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Depois da consoada vai-se de porta em porta ao ritmo do batuque

Depois da consoada vai-se de porta em porta ao ritmo do batuque

Na ilha de Santiago em Cabo-Verde almoça-se bacalhau e janta-se carne no Natal

Uma das festas mais animadas e alegres do ano que dura horas e horas ao som das músicas tradicionais do país.Jorge Afonso da Silva

“Tempero a carne de cabra e ponho ao lume para refogar. Quando está quase cozida junto água, tiro um pouco do caldo para uma tigela e ponho farinha de milho. Depois de amassar faço rolos e coloco na sopa. Não se desfaz e fica tipo uma batata macia”. A receita é de um dos pratos cozinhados no Natal em Cabo-Verde. A receita é de Júlia Correia, 56 anos, que há 9 deixou a Ilha de Santiago e imigrou para Portugal.A residente no Bairro da Icesa, freguesia de Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira revela que o Natal é uma das festas mais importantes vividas no seu país. É a altura do ano em que a família aproveita para se juntar e passar uns momentos de confraternização e alegria.Enquanto a família não chega avizinha-se um dia cheio de trabalho à volta das panelas. Primeiro há que fazer o almoço para as pessoas da casa. Por norma é bacalhau cozido com batatas e couves. “Para quem não gosta faz-se congro, cachupa ou feijão pedra – depois de cozido põe-se repolho ou couve. Junta-se carne já refogada, deixa-se ferver e acrescenta-se batata, chouriço, orelha, chispe. O que se quiser”, explica Júlia Correia.Durante a tarde vai chegando o resto da família mas o jantar já está bem adiantado. “Cozinha-se carne de cabra, vaca, massa de milho e mandioca. Para sobremesa confeccionam-se muitos doces caseiros e de fruta como coco e papaia. Para beber compram-se sumos e quando é possível vinho, já que é muito caro”, confessa a cabo-verdiana.A celebração religiosa do Natal começa à meia-noite de 24 de Dezembro com a Missa do Galo. O objectivo é celebrar o nascimento de Jesus Cristo, que a Igreja Católica atribui a este dia. É nas ilhas mais religiosas, como Santiago, que se regista maior adesão ao aspecto religioso desta quadra. Os fiéis deslocam-se à Igreja para a cerimónia, voltando em seguida para casa onde comem a ceia e abrem os presentes. A designação de Missa do Galo deve-se à lenda que afirma que um galo cantou a essa hora para anunciar o nascimento de Jesus Cristo, o Menino Jesus.“Na noite de consoada ninguém dorme. Só as crianças. É festa até de manhã com a família e os amigos e que se prolonga ao longo do dia 25. Vamos de casa em casa para conversamos e convivermos. Ao som do batuque, que é tradição na nossa terra, dançamos e cantamos”, conta Júlia Correia que, na despedida do jornalista, ainda o presenteou com uma pequena demonstração do vigor com que toca o batuque, batendo na tradicional almofada cheia com esponja ou trapos e revestida de napa, em conjunto com uma das três filhas que estão consigo, para espanto de um dos seus netos.Júlia Correia considera o Natal português muito diferente do de Cabo-Verde. Sente muitas saudades do seu país – onde tem duas filhas – e no seu entender o Natal na sua terra é “mais alegre e festivo”.
Depois da consoada vai-se de porta em porta ao ritmo do batuque

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