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Serviço de táxi é mais barato do que transporte de bombeiros

Serviço de táxi é mais barato do que transporte de bombeiros

Utente de Vila Franca de Xira pagou 70 euros para ir e regressar de Lisboa

Qualquer pessoa pode requisitar uma ambulância como o faria se fosse um táxi. Quando tem justificação médica, ARS ou subsistemas de saúde pagam o transporte. Caso não tenham, o custo é suportado na íntegra pelo utente. Nestes casos e se puder, sai mais barato ir de táxi.

Quando Carlos Cunha ligou para o quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira a requisitar transporte para a sua esposa com destino ao Hospital de Santa Maria em Lisboa – a fim de realizar um tratamento – estava longe de imaginar que teria de pagar 70,16 euros pelo serviço prestado, já com desconto por ser sócio da corporação. Se não fosse teria pago 96,80 euros de acordo com a tabela de preços por quilómetro em vigor, aprovada pela direcção da corporação. De táxi, e em condições normais, o transporte de ida e volta durante o dia teria ficado entre 56 e 60 euros como pôde comprovar O MIRANTE junto de alguns taxistas que operam em Vila Franca de Xira.Caso a senhora tivesse uma credencial passada pelo médico de família ou outra informação do hospital de destino a justificar o seu transporte de ambulância, os custos da viagem seriam suportados pela Administração Regional de Saúde (ARS). Se usufruísse de um subsistema de saúde, a utente pagava o transporte, mas depois poderia apresentar a factura e esse dinheiro era reembolsado. Como se tratou da requisição de um transporte “particular”, idêntico ao efectuado por um táxi, Carlos Cunha teve mesmo de pagar o serviço na íntegra que, na prática, se transformou em dois.Depois de apanhar a doente em casa, na manhã de terça-feira, 12 de Janeiro, por volta das 09h50, a carrinha de transporte de doentes dos bombeiros rumou até ao hospital, transportando mais pessoas a bordo. Como a ambulância não podia esperar, regressou a Vila Franca de Xira, ficando Carlos Cunha incumbido de telefonar para a central assim que estivesse despachado.Eram 12h50 quando a ambulância de nove lugares saiu de Vila Franca de Xira rumo a Lisboa chegando ao quartel às 15h50. Pelo meio, apanhou a esposa de Carlos Cunha bem como outros pacientes.Quando chegou a casa os bombeiros apresentaram-lhe uma factura de 70,16 euros correspondentes a dois serviços, num total de 72 quilómetros (ver caixa). Carlos Cunha lamenta que os bombeiros não o tenham informado previamente do preço que teria que pagar pelo transporte. “Isto é um roubo e uma vergonha. Tive de pagar duas viagens. Se tivesse ido de táxi teria pago menos. Será que levaram o mesmo valor aos outros utentes?”, questiona indignado o vilafranquense.De acordo com o segundo comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira a maior parte de transportes de doentes diz respeito a pacientes abrangidos pela ARS ou subsistemas de saúde com guia de transporte. Quando se trata de situações idênticas a esta, cada utente paga a sua própria viagem na totalidade. Caso os bombeiros transportem uma ou nove pessoas. Elviro Passarinho afirma que Carlos Cunha pode solicitar uma credencial ao médico de família e apresentá-la aos serviços da ARS para poder reaver o dinheiro.Sobre o facto das viaturas terem que regressar ao quartel e depois voltar para apanhar os pacientes, o presidente da direcção esclarece. “Na maioria dos casos as pessoas demoram três a quatro horas. Não podemos ter uma viatura com dois profissionais parados”, garante Carlos Fernandes que confessa ter havido ainda a falha de um motorista na mesma altura em que a situação aconteceu, acarretando naturais dificuldades.O responsável garante que o caso irá ser analisado pela direcção mas justifica os valores praticados. “Estão aqui 19 profissionais a quem têm que ser pagos os vencimentos. Esta é a nossa principal fonte de receita. Por mês facturamos cerca de nove mil euros no total de todos os transportes efectuados e há corporações da região que facturam o dobro. Sem estes serviços não há associações de bombeiros. O transporte de doentes acaba por ser um negócio”, conclui Carlos Fernandes que adverte: “Não se pode comparar o nosso transporte com um táxi. Um táxi não tem os cuidados que nós temos, nem duas pessoas a dar assistência e não vai buscar as pessoas dentro de casa”.Cada corporação é livre de tabelar os valores a cobrar Nos transportes efectuados ao abrigo da Administração Regional de Saúde o Estado paga aos bombeiros 0,47 cêntimos por quilómetro. Esse é o valor estabelecido por portaria. Nos outros serviços a direcção de cada corporação é livre de estabelecer o preço a pagar por cada tipo de transporte. No caso da corporação de Vila Franca de Xira, até 8 quilómetros os utentes pagam sempre uma taxa de saída. Para sócios são 5 euros e não sócios 10. Acima dessa distância, aos sócios é cobrado o valor de 0,47 cêntimos por quilómetro e não sócios 0,60. Para o hospital de Santa Maria – ida e volta – são 72 quilómetros. Multiplicando 64 quilómetros por 0,47 cêntimos mais os cinco euros da taxa de saída dá o valor de 35,08 euros, que multiplicado por duas viagens perfaz o total de 70,16. Se Carlos Cunha não fosse sócio a fórmula de cálculo seria a mesma mas neste caso teria de pagar 96,80€. Para as companhias de seguros o preço a cobrar são 70 cêntimos o quilómetro com uma taxa de saída de 15 euros. Por cada hora de espera, os não sócios pagam 15 euros e os associados terão que desembolsar metade desse valor.Depois de uma ronda pelas várias corporações da região, nomeadamente Vialonga, Alverca e Póvoa de Santa Iria percebemos que todas elas praticam preços diferentes. Em Vialonga a tabela está afixada na central. Para os sócios é cobrado o valor de 0,50 cêntimos o quilómetro e 0,80 para não sócios. Em Alverca cobra-se 0,47 cêntimos o quilómetro para sócios e não sócios. Na Póvoa de Santa Iria, nos transportes para qualquer hospital de Lisboa a partir daí ou da freguesia do Forte da Casa, o sócio paga 20 euros e não sócio 30.
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