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Jaime Ramos diz que o único interesse que tem na vida pública é poder defender o concelho do Entroncamento

Jaime Ramos diz que o único interesse que tem na vida pública é poder defender o concelho do Entroncamento

O autarca diz que a solução para o vandalismo é a educação e promete fazer do Bonito o Parque da Cidade

Não gosta de perder tempo com discussões, preferindo centrar-se na acção. Assume por completo a gestão do município do Entroncamento, para o bem e para o mal e não abdica das competências que a lei lhe confere em nenhuma circunstância. É frontal e não foge aos assuntos. Ganha as eleições num município tradicionalmente socialista com maiorias cada vez maiores. A lei impõe-lhe que este seja o seu terceiro e último mandato.

Em alguns loteamentos o município tem optado por outras contrapartidas em vez de áreas e cedência para espaços verdes. Não faz sentido ter espaços verdes nessas zonas? O Parque da cidade é no Bonito. Essa é a nossa opção. Ainda agora houve um Plano de Pormenor aprovado para o Formigão, na zona sul da cidade e lá não é obrigatório termos mais um grande parque. Na zona do supermercado E. Leclerc havia uma zona de cedência junto à A23. Não é local para um parque. Há dias comprámos 91 mil metros quadrados no Bonito, aos herdeiros do sr. Fernando Branco, toda a zona que vem da barragem até à linha de caminho-de-ferro. O parque da cidade, repito, é no Bonito. A câmara está a permitir a entrada de negócios privados nesse parque da cidade. Há um aprovado que é o centro atlético a instalar na zona das piscinas antigas. Se os equipamentos puderem ser municipais, tanto melhor. Se não puderem, que sejam privados. O que queremos é que existam e sirvam a população. Mas também temos, para o Bonito, uma candidatura, em conjunto com outras câmaras, para um centro de monitorização ambiental, por exemplo. Se no parque do Bonito crescerem investimentos privados e equipamentos que só podem ser usados pelos clubes e associações do concelho, que espaço fica para a população que não está integrada nessas organizações?As pessoas vão continuar a ter o seu espaço para actividades de ar livre e outras. A nossa ideia é criar arruamentos e colocar iluminação de qualidade e mobiliário urbano. Vai haver muito espaço. E vamos acabar com os carros no parque. É a primeira coisa.Acabam com aquele acesso à Atalaia e Barquinha que passa no paredão da barragem? Vai haver uma alternativa que passa junto à ponte romana e termina junto à urbanização do Caima. Mas por fora do Bonito. O projecto já está feito. A ponte velha fica para as pessoas e nasce outra para viaturas. Pelo que percebo, com excepção do Bonito, que vai ser o parque da cidade, e dos espaços verdes já existentes, não irão surgir novas áreas verdes. Mesmo na requalificação de algumas praças a opção é por uma certa aridez. É verdade que temos fugido das antigas praças todas verdes e ajardinadas porque isso tem custos de manutenção incalculáveis. O Entroncamento não aguenta. Não conseguimos contratar mão-de-obra especializada e mesmo quando há mão-de-obra especializada é muito cara. Temos utilizado a água, algumas árvores e flores e muitos inertes. O Entroncamento vai perdendo verde por uma questão económica. Ainda por cima sendo uma cidade que já tinha carência de verdes?Não é bem assim. Temos mais de 120 mil metros quadrados de áreas verdes no Entroncamento. É a dimensão de 16 campos de futebol. As pessoas não se apercebem disso. No último ano, por exemplo, no deve e haver em matéria de árvores, o saldo é positivo. Entre as que arrancámos por serem desajustadas para a cidade e as que plantámos temos mais seiscentas árvores. Há quatro anos, no decorrer da campanha eleitoral prometeu requalificar zonas públicas de alguns bairros mas pouco foi ainda feito na recuperação de jardins, polivalentes, etc. Tem sido uma preocupação nossa intervir aí. Infelizmente não podemos fazer tudo ao mesmo tempo. São espaços que nunca foram tratados no passado. Em alguns já coloquei cartazes na campanha deste ano a dizer: “Prometemos e cumprimos”. Em dois, particularmente. Galharda e Coferpor. Outros se seguirão. O Jardim José Pereira Caldas, por exemplo. Estamos a recuperar o coreto. Vamos fazer lá a sede do grupo 84 dos Escuteiros. A presença deles é também uma forma de o espaço ser preservado do vandalismo.Há alguma solução para o vandalismo? A única solução sólida é a educação. Quem pratica os actos de vandalismo?Na maior parte dos casos são jovens nascidos e criados no Entroncamento. As famílias têm que estar atentas. É muito importante. Se um jovem chega a casa com uma mochila com latas de tinta, já se sabe que andou a praticar actos de vandalismo. Há que ensinar, educar, castigar quando é preciso. Incomoda-me esse tipo de vandalismo. Acabamos de colocar