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Utentes querem medicamentos unidose

Utentes querem medicamentos unidose

Lei saiu há seis meses mas farmácias ainda não aderiram
A lei que prevê a venda de medicamentos em quantidades individualizadas entrou em vigor a 7 de Julho de 2009, mas até agora nenhuma farmácia da região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo aderiu ao sistema. Falta de informação e necessidade de mudanças na distribuição e prescrição dos medicamentos são os principais entraves.A lei entrou em vigor a 7 de Julho de 2009 e refere que podem ser dispensados em quantidade individualizada alguns medicamentos. Nesta primeira fase a dispensa dos medicamentos ficou restrita às farmácias pertencentes à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. No entanto passados seis meses da entrada em vigor desta lei nenhuma farmácia da região manifestou ainda junto do Infarmed a vontade de aderir a este novo formato. A falta de informação e a mudança que implica a distribuição unidose têm sido os principais entraves para a entrada em funcionamento deste novo sistema que se destina aos medicamentos apresentados em forma oral sólida. É necessário começar a haver produção, distribuição e prescrição regular de medicamentos em unidose, para que as farmácias os possam fornecer aos utentes, da mesma forma que os restantes medicamentos embalados.A directora clínica da Farmácia Lezíria, em Castanheira do Ribatejo, diz que ainda não aderiu, porque ainda não lhe foi proposto o novo sistema, mas que aguarda essa informação por parte das autoridades de saúde. Cristina Gonçalves sublinha que “noutros países já acontece e é muito positivo porque diminui os gastos, com aumento de adesão à terapêutica e com vantagem para toda a comunidade”. Segundo a responsável “todo o processo é vantajoso porque a farmácia vende 20 ou 30 comprimidos a mais, mas depois a pessoa deixa de ter dinheiro para comprar aqueles que realmente necessita. Acho que as pessoas que precisam de 20 comprimidos, devem comprar só 20 comprimidos, para depois poderem comprar 30 de outros. Neste momento, as pessoas como não têm dinheiro para levar os medicamentos todos que necessitam, levam os que acham que são mais necessários, que nem sempre são os mais necessários”.Os utentes vêem com muito bons olhos a possibilidade de comprarem em quantidades individualizadas. “Eu moro sozinha e quando tenho de tomar um ou dois comprimidos tenho de comprar uma caixa inteira! Nos tempos que hoje vivemos comprar uma caixa de comprimidos e depois deitá-la fora é dispendioso”, realça Ana Viriato Pita, de 48 anos. A moradora em Povos, concelho de Vila Franca de Xira, leu a notícia nos jornais e confessa que estranhou ainda não ver os medicamentos à venda nas farmácias.A directora clínica da Farmácia Silva Carvalho, em Vila Franca de Xira, encara a entrada em vigor da unidose como uma medida positiva. Há determinados tratamentos que são muito esporádicos e as pessoas levam na embalagem doses a mais, que ficam sem ser aproveitadas e acabam por ir para o lixo. Por isso vejo esta medida como uma mais-valia. Não vejo qualquer impedimento para começarmos a aderir”, diz com convicção.Isabel Marques explica que “a lei saiu, só que até agora as coisas não foram postas em prática. Ainda não foi feita uma proposta às farmácias de como é que as coisas se iriam processar. Nós não estamos bem inteirados como é que as coisas vão ser, mas estamos de portas abertas se esse projecto for para a frente”. A utente Margarida Marques, de 38 anos, considera que a mudança “ainda não se deu por comodismo. Tudo o que implique uma grande mudança não é fácil e este processo acarreta custos”, adianta. A moradora em Vila Franca de Xira diz que “já aconteceu levar doses de 20 ou 30 comprimidos e depois desperdiçar. Acho que é muito mais vantajoso para as pessoas este novo sistema, em que a pessoa leva só a quantidade que precisa”.A directora clínica da Farmácia Flama Vitae, em Santarém, considera que “isso implica uma abrangência de leis que no nosso país ainda não existem. Uma pessoa leva uma unidose, mas se a seguir precisa de mais como é que é? Vai entupir os centros de saúde ou os hospitais? Uma dor de cabeça não passa com um comprimido, um anti-histamínico também não basta só um”, sublinha. Arlete Bento considera que a lei ainda não é adaptável ao panorama português, em que os medicamentos vêm já embalados. “Acho que essa realidade é mais adaptada aos Estados Unidos, em que a venda do medicamento não se faz já embalado, mas sim na quantidade que a pessoa precisa. Em Portugal é preciso uma grande mudança para que o unidose seja distribuído assim”, explica.
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