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Amiais de Baixo quer recorde do Guinness com uma procissão de 600 archotes

Amiais de Baixo quer recorde do Guinness com uma procissão de 600 archotes

O feno é apanhado em Coruche, seca em Amiais e segue para artesão de Setúbal
Amiais de Baixo quer ficar com o seu nome gravado no Livro de Recordes do Guinness com 600 pessoas a desfilarem na procissão de sábado, 6 de Fevereiro, com 600 archotes em fogo ao longo de uma milha terrestre (1609 metros). O recorde pertence a uma localidade sueca, que organizou um desfile com 407 archotes. Este é o facto mais destacado de mais uma edição das tradicionais festas da freguesia do concelho de Santarém, em Honra do Mártir São Sebastião, que remontam a 1847. Partiu de Edgar Alves, presidente da Comissão de Festas este ano, a ideia de tentar o recorde. Os mais aptos a mexer nos computadores pesquisaram o que era preciso fazer para apresentar uma candidatura. Passado mês e meio chegou a resposta positiva. Um júri vai estar presente para validar o recorde.Mas se procissão dos archotes é dos momentos mais apreciados poucos saberão de onde é que eles vêm. Tudo começa em Junho, quando três elementos da comissão de festas e cinco senhoras mais veteranas da freguesia vão até Santana do Mato, concelho de Coruche. Nos campos, com autorização do proprietário, recolhem bracejo, uma espécie de feno mais fino. As senhoras apanham-no e os homens ajudam a transporta-lo. Em Amiais de Baixo o bracejo seca durante 15 dias a três semanas, antes de ser enviado para um mestre de Setúbal que, aos 82 anos, é especialista no fabrico daquele tipo de archotes. “Não encontrámos em mais lado nenhum alguém a fazer archotes”, garante Edgar Alves. “Os fios de bracejo são entrançados e atados. Levam uma espécie de resina e devem ser banhados com algo inflamável”, explica. Caminhada de uma milha para bater recorde Para bater o recorde dos suecos estão todos convidados. Segundo Edgar Alves será positivo que populares de localidades vizinhas se associem ao momento para reunir o maior número de pessoas possível.A partida está marcada para a rotunda nascente de Amiais, do lado de quem chega do Malhou, pelas 21h30. A procissão termina no cemitério. O povo parte de archotes nas mãos e vai buscar o arcanjo S. Miguel à capela do cemitério, levando-o a seguir para a igreja matriz. Para os carregadores de archotes deve haver uma pré-inscrição na junta de freguesia ou na Casa do Povo. Para levantar o archote é necessário assinar um documento e ter duas testemunhas. Para garantir que nada corre mal a organização está a dar preferência de inscrições aos maiores de idade.O trajecto sofre o desvio pela igreja para recolher o padre António Pereira, que conduz a cerimónia religiosa, pela rua Dr. António Maria Galhordas, até ao cemitérioEdgar Alves, que já foi juiz das festas em 2005, deixa alguns conselhos para os estreantes interessados em levar archotes na procissão. “Não convém o archote ser virado para baixo porque assim arde mais depressa. Tem que ser mantido com firmeza na vertical. Se o archote for mais curvado deve-se agarrar mais em cima enquanto a chama não baixa, e levar um jornal para não sujar as mãos”, aconselha o juiz das festas.Veteranas apanham o bracejo nos campos perto de CorucheCeleste Jesus de Sousa é uma de cinco veteranas habitantes de Amiais de Baixo que há dez ou 11 anos se desloca a Santana do Mato, Coruche, para apanhar bracejo para fazer os archotes que são usados na procissão de sábado à noite. Um trabalho feito à mão, com a ajuda de uma foice, que apesar de duro é feito com gosto. “Vamos por volta das cinco da manhã e ficamos lá até à uma da tarde, sempre a cortar bracejo que os homens da comissão vão carregando para o carro. O bracejo fica 15 dias a secar e é então altura de tirar toda aquela palhoça que não presta para ser embrulhado e enviado para o senhor que fabrica os archotes em Setúbal”, conta dona Celeste.As mesmas senhoras são também responsáveis pela limpeza do pavilhão dos concertos. “Às sete da manhã varremos tudo, lavamos as casas de banho, substituímos toalhas”, conta, sempre bem-disposta. Além do gozo em contribuir para a festa as senhoras recebem um pequeno prémio, como estimulo pela sua dedicação.Trabalho para a festa que se faz com gostoA poucos dias dos festejos são muitos os que trabalham no duro e com gosto. A antiga cerâmica está a ser engalanada para os concertos. A fachada do edifício, cedido por um particular para as festas, é retocada e pintada de branco por homens. Bem-dispostos vão soltando larachas no meio de trabalho e convívio, atestado a imperial. Ao todo 41 elementos integram a comissão. Segundo Edgar Alves estará tudo prestes a receber os festejos. Faz-se a limpeza geral e espalham-se cerca de 200 mesas de quatro pessoas cada, para o total de 800 inscritos. Para os concertos há um palco de 20 por 12 metros montado ao fundo do pavilhão. À entrada, do lado direito, ficam os bares das colectividades. Estarão representados os Bombeiros Voluntários de Pernes, e a Secção de Amiais de baixo dos Bombeiros Municipais de Santarém, além da casa do Povo de Amiais e o Clube Desportivo Amiense. Para os concertos haverá uma capacidade máxima a rondar 4.500 espectadores. Na rua montam-se os coretos e terminam-se os arcos iluminados. Acerca do trabalho da comissão de festas, Edgar Alves faz um balanço positivo. “As festas começam-se praticamente um ano antes, com a angariação de donativos de empresas e de particulares, publicidade. Baixou um pouco donativos publicitários que foram colmatados com a organização de algumas festas. No final, temos mais ou menos o mesmo de 2008”, conta.
Amiais de Baixo quer recorde do Guinness com uma procissão de 600 archotes

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