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Populações de São José da Lamarosa e Biscainho sem médico de família

Situação arrasta-se há quase três meses e já deu origem a abaixo-assinados

Directora do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria diz que se está a procurar médico para o Biscainho e reconhece maiores dificuldades para a Lamarosa.

Os utentes das extensões de saúde de São José da Lamarosa e do Biscainho, no concelho de Coruche, estão sem médico de família há quase três meses. Essas extensões não foram abrangidas pela Unidade de Saúde Familiar de Coruche e os utentes só têm acesso a consultas no Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde de Coruche em caso de doença aguda. Não podem aviar receitas nas extensões de saúde das freguesias nem na sede de concelho. A situação tem revoltado as populações que se vêem obrigadas a recorrer a consultórios privados e pagar para obterem as receitas para adquirir os seus medicamentos.Em ambas as freguesias correm já abaixo-assinados para serem entregues à direcção do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria a exigir médicos para as populações. Os utentes de Foros da Charneca, no concelho de Benavente, também frequentam a extensão de saúde do Biscainho.Silvina Ferreira recolheu 347 assinaturas no Biscainho que, através da Câmara de Benavente, vão ser enviadas ao agrupamento para tentar fazer valer a força dos utentes. “Temos doentes de alto risco e não temos médico. Queremos uma consulta aberta aqui e não em Coruche. Tenho um filho sem um braço e um marido diabético, e somos 1200 pessoas”, diz a O MIRANTE. Ricardo Faria acrescenta que quem não pode esperar tem de pagar consultas privadas em Benavente e Coruche. Manuel Matias diz que os utentes andam à deriva. “Muitos vão pagar a um médico nas Fazendas de Almeirim que passa receitas por cinco euros. Não percebo porque ficámos de fora da USF, sentimo-nos totalmente excluídos”, acusa. Com o marido doente e a precisar de medicamentos, Antónia Dias reconhece que tem pago, e bem, consultas particulares. “Preciso de exames, credenciais e receitas e não tenho nada”, refere. No caso da Lamarosa, um médico da USF de Coruche tem feito serviço aos sábados, a título pessoal, durante três horas, na parte da manhã. A directora da farmácia São José, na Lamarosa, tem facilitado a vida dos utentes que precisam de medicamentos. “Tenho ajudado os pacientes crónicos que precisam de medicamentos. O problema é que as pessoas obtêm a primeira receita e não sabem se aviam a próxima”, conta Helena Batista. Na freguesia a situação agrava-se para os utentes do centro de dia, que, com baixas reformas, não podem deslocar-se ou suportar consultas privadas. Contou fonte conhecedora de todo o processo que boa parte dos utentes que não é aviado com receitas ou não tem acesso a consultas acaba a pagar consultas em clínicas privadas de boa parte dos médicos que exercem no centro de saúde e USF do Sorraia.Agrupamento de centros de saúde com dificuldade em contratar médicosA directora do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria reconhece que as duas freguesias ficaram de fora do sistema quando há dois anos foi criada a Unidade de Saúde Familiar do Sorraia, com o número de médicos suficiente para 21 mil utentes. Ficaram de fora os 2.300 utentes de Lamarosa e Biscainho. “Anteriormente tínhamos dois médicos a prestar serviços nessas freguesias mas um reformou-se e outra pediu transferência para o Cartaxo. Entretanto esta sofreu um acidente, meteu baixa e já não regressa a Coruche. Estamos a tentar contratar dois médicos através de uma empresa, sendo que poderá ser mais fácil encontrar uma pessoa para o Biscainho. Para a Lamarosa é mais complicado devido à distância, uma vez que grande parte dos clínicos que tentamos recrutar é da zona de Lisboa”, refere Luísa Portugal. A USF do Sorraia conta com 11 médicos e faltam dois para preencher o número total de utentes. Abrange 21 mil utentes em cuidados de saúde primários, enquanto o centro de saúde tem a alçada sobre as extensões do Biscainho e Lamarosa e do SAP.Luísa Portugal reconhece que havendo uma realidade e dois sistemas em funcionamento o processo se pode tornar mais complicado para os utentes mas diz esperar em breve colmatar a falta de médicos.

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