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Comerciantes de Fátima obrigados a retirar artigos do exterior das lojas

Comerciantes de Fátima obrigados a retirar artigos do exterior das lojas

Decisão da Câmara Municipal de Ourém divide lojistas da cidade

Com os olhos postos na visita do Papa em Maio, a autarquia pede aos comerciantes que potenciem uma imagem de Fátima digna dos acontecimentos que se aproximam.

A Câmara Municipal de Ourém lançou um apelo para que seja cumprida a “postura municipal” que exige aos comerciantes de Fátima que retirem das ruas e passeios os artigos religiosos e outros objectos em exposição no exterior das suas lojas. Desde 7 de Janeiro e até ao fim do mês decorrem “visitas pedagógicas” dos serviços camarários aos lojistas, a fim de alertar para as regras a cumprir. Entre os negociantes, a opinião divide-se. Se para uns retirar os artigos das ruas e passeios pode prejudicar o negócio, outros destacam a falta de civismo de alguns comerciantes. Lídia Ferreira possui uma espaçosa loja de artigos religiosos, mas garante que os comerciantes das pracetas não perdem negócio se forem obrigados a tirar os seus expositores das ruas, apesar da falta de espaço. “Acho que se tudo estiver dentro da loja os clientes vão em busca do artigo. A sobrevivência não resulta do facto do artigo estar cá fora”, sublinha. A comerciante afirma ser totalmente a favor da retirada dos expositores e artigos dos passeios e das ruas, salientando que é, inclusive, “mais honesto”. O apelo da câmara municipal já sucedeu em outras ocasiões, mas como os vizinhos tornaram a colocar os artigos nas ruas, Lídia Ferreira viu-se obrigada a fazer o mesmo, de modo a não perder clientes.“As pessoas estão cansadas”, destaca, lembrando o que já se debateu a respeito desta situação. “É por meia dúzia de pessoas que continuamos nesta luta”, referiu. Como tal, destaca que para a exigência da autarquia resultar é necessária “muita persistência”, caso contrário tudo voltará, mais uma vez, a ficar igual. A mesma opinião é partilhada por Líbia Moreira, brasileira a viver em Portugal há vários anos. Em outras ocasiões, lembra, ela e o marido já chegaram a ser multados, com valores que ascenderam aos 50 euros, por manterem os expositores no passeio, apesar de alguns vizinhos actuarem da mesma forma. “Se todos cumprirem, tudo bem”, refere, notando que no Verão torna-se “um descanso” ter as coisas no interior da loja.Em outros momentos, alertada pelos serviços camarários para retirar os expositores do passeio, foi-lhe também aconselhado que investisse na montra da sua loja. O título do estabelecimento, “Loja Brasil”, é desse facto resultado. Continuou a vender mesmo sem os artigos no exterior e chegou inclusive a vender mais.Numa situação mais peculiar encontra-se a “Loja O Pastor”, de Ana Paula Neves. O espaço comercial possui um muro a separar um pequeno passeio da estrada. Os próprios serviços da câmara “reconheceram a particularidade do caso”, uma vez que o terreno é particular e Ana Paula Neves tem actualmente um advogado a tratar do caso. A proprietária não deixa, no entanto, de notar que a cidade talvez ficasse a ganhar com a remoção dos artigos expostos no exterior das lojas. Por outro lado, comenta, este hábito comercial de Fátima “já está implantado há tanto” e mesmo os turistas “já estão habituados”. Ana Paula Neves reconhece que existem certos sítios onde a via pública está muito atravancada, mas também refere que quando experimentou tirar os expositores notou alguns prejuízos. “As pessoas passam e não entram”, afirma. Numa situação que considera “problemática”, sugeriu a realização de uma reunião entre a câmara municipal e os comerciantes afectados. “Cada um expunha a sua situação” e encontrava-se uma solução. No seu caso, tornou a realçar, todo o espaço que ocupa pertence-lhe, herdado dos avós.
Comerciantes de Fátima obrigados a retirar artigos do exterior das lojas

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