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Um espaço para guardar o espólio do Museu Nacional Ferroviário

Um espaço para guardar o espólio do Museu Nacional Ferroviário

Por mais que se diga e queira, um museu do caminho-de-ferro tem que ter vida, comboios a mexer daqueles com sabor a fumo e a história. E nada disso ou disto foi ainda feito no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento.Construiu-se uma rotunda de locomotivas sem unidade museológica no que se refere ao seu discurso museográfico, não conta história nenhuma, não abriga convenientemente os veículos ferroviários violando desta forma normas básicas de conservação e restauro. Era preciso abrir qualquer coisa e a qualquer preço fosse de que modo fosse, eis o que sucedeu. E naquele mausoléu de comboios não há uma única peça que mexa, trabalhe, faça barulho, apite ou deite fumo.Como se isso não bastasse, o Entroncamento que perdeu a causa do museu polinucleado projecto que visava criar uma verdadeira rede de núcleos museológicos e respectivos depósitos de apoio, parece cada vez mais acomodada à ideia que o museu está feito com um dado acrescido muito preocupante. A sua importante reserva museológica constituída por exemplares únicos e valiosos só aqui existentes, uma das melhores da Europa, correm de novo o risco de uma incompreensível delapidação por não se chegar a acordo no que se refere à sua preservação.Aquando do exercício do cargo de presidente deste museu, foi uma preocupação sempre presente, constituir e definir uma rede de espaços de apoio ao MNF, obviamente disseminados pelo território nacional ferroviário, aproveitando infra-estruturas existentes para preservar e porque não mostrar e exibir o acervo que aí se encontrasse resguardado como convém lembrar, e a título de exemplo, Vendas Novas, Vª Real de Stº. António, Elvas, Nine, Régua, Pocinho, para além de outros locais possíveis a funcionar como antenas do próprio MNF.Diz-se à boca cheia pelo Entroncamento que a reserva museológica ali existente bem como importantes peças depositadas noutros locais correm sérios riscos de sobrevivência.Estamos de novo perante um estranho fenómeno do Entroncamento. Numa terra que se diz de comboios, onde não faltam quintinhas, linhas e espaços ferroviários, ainda não se ter chegado a acordo para definir um espaço definitivo que albergue nas devidas condições, o espólio em causa. E já agora, porque não vem nenhum mal ao mundo por isso, que essa reserva fosse visitável como sucede em muitos museus congéneres.Ao Dr. Jorge Custódio, indefectível museólogo e defensor de causas, deixo este desafio não sem contar com o apoio de muitos outros que sentem também estas causas como suas e estão sempre solícitos para dar uma ajuda, sabendo que a preservação do comboio presidencial, um projecto que parece ter pernas para andar, pode ser o corolário do relançamento de um museu ferroviário com essência.António Pinto Pires Professor e Museólogo(Ex-presidente da Comissão Instaladora do Museu Nacional Ferroviário)
Um espaço para guardar o espólio do Museu Nacional Ferroviário

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