Lá vem o homem das pipocas. No saco grande, transparente, leva também amendoins e batatas fritas. Não é uma sala de cinema. A movimentação acontece nas bancadas da Praça de Toiros de Azambuja. É domingo, 25 de Outubro. Lá dentro, na arena, dois candidatos a matadores de toiros, alunos da Escola de Toureio de Azambuja, tentam conquistar a admiração do público. Lá em cima, passadas as barreiras, Nuno Pires é a estrela da festa. Num tabuleiro leva ainda cervejas, águas e sumos. Tem 30 anos e é carpinteiro da construção civil. Gosta de corridas de toiros, mas não é particularmente aficionado. Percorre durante a temporada as praças de toiros da região a distribuir bebidas e pipocas para ganhar um dinheiro extra. Os dois filhos pequenos, uma menina de cinco e um rapaz de quatro anos, agradecem. “É para que tenham o que eu não tive”, justifica-se o homem que reside na amadora e pela primeira vez vem conhecer a praça de Azambuja. A monumental de Santarém é uma das suas preferidas. É a que rende mais dinheiro em dia de corrida. Nuno Pires só pode parar dois minutos em conversa. Espanta-se por ter sido o escolhido para a fotografia. “Com tanta gente bonita”, recomenda. Depois volta à rotina de tabuleiro e saco, em tons de quente laranja. É preciso circular, circular, circular. Sem perder de vista o redondel. Espiral que cruza nas tarde de sol e sombra. Ana Santiago