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Monsanto em festa na festa da Taça de Portugal

Monsanto em festa na festa da Taça de Portugal

Nem a goleada sofrida frente ao Benfica arrefeceu os ânimos da população

Os preparativos para a festa começaram alguns dias antes, quando no sorteio da terceira eliminatória da Taça de Portugal em futebol de onze lhe calhou jogar com o Sport Lisboa e Benfica. Foi como se saísse a sorte grande aos dirigentes e a taluda aos adeptos e a toda a população da pequena aldeia de Monsanto, no concelho de Alcanena.

Sábado dia 17 de Outubro fica marcado na história do Grupo Desportivo e Recreativo de Monsanto e também da aldeia que lhe dá o nome, porque como dizia o vice-presidente do clube, Orlando Filipe “até que enfim que nos calhou o Benfica. Há tantos anos que sonhávamos com isto. E por acaso veio na melhor altura, porque o clube da Luz traz muita gente a acompanhá-lo. Toda a gente da nossa terra está satisfeita e o Monsanto vai ter uma boa receita”.No dia do jogo a aldeia acordou cedo para começar a festa. Dois porcos e um javali foram colocados a assar para servir à descrição. Toda a gente colaborou e depois de um almoço bem regado, foi o corre, corre para os carros e outros meios de transporte para chegar a Torres Novas, onde o jogo se realizou, para encontrar o melhor lugar para assistir ao jogo histórico.Foi uma verdadeira festa da Taça de Portugal. Nem o facto do jogo ser transmitido em directo pela televisão, e a pequena aldeia não ter mais de um milhar de habitantes, obstou a que o Estádio Dr. Alves Vieira, em Torres Novas se enchesse quase por completo. Cerca de 10 mil pessoas, numa grande onda vermelha, vibraram com a presença do Benfica.Em Monsanto só ficaram as pessoas que não se podiam deslocar por problemas de saúde, todas as outras arranjaram maneira de ir até Torres Novas. A aldeia ficou deserta, foi mesmo pedido, pelos responsáveis dos órgãos autárquicos do concelho e da freguesia, à Guarda Nacional Republicana para aumentar a sua fiscalização na aldeia. E tudo correu pelo melhor.No estádio durante o jogo, até foi bonito ver as duas claques em franco diálogo. A grande mancha vermelha agitava-se e dava vivas ao Benfica. Mas calava-se em silêncio para deixar a pequena claque do Monsanto fazer-se ouvir, depois aplaudiam-se mutuamente. Até parecia que não estávamos num jogo de futebol a sério em Portugal.Nem mesmo a goleada 6-0 sofrida pelo Monsanto tirou a felicidade do rosto das pessoas da aldeia, muitas delas até são adeptos do Benfica, e receber tão glorioso clube em jogo oficial não acontece todos os dias e daqui por alguns anos, serão muitos a dizer eu também ali estive, quando olharem para as fotografias que tiraram naquele dia 17 de Outubro de 2009.Vítor Alves orgulhoso com o seu grupo de trabalho Na conferência de imprensa no final do jogo, o treinador do Monsanto, Vítor Alves, surgiu satisfeito, resignado com a derrota, mas não com a goleada sofrida. “Sabia que, não era muito possível vencer, mas não esperava um resultado tão pesado. Se o jogo tivesse menos seis minutos perdíamos apenas por três a zero, o que seria motivo de orgulho”, referiu o técnico do Monsanto, elogiando a qualidade actual do Benfica.