as coisas e aparecem destruídas. Na Galharda arrancaram o pavimento todo de um parque infantil que tínhamos arranjado e atiraram-no para a estrada. Na Coferpor rebentaram com a rede nova do polidesportivo. É arranjar e apostar na educação?Sim, a única solução é a educação. Na família, na escola e na sociedade. É por aí o caminho. Educar os jovens e dar-lhes condições para crescerem saudáveis. O que tem sido feito no concelho? A oposição fala da falta de uma biblioteca. O BE insiste numa Casa de Juventude.Temos uma biblioteca que foi recentemente remodelada e que dá resposta às necessidades. Quanto à Casa da Juventude já disse várias vezes que essa não é a opção do PSD. Não podemos fechar os jovens entre quatro paredes. Temos investido noutras coisas. A Escola de Segurança e Educação Rodoviária é um investimento importante. Se aquela escola conseguir evitar uma única morte no futuro, já valeu o investimento dos trezentos e tal mil euros. No Entroncamento nunca houve um jardim-escola feito de raiz. Foram sempre instalados em anexos. A educação não é só equipamentos mas eles são importantes. Fizemos o primeiro jardim-de-infância de raiz. Vamos mandar fazer o segundo. Estamos a criar condições. Os nossos jovens vão ter condições. Uma parte muito significativa do Orçamento do próximo ano é para as escolas e jardins-de-infância.O Entroncamento é uma cidade segura?É uma cidade segura. Eu próprio sinto isso. Saio da câmara muitas vezes de madrugada e nunca tive qualquer problema mas não devemos descurar a segurança. Tenho pena que não exista um policiamento de proximidade. Faz-nos falta. Pessoas que tinham responsabilidades na polícia que eram do Entroncamento não nos ajudaram no passado a concretizar isso. Passamos ao lado desse programa. Há pouco tempo a esquadra passou a ter mais 7 ou 8 efectivos. Isso é muito importante.Como está o processo da nova esquadra? Disponibilizámos o terreno e estamos a aguardar que se concretize. Não posso fazer muito mais porque não é assunto da responsabilidade da câmara. Alguma vez ponderou a possibilidade de criar uma polícia municipal? Só se algum dia forem criadas condições. Se a câmara do Entroncamento vier a ser apoiada nessa matéria, não se furtará a ter polícia municipal. Isso era importante.Os Bairros Sociais, onde vivem muitas famílias de etnia cigana são vistos por alguns cidadãos como focos de insegurança. Os dados concretos confirmam essas preocupações?A situação já foi pior. As pessoas de etnia cigana não fazem mal a ninguém. São de carne e osso como as outras. Mas quando se juntam muitas criam algum aparato. Normalmente são famílias muito numerosas. Temos tido algum cuidado a gerir essa situação e temos feito algumas intervenções para melhorar a vida das pessoas. Tenho falado com algumas pessoas da zona que me dizem que a convivência é diferente. As coisas vão-se fazendo a pouco e pouco.O melhor presidente de câmara é o que consegue mais investimento e mais emprego para o seu concelho?O melhor presidente de câmara é o que consegue perceber melhor os anseios e necessidades dos seus munícipes. Mas os investimentos são importantes.Claro que são mas não é obrigatório serem no concelho. Há tempos esteve na câmara do Entroncamento alguém que queria instalar aqui uma enorme área de armazéns mas precisava de um terreno maior que a nossa área industrial. Pedimos-lhe para se instalar nos concelhos vizinhos. Foi isso que fizeram e ainda bem. Passado algum tempo voltaram aqui à câmara por causa de um outro investimento e disseram-nos que 60 por cento dos seus empregados eram do concelho do Entroncamento. Qual a dimensão do crime ambiental que está a ser cometido pelo facto de a ETAR (Estação de Tratamento de Esgotos) estar em colapso?Incomoda-me imenso. É um assunto demasiado doloroso para mim. Desde o primeiro dia que o quis resolver mas não tinha maioria absoluta e fui impedido. Tive que esperar até poder aderir à Águas do Centro. Mas o problema agora tem os dias contados. Dentro de um mês estará a ter uma intervenção a sério. A Águas do Centro vai fazer uma intervenção para aguentar esta ETAR até a nova ETAR estar concluída. E já está a ser feito o projecto para a nova. O preço da água vai aumentar muito com a adesão à Águas do Centro?O sistema em baixa é todo explorado pela câmara do Entroncamento. Nós é que somos o rosto perante a população. A nós é que os cidadãos pagam a água. No futuro, com os investimentos todos da Águas do Centro é natural um ajustamento. Mas o Instituto Regulador da Água quer pôr preços iguais em todos os municípios. “Não conheço nenhum PDM do distrito de Santarém que tenha sido revisto”O Plano Director Municipal do Entroncamento (PDM) que ainda está em vigor, tem servido para alguma coisa?Quando o PDM do Entroncamento foi aprovado, em 1995, o presidente da câmara que me antecedeu, disse