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Os segredos de quem prepara uma pizza

Os segredos de quem prepara uma pizza

Adriano Santos confirma que o grande segredo está na massa

Antes de ir para o forno, cada pizza tem todo um processo artesanal de criação. Adriano Santos guarda na mente os segredos de uma iguaria que veio da Itália para as mesas portuguesas.

O nome da profissão é de difícil tradução. Ser pizaiolo, ou seja, um cozinheiro que prepara pizzas, é um ofício que nasceu na Itália, mas expandiu-se a todo o mundo. No caso de Adriano Santos, 57 anos, de Vialonga, que entrou no universo das pizzas em 1996, depois de vários anos como cozinheiro generalista, a arte de preparar e trabalhar a massa é eleita como o “segredo” de quem faz crescer a água na boca dos consumidores da especialidade italiana. A jornada de quem prepara pizzas arranca logo pelas sete da manhã, com a mistura dos ingredientes e o amassar do preparado numa máquina misturadora. A proporção de farinhas e água é uma das pedras de toque. “Só eu e a minha esposa sabemos as quantidades. Parti de uma receita que aprendi na Suíça, com um colega, mas melhorei-a para ficar ao gosto português. A massa deles é mais rija. Melhorei-a para ficar mais macia e permitir, por exemplo, que possa ser aquecida no micro-ondas no dia seguinte sem perder qualidades”, revela. Depois, o trabalho passar por dividir a massa a levedar, dividi-la em esfera e deixá-las descansar. A cada solicitação, o profissional estende a esfera de massa, e torna-a numa superfície fina, onde irá colocar os ingredientes. Adriano Santos garante que o processo demora, “no máximo, cinco minutos, e em dez, máximo 15, a pizza está na mão ou no prato de quem a irá saborear”.Sobre a massa, quem mais ordena são as receitas, criadas por iniciativa própria ou inspiradas na tradição. Os ingredientes, que gosta de colocar “em quantidade”, podem ser queijos variados, chouriço, fiambre, presunto, alho em pó ou fruta, entre outros. Ao repertório de pizzas com que iniciou a sua actividade, Adriano Santos foi acrescentando novas, pelas sugestões que lhe foram chegando.“Uma vez, pediram-me uma quatro queijos e eu adaptei ao meu gosto. Noutra, falaram-me em combinar frango, passas, natas, entre outros ingredientes numa pizza “havaiana”. Eu não gostei muito, mas dei a aprovar a outras pessoas, que a apreciaram. Então, passei a fazê-la também”. Os ingredientes novos vão também enchendo as prateleiras da pizzaria que dirige. “Já me pediram até uma pizza com um queijo brasileiro que não tinha, mas passei a conhecer, o catupiry”, conta. Se para muitos portugueses a pizza ainda é um alimento dirigido aos mais jovens, a experiência de Adriano Santos desmente o preconceito. “Ao fim de três meses a trabalhar em Vialonga tive de comprar um novo forno, porque os menos jovens, alguns com quase 80 anos, também gostam de comer pizza. Alguns não a olham como refeição, mas sim um lanche. A verdade é que a maioria tem vindo a adoptá-la como base de uma refeição”.Ao fim de 13 anos na área em que trabalha, Adriano Santos recorda o percurso que o trouxe de novo a Portugal. Depois de emigrar e ser caçaroleiro, que é como quem diz, trabalhar a lavar loiça, o pizzaiolo distinguiu-se aos olhos do chefe de cozinha do restaurante onde trabalhava pelo seu gosto pela culinária. Anos depois, as saudades bateram à porta, e o chamamento de Portugal falou mais alto. O projecto de criar um negócio próprio surgiu e a partir daí deu-se a aprendizagem na confecção de pizzas e frangos para churrasco. Já em Portugal, começou uma experiência com um sócio, na freguesia de Póvoa de Santa Iria, perto de Vialonga, mas não a levou até ao fim. Daí até passar à freguesia vizinha e abraçar uma carreira profissional autónoma, foi um passo. Adriano Santos tornou-se também empresário, função que passou a acumular com as que já desempenhava. E empregador, primeiro com um e depois com sete funcionários. Mas nunca deixou as pizzas. “Enquanto puder preparar as pizzas, serei sempre eu a fazê-lo. Numa altura em que tive de ser operado, estive ausente uns dias e houve quem notasse logo a diferença no que produzíamos”, conta. A única solução, admite, será no futuro, ensinar a quem lhe possa suceder. “Quanto tempo demora? Isso depende muito da visão que tenha para dosear os ingredientes, do gosto pela cozinha e da capacidade de aprender e se esforçar”. “Sobre a massa, quem mais ordena são as receitas, criadas por iniciativa própria ou inspiradas na tradição. Os ingredientes, que gosta de colocar em quantidade, podem ser queijos variados, chouriço, fiambre, presunto, alho em pó ou fruta, entre outros”
Os segredos de quem prepara uma pizza

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