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Natal passado na guerra colonial foi o que mais marcou Sérgio Carrinho

Natal passado na guerra colonial foi o que mais marcou Sérgio Carrinho

Presidente da Câmara de Chamusca diz que para ele o 25 de Dezembro é um dia como outro qualquer

O autarca diz que nunca ofereceu presentes no Natal, mas não rejeita aqueles que lhe dão. Ana Isabel Borrego

“O Natal é um dia como outro qualquer. Não tem um significado especial mas respeito e acabo por assinalar a data porque há pessoas na minha família que cultivam o espírito desta época”. Quem o diz é o presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Sérgio Carrinho, 60 anos.O autarca confessa que existe apenas um Natal que o marcou. Em 1971, quando esteve na guerra colonial, na Guiné, foi destacado para a zona de mato no dia 24 de Dezembro, juntamente com alguns colegas. Nessa noite o grupo estacionou numa zona a cerca de cinco quilómetros do quartel onde estava instalado. A surpresa e emoção foram grandes quando os restantes camaradas, poucos minutos antes da meia-noite, foram ao encontro dos colegas e levaram pequenas lembranças para assinalar aquele Natal em que todos estavam longe das suas famílias. “Esse episódio marcou-me porque aconteceu em condições especiais e mostrou o verdadeiro sentido da palavra solidariedade”, recorda.O Natal do menino Sérgio Carrinho era passado no Pinheiro Grande, freguesia do concelho da Chamusca, em casa com os pais e os quatro irmãos mais novos. Uma noite normal onde a única diferença era os velhozes na mesa e a possibilidade de ficarem acordados até mais tarde. Por vezes, a avó reunia as filhas e os respectivos maridos e filhos e realizava um almoço para todos onde a família aproveitava para conviver.A família Carrinho começou a fazer o seu presépio em casa depois de Sérgio ter entrado para a escola. “Tínhamos uma disciplina onde aprendíamos a construir um presépio. Apesar de não ter grande habilidade para as artes plásticas construí umas figuras para o presépio. As professoras disseram que os meninos tinham que fazer o presépio em casa e foi a partir dessa altura que passamos a fazer presépio em casa”, recorda o autarca enquanto assina papéis apressadamente no seu gabinete.Sérgio Carrinho e os irmãos iam todos os anos buscar musgo e “roubar” um pinheiro numa encosta perto de casa. Depois enfeitavam a árvore com algodão e objectos metálicos para dar um pouco mais de claridade uma vez que naquela altura ainda não existia luz eléctrica. O facto de não ser crente leva a que o autarca não dê importância a esta quadra religiosa. Faz questão de salientar, no entanto, que respeita quem celebra o Natal e em sua casa acaba por existir troca de prendas apesar do presidente não ter por hábito oferecer. “Sou muito desligado dessas questões e nunca ofereci presentes a ninguém, mas não posso recusar presentes que me oferecem”, explica.À semelhança de anos anteriores, Sérgio Carrinho vai passar a Consoada e o dia de Natal em casa com a esposa, os filhos e os sogros. Aproveita estes dias para tentar desligar-se dos afazeres da autarquia. Preparado para ser avô no início do próximo ano, Sérgio Carrinho acredita que o próximo Natal será mais alegre. “É óbvio que uma criança em casa muda muita coisa e não nego que um neto possa trazer outro entusiasmo a uma quadra que particularmente não me diz nada”, refere.Paços do concelho sem enfeites de NatalNo edifício do município não existe nenhum objecto que faça lembrar o Natal. Tanto no exterior como no interior. Nem mesmo a árvore de Natal. O almoço de Natal para funcionários da câmara acabou há alguns anos devido aos problemas financeiros que a autarquia atravessa. “A vida está muito difícil e não podemos andar a gastar dinheiro em coisas que não são obrigatórias”, diz. Mesmo não ligando ao Natal, Sérgio Carrinho partilha com O MIRANTE qual seria o Natal ideal.“Aquele Natal que trouxesse uma vida melhor. Menos desemprego, mais saúde e muito mais solidariedade. As pessoas não deviam lembrar-se dos outros apenas nesta quadra, mas sim mais vezes no ano. Nessa noite quem está sozinho ainda se sente mais sozinho e essas situações é que não deviam acontecer”, refere.
Natal passado na guerra colonial foi o que mais marcou Sérgio Carrinho

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