uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
O presidente da Câmara de Benavente é de origens humildes e brincava com as prendas dos amigos

O presidente da Câmara de Benavente é de origens humildes e brincava com as prendas dos amigos

Imprescindível no Natal de António José Ganhão é a presença do neto que mora no Algarve

Em termos de compras natalícias o autarca confessa-se um típico português. Guarda tudo para a última hora.Patrícia Cunha Lopes

Natal é a festa da família. É assim que o Presidente da Câmara de Benavente define esta quadra. Neste dia, tenta compensar os que lhe são mais próximos dos horários exigentes que tem na Câmara. “É uma altura em que tentamos corrigir as deficiências que notamos durante o ano, na nossa vida, como a absorção excessiva ao trabalho. Neste dia entendemos que há que dar um pouco mais àqueles que estão mais próximos de nós”, diz. Por isso mesmo, António José Ganhão aproveita o Natal para estar com a mulher, os irmãos, filhos e o único neto, que mora no Algarve. “Procuro estar sempre com ele no Natal e viver a alegria de uma criança que precisa deste mundo de magia e de fantasia que criámos e que eu não tive”, explica.Nascido numa família com privações económicas, muito cedo deixou de acreditar no Pai Natal. “Havia amigos meus que tinham prendas e eu brincava com as prendas deles, porque nós não tínhamos. Havia por isso um Pai Natal que visitava uns e não visitava outros. Muito cedo entendi que era porque os meus pais trabalhavam duro no campo e apenas durante períodos sazonais. Por isso para mim foi fácil desmistificar o Pai Natal”, confessa.António Ganhão explica que a vida era bastante difícil nessa época mas que apesar de não haver prendas, havia sempre uns doces para as crianças. “Éramos todos muito pobres neste país, e os doces eram a prenda que todos nós recebíamos. Era junto ao alguidar onde se faziam os velhoses, que as crianças aguardavam o momento da fritura para os poderem provar antes de irem para a cama. As maiores prendas eram esses miminhos que tínhamos”, conta.Hoje em dia, na noite da Consoada, junta a família em Benavente, num jantar que confessa ser simples mas muito tradicional. À mesa está sempre o bacalhau, seguido das filhoses e outros doces. Faz questão de ter sempre na sala a árvore de Natal, que nos dias que correm é artificial, mas que em tempos já foi um verdadeiro pinheiro de Natal. “Quando os meus filhos eram pequenos eu procurava ir à charneca, arranjar um pinheirinho. Fazia a árvore de Natal com eles e enchia-a de pequenas decorações. Era um ritual. Depois de eles terem crescido, passei a ter aquelas árvores de Natal que se compram nos supermercados, artificiais. Também a decoro, mas é muito mais no sentido de acolher os filhos ou o neto quando vêm cá a casa, para poderem ter o ambiente e o espírito de Natal”, sublinha.As compras natalícias, confessa que são feitas sempre à última da hora. “Sou o típico português. A vida não me dá muito tempo nem muita oportunidade para fazer compras. Mas faço uma lista na minha cabeça e nos últimos dois ou três dias consigo dar resposta àquilo que é a necessidade de demonstrar amizade pelos mais próximos”, diz satisfeito.O espírito de Natal também é mantido na Câmara de Benavente. “Dia 18 realiza-se um almoço de Natal, onde oferecemos uma lembrança a todos os trabalhadores e um brinquedo às crianças com menos de 12 anos. Segue-se depois uma tarde de convívio para os mais velhos e momentos de diversão para as crianças.“O meu melhor presente foi uma bola de borracha”O Natal mais especial para António José Ganhão foi quando recebeu a sua primeira prenda. Era criança ainda e como os pais não tinham posses, não estava habituado a receber presentes na noite de Consoada. “Foi uma grande surpresa. Um tio meu, que mais tarde me iria ajudar muito ao longo da vida, apareceu no Natal e ofereceu-me uma bola de borracha. Era o meu maior sonho de criança”, diz, com um brilho no olhar. A bola de borracha ficou sempre na memória como a prenda mais significativa, mas também associada ao assumir das responsabilidades. “Tive muito azar! Ao segundo dia de andar a jogar à bola, parti um vidro da vizinha e com isso arranjei um sarilho muito grande. Nessa altura quando fazíamos asneira não fugíamos. Tínhamos de assumir a responsabilidade e repor o vidro partido. Por isso tive de enfrentar essa situação perante a minha mãe, que tinha poucas posses para pagar o vidro”, confessa.
O presidente da Câmara de Benavente é de origens humildes e brincava com as prendas dos amigos

Mais Notícias

    A carregar...