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“Em muitos casos acabamos por ser os segundos pais de muitos miúdos”

“Em muitos casos acabamos por ser os segundos pais de muitos miúdos”

Clube Atlético Ouriense movimenta cerca de três centenas de atletas

O Clube Atlético Ouriense, criado há 60 anos ao exemplo dos grandes clubes nacionais, padece hoje dos problemas da maioria dos pequenos clubes regionais. A falta de recursos económicos não tem impedido, contudo, de serem alcançados os objectivos a que se propõe. Há três mandatos na liderança do Clube Atlético Ouriense, José Luís Ferreira deixa a casa arrumada financeiramente. A regressar, destaca, só com a certeza de que terá apoios.

A instituição viveu durante muito tempo do futebol e do hóquei, pelo menos até ao renascer do Juventude Ouriense. Hoje, o hóquei deu lugar à natação, uma modalidade que investe, porém, apenas a nível da aprendizagem. O Clube Atlético Ouriense é, por tal, um organismo sobretudo ligado ao futebol, com escalões que vão dos seis anos à competição sénior.Desde 2003 como presidente do Clube, José Luís Ferreira lembra que foi com o seu antecessor, Manuel Bento, que a instituição voltou a adquirir alguma “credibilidade” a nível financeiro, após “um mau período em que se apostou muito numa subida de divisão de uma equipa de futebol sénior”. Nos seus mandatos, procurou investir em projectos com a Câmara Municipal de Ourém, nomeadamente um relvado sintético, e a nível dos transportes. Se em relação ao primeiro acabou por perder a oportunidade para Vilar dos Prazeres, hoje o Clube possui duas novas carrinhas.Um campo e um gabinete médico de apoio aos atletas, devidamente equipado e com os serviços de uma fisioterapeuta, compõem o espaço reservado a este organismo. As instalações “diminutas” não permitem, no entanto, “crescer mais”. “É a nossa realidade”, refere, salientando que o clube mantém a mesma dimensão porque “não há estruturas que acompanhem” e mesmo as que existem são insuficientes para o leque de atletas.José Luís Ferreira aponta por isso o dedo ao anterior executivo da Câmara Municipal, que nunca soube ter uma “política desportiva”. A esperança é agora depositada na nova liderança, de forma a “ajudar os clubes que trabalham e que tomam conta de muitas crianças”. Conforme sublinha, “no fim de contas nós aqui acabamos em muitos casos por ser os segundos pais de muitos miúdos”, alguns dos quais não pagam e são amparados pela instituição. “Era bom que a Câmara tivesse outra forma de olhar para essas associações”, e não somente a nível desportivo, comenta. “Isto também se torna saturante”O clube tem estatuto de utilidade pública e recebe vários benefícios fiscais, como o mecenato desportivo. Ao todo, conta com cerca de cinco centenas de sócios, entre 250 a 270 atletas de futebol e cerca de 40 na natação, vivendo ainda dos patrocínios, mensalidades e organizando periodicamente alguns encontros. José Luís Ferreira destaca que “em termos financeiros” o clube está “saneado” e a casa em condições para receber um novo líder aquando as próximas eleições, em Junho. Mas, confessa, “isto também se torna saturante”, destacando que só se recandidatará se tiver algum apoio. Este seu terceiro mandato resultou, inclusive, de certas condições. Tendo delegado tarefas noutras pessoas, criou-se “algum buraco financeiro” no clube, que assumiu a responsabilidade de colmatar. “Neste momento esse capítulo está praticamente fechado”, refere, tornando a sublinhar a necessidade de existir um grupo de pessoas que suportem a sua permanência.Entretanto, vai jogando sempre para ganhar, ainda que se tenha que manter os pés na realidade e acredite que, nos escalões mais jovens, nem sempre a vitória é o mais importante. A equipa sénior masculina luta agora na segunda divisão, liderando a sua série. Um resultado “optimista” que se estende aos juniores (dos 16 anos aos 18), mantendo-se sensivelmente os objectivos nos escalões mais baixos, nomeadamente juvenis (dos 14 aos 16), iniciados (dos 12 aos 14) e infantis (dos 10 aos 12). O clube possui ainda uma equipa sénior de futebol feminino e as pré-escolas (6 aos 8) e escolinhas (8 aos 10).Para ser atleta no Clube Atlético Ouriense é necessário ser sócio ou filho de sócio. Alguns profissionais de sucesso já passaram por esta escola, como Laranjeira, a jogar no Leixões, ou Neto, que se encontra no Fátima mas já jogou pelo Belenenses. Deste modo, apesar das dificuldades, José Luís Ferreira defende que “nem só de pão vive o homem” e que vale a pena continuar a investir no Clube. Por um lado, “cada pai não pode pensar que tem um Cristiano Ronaldo em casa”, nota, mas, por outro, este é um “espaço aprazível”, que permite a ocupação das crianças.
“Em muitos casos acabamos por ser os segundos pais de muitos miúdos”

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