uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Um ano depois de ter sido baleado Tiago Correia tenta levar uma vida normal

Um ano depois de ter sido baleado Tiago Correia tenta levar uma vida normal

Julgamento do homem acusado de balear rapaz de 14 anos arranca em Abril em Vila Franca de Xira

Arranca no dia 6 de Abril no tribunal de Vila Franca de Xira o julgamento do homem acusado de ter disparado contra Tiago Correia, então com 14 anos, residente em Povos, Vila Franca de Xira. Quase um ano depois Tiago Correia continua a lutar para manter uma vida normal.

O julgamento do homem acusado de balear na cabeça Tiago Correia, um jovem de 14 anos residente no bairro de Povos, Vila Franca de Xira, arranca no dia 6 de Abril no tribunal da cidade. O único arguido é acusado de ser o autor do disparo que, no dia 23 de Fevereiro de 2009, quase vitimou Tiago, hoje com 15 anos. Nessa tarde o bairro de Povos, que nunca recebera a visita das televisões, foi palco improvisado para directos chocantes sobre um caso infeliz: um jovem de 14 anos havia sido baleado na cabeça depois de se ter aproximado de uma discussão entre “gangs rivais”. Afinal nem os “gangs” eram rivais nem tão pouco eram grupos organizados. Apenas crianças com armas e muito tempo livre nas mãos. Tiago ouviu barulho, aproximou-se para ver o que se passava e o disparo atingiu-o na cabeça.Alguns dizem que foi sorte, outros preferem chamar-lhe milagre. Tiago sobreviveu para contar a história e guarda no crânio a bala de calibre 6.35 para o provar. Mas guarda também as sequelas de um acontecimento que mudou para sempre a sua vida. Um ano depois a cicatriz do local onde a bala entrou, pouco acima da sobrancelha, ainda lá está. Tiago perdeu a sensibilidade numa mão e a sua capacidade para reter novas memórias está debilitada. Por isso, é obrigado a frequentar o ensino especial na Escola Básica 2,3 Vasco Moniz, no Bom Retiro.“Às vezes ainda me lembro desse dia mas tento não ligar e afastar esses pensamentos. Não quero ficar preso a isso”, recorda a O MIRANTE. Tiago conta que a sua vida tem sido “o mais normal possível” neste último ano, estudando, passeando e convivendo com os amigos. Diz que quer viver a sua nova vida o melhor possível e assegura que nunca mais se aproximou de uma zaragata. “Posso estar enganado mas o bairro parece estar mais calmo desde que isto me aconteceu. As televisões também exageraram muito a relatar o que se passou”, conta. O tempo passa mas as memórias não se apagam. Apenas as mais recentes. A falta de memória de Tiago tem obrigado os familiares a recordarem-lhe com frequência, através do telemóvel, algumas tarefas importantes. Foi obrigado a aprender a escrever com a mão esquerda e tem dificuldades a realizar outras pequenas tarefas, resultado da falta de sensibilidade. “Agora também não posso jogar à bola, os médicos dizem-me para esperar e vou agora voltar a outra consulta dentro de pouco tempo”, lamenta o jovem que sonhava ser futebolista profissional. Os amigos não o abandonaram e continuam a apoiá-lo com a mesma intensidade como nos dias seguintes ao disparo. Criaram t-shirts com palavras de incentivo e editaram vídeos no “You Tube”. O “Djemba”, alcunha atribuída pelos colegas do União Desportiva Vilafranquense, diz já não ter dores. O que lhe custa actualmente é ver o agressor passear pelas ruas, cuja residência se situa a poucos metros da sua.A família pede justiça e garante que não vai baixar os braços enquanto não for feita. Dizem que não recebem qualquer apoio da Segurança Social para suportar as consultas de neurocirurgia do Tiago e lamentam que as sessões de fisioterapia já tenham acabado. Para “Djemba” encontrar os amigos no Centro Comunitário de Povos é uma forma de se reencontrar parcialmente com uma vida normal roubada por uma bala. Mas mostra também uma determinação em viver que não se mata facilmente.
Um ano depois de ter sido baleado Tiago Correia tenta levar uma vida normal

Mais Notícias

    A carregar...