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Subida da temperatura muda distribuição de culturas em Portugal

Uma das respostas é mudar a prática agrícola apostando em culturas que não dependam muito da água
O aparecimento de mais situações de alergias e doenças respiratórias e a mudança na actual distribuição de culturas pelo país são algumas das alterações que vão ocorrer com o aumento esperado da temperatura média. Dos poucos pontos que reuniu consenso entre os países participantes na conferência de Copenhaga sobre alterações climáticas, em Dezembro, é que a temperatura média do planeta deverá subir em média dois graus nos próximos anos, em relação à era pré-industrial. E esta mudança tem consequências em várias áreas da vida do planeta.A presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Alexandra Cunha, e Francisco Ferreira, da Quercus, apontam entre as maiores preocupações, a escassez de água, a maior frequência de incêndios florestais ou o aumento da desertificação dos solos, com perda de humidade e fertilidade.Alexandra Cunha salienta que a área florestal portuguesa “não está adaptada a uma subida da temperatura”, já que o pinheiro arde facilmente e o eucalipto necessita de muita água.O consultor da Comissão de Alterações Climáticas do Ministério do Ambiente Paulo Canaveira referiu que, “em boa parte do território, as taxas de crescimento das árvores poderão ser inferiores às actuais por falta de condições de desenvolvimento” o que terá consequências económicas.Por outro lado, o papel de sumidouro de dióxido de carbono desempenhado pela floresta também pode ser afectado, dependendo da frequência com que ocorrerem os incêndios, acrescentou Paulo Canaveira, uma ideia também salientada pelo especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos.“As florestas tropicais são sumidouros, mas se temperatura aumentar há muitas espécies que começam a diminuir a sua produtividade e as florestas podem deixar de ser um sumidouro importante como eram no passado”, referiu. Para Paulo Canaveira, as alterações no clima podem levar a mudanças nas diferenciações geográficas das culturas, assistindo-se à sua deslocação entre regiões, numa adaptação às novas condições climatéricas. As soluções para a mudança do clima passam pela utilização de tecnologias, como o regadio, para permitir manter as culturas existentes. Uma opção mais radical é alterar o tipo de espécies cultivadas.Já Alexandra Cunha defendeu ser necessário mudar a prática agrícola e “começar a aproveitar o clima português e a agricultura tradicional” apostando em culturas que não dependam muito da água.

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