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As inundações do Entroncamento são um tormento para o casal Azevedo

As inundações do Entroncamento são um tormento para o casal Azevedo

O problema tem origem na ribeira de Santa Catarina que corre debaixo de uma placa de cimento
Maria Helena Azevedo e o marido, Manuel Azevedo, compraram uma casa no Entroncamento em 1974, na rua Vasco da Gama nº 8, perto da câmara municipal. Ao fim de nove anos, em Novembro de 1983, a casa sofreu uma inundação. Foi a primeira de sete. Na Quinta-feira, dia 10, extremamente nervosa, a proprietária foi à reunião do executivo municipal, dizer que vai viajar para a Alemanha onde o seu filho reside e que não vai tranquila porque, 26 anos depois, o problema que origina as inundações não está resolvido e ela não sabe o que poderá acontecer durante a sua ausência.Há um curso de água, denominado Ribeira de Santa Catarina, que atravessa a cidade. Está tapado com um placa de cimento há várias décadas e é para lá que correm os esgotos pluviais bem como alguns esgotos domésticos ligados ao mesmo ilegalmente há muitos anos e que assim permanecem. Com o aumento da cidade a Ribeira de Santa Catarina não suporta o caudal que se forma em dias de maior pluviosidade e inunda determinadas zonas urbanas. Uma das ruas afectadas é a Vasco da Gama. “A primeira inundação foi em Novembro de 1983. A segunda em Dezembro de 1989. O meu marido tem todas as datas apontadas. Janeiro de 1996, Novembro de 1997, Fevereiro de 1998, Março do mesmo ano, Outubro de 2006 e Novembro do mesmo ano. Exactamente no dia 24, aniversário do concelho. Era feriado na cidade e nós com a casa cheia de água com a porcaria toda dos esgotos. Era um cheiro insuportável”, contou Maria Helena Azevedo, de pé, na sala de sessões do município. A senhora relatou que já foi obrigada a mudar o pavimento do rés-do-chão e a fazer um seguro do recheio porque os prejuízos são elevados, para além de ter os electrodomésticos em cima de plataformas elevadas para não serem atingidos pela água. “Peço desculpa pelo meu nervosismo mas são 26 anos de reclamações. Eu não quero favores. Apenas aquilo a que qualquer munícipe tem direito”.Numa entrevista dada a O MIRANTE, publicada em 28 de Fevereiro de 1996, o então presidente da câmara do Entroncamento, José Pereira da Cunha (PS), afirmava que a autarquia ia resolver, nesse ano, o problema das inundações que ocorriam em algumas zonas da cidade. “Estamos a construir um ramal”, dizia o autarca, para desviar setenta por cento do caudal da ribeira de Santa Catarina para a Ribeira do Bonito. Não era verdade. O ramal não estava a ser feito nem viria a ser feito. Mais uma de muitas promessas não cumpridas. “Estamos fartos de promessas”, declarou a munícipe na quinta-feira passada. Maria Helena Azevedo disse que nem sequer as sarjetas estão limpas e chamou “novela” ao desvio de águas da Ribeira de Santa Catarina. “O actual presidente (Jaime Ramos (PSD) veio falar num by-pass na rua Costa Machado, como se fosse uma inovação”.Presidente da Câmara culpa oposição pelo atrasoQuando ocupou o cargo de Presidente da câmara pela primeira vez, em 2001, Jaime Ramos começou por dar indicações aos serviços para inspecções rigorosas às novas construções, de maneira a impedir a ligação de mais esgotos domésticos à ribeira. Depois iniciou o estudo para a construção de um canal de ligação daquele curso de água a um outro denominado ribeira da Ponte da Pedra que aliviasse o caudal da primeira. Como o município não tinha dinheiro para a obra o autarca pensou fazê-la após a adesão à Empresa Águas do Centro. Os planos saíram-lhe furados porque os partidos da oposição impediram a adesão. Só recentemente a mesma foi concretizada estando a decorrer os estudos, nomeadamente o de impacte ambiental, para a realização da obra que poderá solucionar o problema do casal Azevedo e outros semelhantes.A explicação foi repetida pelo autarca na reunião do executivo. Jaime Ramos disse ainda que as sarjetas não estão limpas (e ainda não se encontravam limpas cinco dias depois) por falta de pessoal. Maria Helena Azevedo não ficou satisfeita com as explicações e interrompeu o autarca várias vezes quando ele falava. Apesar de lhe ser explicado que não poderia continuar a usar da palavra fê-lo o que provocou a irritação de Jaime Ramos que acabou por a responsabilizar indirectamente pelo atraso na adesão à Águas do Centro. A senhora foi mandatária do Bloco de Esquerda, referiu (A reclamante foi mandatária do candidato à Presidência da República, Fernando Rosas). A munícipe acabou por abandonar a sala quando o Presidente tentava terminar a sua explicação.
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