uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Pais, treinadores e dirigentes são os primeiros a quebrar o Fair-Play

Pais, treinadores e dirigentes são os primeiros a quebrar o Fair-Play

Colóquio em Alverca debate questões em torno da formação de jovens atletas

Os estudos de investigação feitos em Portugal demonstram que a prática desportiva está longe de constituir um factor formativo e educativo. Agentes desportivos preocupam-se mais com os resultados e menos com o lado humano.

Pais, treinadores e dirigentes defendem publicamente que no desporto deve haver sempre Fair-Play mas são os primeiros a quebrá-lo. Os três agentes de socialização, responsáveis pelo meio envolvente em que as competições desportivas se desenrolam, também não sabem lidar com a derrota.Os resultados dos estudos de investigação, levados a cabo no nosso país, demonstram ainda que a prática desportiva dos jovens está longe de constituir um factor formativo e educativo.As conclusões foram apresentadas pelo presidente do Movimento Europeu de Fair-Play (MEFP), durante um colóquio realizado segunda-feira no auditório do Fórum da Chasa em Alverca do Ribatejo, que também contou com a presença do treinador de futebol de Daúto Faquirá. Subordinada ao tema “Aprender Liderança” – Fair-Play – Desporto – Comunicação, a iniciativa assinalou o arranque do programa “Xira 2010” – Encontros Desportivos Concelhios, que este ano comemora o seu vigésimo aniversário.Perante uma plateia de jovens e pessoas ligadas ao fenómeno desportivo Carlos Gonçalves foi muito crítico para com pais, treinadores e dirigentes. “Nenhum deles tem dentro de si uma preocupação em relação à importância que o desporto pode ter na aquisição de valores e princípios que se prolongam pela vida fora”, disse o presidente do MEFP.O responsável vai mais longe e adianta que as três entidades preocupam-se mais com os resultados desportivos do que com a formação humana dos jovens. Acrescenta ainda que, pais, treinadores e dirigentes não sabem lidar com a derrota e são os primeiros a quebrar o Fair-Play, dando dessa forma um mau exemplo aos mais jovens.Carlos Gonçalves aponta um caminho. “Não se deve procurar no desporto de alta competição os modelos que possam ser seguidos no desporto para jovens”, adverte o responsável, que defende ainda um programa adequado e contínuo de formação para os treinadores dos escalões mais jovens, que se deve prolongar por toda a vida.Tiago Silva é treinador dos iniciados do Futebol Clube de Alverca. No seu entender, o facto de não se saber lidar com a derrota é um reflexo da cultura portuguesa. “Quer-se ganhar a todo o custo e quando se perde há sempre desculpas. Ou porque o árbitro roubou ou porque a outra equipa não jogou limpo. Às vezes é preciso olhar para os nossos erros e dar os parabéns ao adversário”, defende o jovem técnico.Para Ricardo Neto, 26 anos, treinador da academia de futsal, jovens talentos Sport Alenquer e Benfica, a maior dificuldade é a de saber lidar com os pais. “Criam expectativas altas nos miúdos, tenham ou não valor. Depois são asconstante intromissões no trabalho do treinador”, salienta.Para o jovem, que lida com crianças dos cinco aos dez anos, devia ser mais importante o seu processo de formação e educação enquanto seres humanos e não tanto como atletas.
Pais, treinadores e dirigentes são os primeiros a quebrar o Fair-Play

Mais Notícias

    A carregar...