santarém. O Feijão com Todos e o Congresso da Sopa em Tomar. O Festival do Cabrito em Torres Novas. O mês do Sável e da Lampreia na Barquinha. Mas é pouco porque se resume a um curto espaço de tempo e porque a divulgação, salvo honrosas excepções, é fraca. Receia-se gastar para mais tarde colher frutos. E quem não investe não tem retorno. O Festival Nacional de Gastronomia enveredou por outros caminhos. Segundo os seus responsáveis internacionalizou-se. É uma estratégia desastrosa vista na perspectiva da divulgação do que é nosso. Quem o organiza não está ao serviço da gastronomia tradicional da região. É um acontecimento que tanto pode ocorrer em Santarém como em Faro ou Valença do Minho. Não serve a nossa gastronomia. Não serve a nossa cultura. Serve os estômagos de umas centenas de convidados. A maior parte das vezes prejudica os restaurantes locais. Quando o viajante chega às nossas cidades e vilas procura o que é genuíno. O que não tem nos locais de onde vem. Paisagens, monumentos, museus, artesanato, gastronomia. Os empresários da restauração não podem limitar-se a pagar impostos e a receber visitas da ASAE. Os que dão atenção aos produtos locais e ao património gastronómico, correndo riscos, têm que ser reconhecidos como verdadeiros agentes culturais. Têm que ser vistos como parceiros a esse nível.
Sabe tão bem a nossa comida e faz-se tão pouco pela sua divulgação

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