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Paixão por cavalos redundou em profissão

Paixão por cavalos redundou em profissão

Ricardo Agrícola é médico veterinário e gere uma empresa sedeada no Cartaxo

O clínico encara o seu trabalho como uma paixão que vem desde miúdo quando, com seis anos, começou a montar e a desbastar cavalos. Deixou de montar quando começou a exercer a profissão por gostar de separar as águas e nunca pensou trabalhar com outros animais.Ricardo Carreira

Nascido em Alter do Chão, Ricardo Agrícola, 35 anos, deixou-se levar pelo mundo que o rodeava em terras alentejanas. Em 1997 formou-se em medicina veterinária e efectuou estágio profissional no Serviço Nacional Coudélico, que integra a Coudelaria Nacional, sedeada naquela localidade. Passou outros seis meses de estágio na Bélgica no hospital de Gent.Trabalhou durante dez anos na Coudelaria Nacional, sempre ligado à reprodução de equinos. Actualmente vive no Vale de Santarém e gere uma empresa sedeada no Cartaxo, a De Tagushoeve (em holandês Margens do Tejo), uma homenagem aos médicos holandeses com quem trabalhou e trabalha regularmente a ministrar formação na área da ortopedia e medicina. Ricardo Agrícola é um veterinário de clínica geral mas só se dedica a cavalos. Faz vacinação dos animais, exames de radiologia, ecografias e ortopedia, passando pela endoscopia e endoscopia gástrica, sem esquecer o essencial da actividade – apoiar tecnicamente a reprodução de equinos e “garantir” que os criadores de cavalos que contratam a sua empresa tenham à disposição os melhores exemplares.A época reprodutiva dos cavalos situa-se mais ou menos entre Janeiro e meados de Agosto e é nesse período que Ricardo Agrícola desenvolve grande parte do seu trabalho. Uma espécie de medicina de ambulatório, deslocando-se de quinta em quinta, com o apoio de dois outros médicos, Miguel Santos de Carvalho e Rita Pereira dos Santos. No trabalho com garanhões o objectivo é claro: garantir que da reprodução possam sair animais de qualidade para os criadores poderem fazer com eles bons negócios. Seja para as competições desportivas de equitação, corridas de cavalos ou hipismo, para reprodução ou para o mundo tauromáquico. Nesse campo tem tratado de montadas de conhecidos cavaleiros como Rui Salvador, António Maria Brito Paes, José Manuel Cerejo e João Ribeiro Telles Júnior. Ricardo Agrícola costuma fazer recolhas de sémen com uma equipa de três pessoas. O produto é enviado para laboratório ou analisado por si para verificação das características e qualidade. As recolhas podem ser feitas com ajuda de uma égua ou do chamado manequim, com uma vagina artificial. O garanhão só tem de se colocar em posição e ejacular. Uma tarefa que requer a colaboração do animal e que nem sempre é fácil. “Na Feira da Golegã já aconteceu apanhar um animal com cólicas e vir um cheiro intenso a água-pé. Tinha sido o dono e ele que estiveram a beber”, recorda com um sorriso Ricardo Agrícola. “Também há aquela questão de, por muito que uma pessoa lave as mãos após esse serviço, nunca nos cumprimentarem com grande à vontade”, diz o veterinário com um sorriso. O sémen, que pode levar aditivos caso seja considerado de menor qualidade, é aplicado na égua através de inseminação artificial. “Mais ou menos 15 dias depois da ovulação verifica-se se a égua está ou não gestante e acompanha-se todo esse período, que pode levar 345 ou 355 dias em regra”, explica.O médico veterinário encara o seu trabalho como uma paixão que vem desde miúdo quando, com seis anos, começou a montar e a desbastar cavalos. Deixou de montar quando começou a exercer a profissão por gostar de separar as águas e nunca pensou trabalhar com outros animais. “Nesses casos o problema são as pessoas”, conclui. A dedicação aos cavalos é tanta que só teve férias ao fim de sete anos de serviço na Coudelaria Nacional a conselho do seu superior. Acabou a passar férias na Holanda junto de cavalos.A par do trabalho com os criadores, Ricardo Agrícola é um dos médicos veterinários das três equipas que costumam estar de serviço durante a Feira do Cavalo da Golegã. Perfurações, cortes, exaustão que gera stress do animal são os casos mais frequentes que atende durante a feira. Um certame que se consolidou e que considera ser uma afirmação da criação portuguesa de equinos. As conversas sobre o dia de trabalho e os problemas acertam-se às tantas da manhã, de copo na mão, após mais uma noite agitada de trabalho.O mundo da criação e reprodução de cavalos está cada vez mais profissional e é uma indústria à qual há que responder. A sua empresa editou mesmo um catálogo com referência de 84 anos garanhões, as suas fotografias e indicadores, desde a raça às características físicas. E para se ter uma ideia, a utilização de um garanhão para cobrição pode custar ao criador interessado dois mil euros. “Só acho um «crime» que alguém tenha um cavalo e o deixe andar solto uma hora por dia, quando se sabe que o cavalo é um atleta que precisa de espaço e movimento”, refere Ricardo Agrícola.“A dedicação aos cavalos é tanta que só teve férias ao fim de sete anos de serviço na Coudelaria Nacional a conselho do seu superior. Acabou a passar férias na Holanda junto de cavalos”
Paixão por cavalos redundou em profissão

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