logo que ele não era exequível. O senhor foi eleito em 2001 e o PDM continua a ser o mesmo, o tal que não era exequível. Quais foram as consequências disso?O que foi sendo feito foi de acordo com o PDM mas tivemos alguns problemas que foram sendo resolvidos porque, efectivamente, havia coisas que não era possível cumprir. E havia falhas que também nos criaram problemas. O Entroncamento é um dos raros municípios do país que não tem a REN (Zona de Reserva Ecológica Nacional) registada. Só vamos resolver essa falha no início do ano. As críticas ao atraso na revisão do PDM são justas?Não é desculpa mas não conheço nenhum PDM do distrito de Santarém que tenha sido revisto. E se por acaso algum foi revisto vai ter que ser alterado para se adaptar ao PROT (Programa Regional de Ordenamento do Território) que entrou em vigor. Quando começou a ser revisto o PDM do Entroncamento? Em 2005 decidimos iniciar a revisão. Nessa altura começou a ser publicada tanta legislação e tantas alterações à legislação que estava em vigor que entendemos por bem aguardar mais algum tempo. Se tivéssemos avançado muita coisa estaria agora desactualizada. Só para dar um exemplo foram feitos dois mapas de ruído porque a legislação sobre essa matéria foi alterada.Esperaram até quando?Em Dezembro de 2007, os responsáveis da delegação de Santarém da CCDR-LVT (Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo) disseram-nos que estavam finalmente em condições de acompanhar a revisão do PDM. Foi nessa altura que demos início ao processo. Há quatro funcionários em Santarém para 21 concelhos.Não houve incúria. Quando começámos a fazer a revisão do nosso ainda Ourém não tinha a primeira versão aprovada. “Nenhum presidente de câmara consegue despir a camisola do seu concelho”Costuma encontrar-se com presidentes de câmara dos concelhos que confinam com o seu para tratar de assuntos comuns? Não é normal. Não conseguem ter uma visão mais alargada do interesse público para além dos limites de cada concelho?Temos, no âmbito do Médio Tejo. Aí é o lugar próprio para decidirmos questões intermunicipais. Quando é mesmo necessário…Não valeria a pena tentar encontros fora da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo? Até agora nenhum presidente de câmara conseguiu despir a camisola da sua terra. O senhor foi o primeiro a não a despir?E vou continuar assim. Só farei alguma coisa no âmbito do serviço público, se for pelo Entroncamento.“O transporte ferroviário é caro mas os preços são políticos” O comboio é de extrema importância para o Entroncamento, nomeadamente na ligação a Lisboa. Mas, a nível dos comboios regionais, que são os mais utilizados por quem trabalha, o preço tem crescido muito acima da inflação e o tempo de viagem tem aumentado. Isso acontece porque o preço do transporte ferroviário é um preço político. Até 50 quilómetros é o governo que fixa o preço mas acima dos 50 quilómetros é a empresa. Como pode falar de preço político?Isso é verdade mas quem está a administrar a empresa são pessoas nomeadas pelo governo. Os preços são definidos por pessoas nomeadas pelo Governo. Não são só os preços até aos cinquenta quilómetros que são fixados pelo Governo. São todos os preços das viagens de comboio. O BE tem reclamado o alargamento do passe social até ao Entroncamento. É uma solução? O BE tem falado nisso porque tem a noção que não é possível. A única solução é que os preços não subam. Quanto ao aumento do tempo das deslocações é sabido que a REFER usa a mesma linha para rápidos e regionais e que os primeiros têm prioridade. Isso só se resolve com outra linha. O senhor já viu o projecto de remodelação da Estação de caminho-de-ferro?Vi um estudo prévio. Estou à espera que o novo Secretário de Estado dos Transportes saia do estado de graça e comece a trabalhar a sério. Tenho dois assuntos muito importantes para tratar. O da remodelação da Estação e o da supressão da passagem de nível na linha do Leste/Beira-Baixa.Apresentou proposta para a aquisição do antigo Estúdio 121 no Euroshoping, que foi aprovada. Em que ponto está esse assunto?Ainda não disse nada nas reuniões do executivo porque não me foi feita a pergunta. Criticam mas não perguntam. Mas vou-lhe responder. A câmara assumiu ficar com aquele espaço, que considerou ser de interesse municipal em troca de futuras taxas a pagar pelo proprietário. Acontece que o Estúdio 121 fazia parte de um espaço mais amplo que tinha sido apresentado a um banco como garantia. Isso tem estado a ser resolvido e a todo o momento estaremos em condições de fazer a escritura. E ao contrário do que diz a oposição, há verba no Orçamento para no dia em que aquilo for entregue à câmara esta possa reformular o espaço, tratar das máquinas, etc para de imediato o colocar ao serviço da população.
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