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Pedras tumulares do século XVI da Castanheira do Ribatejo servem de calçada

Pedras tumulares do século XVI da Castanheira do Ribatejo servem de calçada

Habitantes da freguesia querem que o património seja salvaguardado

As antigas pedras tumulares que se encontram junto à Igreja matriz da Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, estão sujeitas à erosão e as inscrições podem desaparecer porque o sítio onde estão colocadas é local de passagem. Populares reclamam defesa do património.

Os moradores da Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, queixam-se da falta de protecção do património histórico da freguesia, que dizem estar ao abandono. Depois de perderem as ruínas do Convento de Nossa Senhora da Subserra e o edifício do Palácio da Castanha, os habitantes alertam agora para a situação das pedras tumulares datadas do século XVI que estão colocadas no largo da igreja matriz. As lajes estão expostas às intempéries e são pisadas diariamente tanto pelos acólitos da igreja como pelos jovens que usam aquele espaço para jogar à bola. O local é também o centro das festas da freguesia, sendo que nessa altura este património é pisado por centenas de visitantes.Domiciliano Ferreira, 67 anos, actualmente reside em Vila Franca de Xira, mas viveu muitos anos em Castanheira do Ribatejo e aponta o dedo aos responsáveis pelo património. “As pedras estão todas partidas e o texto está a desaparecer. Tanto se passa, tanto se passa, que um dia vai mesmo acabar por não se ver nada”, alerta.As pedras tumulares pertencem ao antigo Convento de Nossa Senhora da Subserra e foram colocadas no largo junto à igreja matriz há cerca de cinco anos pelo então presidente da Junta de Freguesia Fernando Gomes de Sousa, como forma de preservar o património.O actual presidente, Ventura Reis, explica que os responsáveis da Junta viram as lajes ao abandono e fizeram uma proposta à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira no sentido de as preservar. “Na altura a decisão as colocar no eixo central da vila passou pelos técnicos da câmara”, explica. O responsável concorda que apesar de a intenção ser boa “esta não foi a melhor solução porque com o passar dos anos as pedras vão partindo e desgastando e vai-se acabar por perder este património”.Manuela Lobato vive na Castanheira há 58 anos e é com tristeza que encara esta situação. “É um dó. A Castanheira era conhecida como o pomar de Portugal”, lembra. “Quando era garota não tínhamos autorização de entrar nas ruínas do convento para não estragar e afinal agora está tudo destruído e as pedras tumulares vão pelo mesmo caminho. Podiam ter feito um acordo com a Igreja e guardavam as lajes cá dentro. Sempre protegia mais”, sugere.De momento, o Museu Municipal de Vila Franca de Xira, através dos Serviços de Património, está a realizar o inventário preliminar do património móvel integrado da Igreja Matriz da Castanheira do Ribatejo. Ventura Reis vê com bons olhos esta iniciativa, mas espera que as medidas não passem somente pelo inventário. “Deviam ser tomadas mais decisões de preservação deste património, que é único. Senão fica só betão e o betão não tem história”, alerta.
Pedras tumulares do século XVI da Castanheira do Ribatejo servem de calçada

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