“O Benfica é muito forte em todos os aspectos, mas é fortíssimo nos lances de bola parada, tinha avisado os meus jogadores para isso, mas foi assim que sofremos três golos na fase final do encontro, os meus jogadores já não podiam mais”, lamentou Vítor Alves.Mas o técnico quis deixar uma palavra de estímulo para o seu plantel e para as gentes de Monsanto. “Os jogadores estão de parabéns, deixámos as pessoas de Monsanto orgulhosas e conseguimos mexer com os adeptos do futebol da região. Todos nós só podemos estar satisfeitos”, disse.Presente na sala esteve também o técnico do Benfica, Jorge Jesus, que considerou a festa bonita, e garantiu que gostou da postura da equipa do Monsanto. “Foi uma equipa honesta que ajudou ao espectáculo, não colocou o autocarro à frente da baliza, está por isso de parabéns”. Benfica prometeu avaliar a possibilidade de ceder a sua parte da receita ao MonsantoDurante a festa a satisfação dos dirigentes do Monsanto era bem visível, e ainda se acentuou mais no final do jogo, quando os dirigentes do Benfica presentes se comprometeram a apresentar uma proposta ao conselho de administração para cederem a sua parte da receita ao adversário. “Será uma grande ajuda, numa altura em que estamos a trabalhar para dar condições ao nosso campo para ali podermos disputar os jogos do campeonato referiu Orlando Filipe.Contudo, mesmo que este dinheiro extra não entre nos seus cofres, o Monsanto já ficou a ganhar com esta visita do Benfica. As bolas utilizadas no encontro já não voltaram para o Estádio da Luz, e ficou feita a promessa que a recuperação de um atleta dos ribatejanos será feita no departamento clínico dos encarnados.O Monsanto resistiu até à meia hora, mas o Benfica não brincou em serviçoO dia era de festa, mas o Benfica não veio ao Ribatejo para brincar em serviço e os seus jogadores trataram de começar cedo a pressionar os monsantenses e a realidade tornou-se mais actual do que a realização da festa.O treinador do Monsanto, Vítor Alves, sabia bem do poderio do Benfica, sabia que não lutava com armas iguais, mas isso não foi motivo para que não montasse a sua equipa de forma aberta e com vontade de disputar o jogo pelo jogo. Foi uma atitude honesta do técnico que teve eco na generosidade com que os jogadores do Monsanto se bateram.A equipa resistiu até à meia hora às investidas dos benfiquistas. Nessa altura o brasileiro Filipe Menezes resolveu fazer das suas, com uma arrancada rapidíssima, flectiu da direita para o centro do terreno, passou três adversários e na altura certa rematou forte, não dando qualquer possibilidade de defesa ao guarda-redes René. Estava feito o mais difícil, mas o Monsanto ainda resistiu até ao intervalo, não sofrendo mais golos.Mas na segunda parte o castelo acabou por ruir. Logo aos 47 minutos Carlos Martins aproveitou bem um mau alívio do guarda-redes do Monsanto e fez o segundo golo. Aos 59 minutos o mesmo jogador fez o três a zero. Depois entrou-se numa toada mais calma e o jogo arrastou-se um pouco.Até deu para se assistir a uma cena caricata. Um repórter da televisão viu aquilo em que ninguém ainda tinha reparado. Havia dois David Luiz em campo, dois números 23 no Benfica, por acaso chamou a atenção do árbitro assistente, que por sua vez chamou o árbitro que mostrou o cartão amarelo a Filipe Menezes e o fez sair do terreno de jogo para ir trocar de camisola, o que tinha feito erradamente ao intervalo.Depois só já na parte final do jogo, nos últimos sete minutos, quando as pernas dos jogadores do Monsanto já não davam mais é que o Benfica dilatou o marcador. Saviola marcou o quarto golo aos 84 minutos, César Peixoto marcou o quinto aos 89 minutos e Fábio Coentrão o sexto aos 90+1 minutos.Mais do que o resultado, para a história ficou o prazer do pequeno clube de Monsanto receber os burgueses do Benfica, e os seus jogadores de jogarem para uma plateia de largos milhares de pessoas. Precisamente para essa história ficam os nomes dos jogadores do Monsanto que participaram na festa: René, Dani, Ito, Filipe, João Martins, Carlitos, Ruas, Bá, Bruno Matos, Guti, Jamerson, Nuno Martins, Bruno, Júlio, Marçal, Figa, Alex I e Alex II.
Monsanto em festa na festa da Taça de Portugal

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