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Escavações no forte 38 surpreendem arqueólogos

Escavações no forte 38 surpreendem arqueólogos

Achados são dos mais importantes das Linhas de Torres Vedras
Há muito tempo que os arqueólogos que estudam as linhas defensivas de Torres Vedras não se deparavam com estruturas em tão bom estado de preservação. Durante as obras de recuperação do forte número 38, no Forte da Casa, concelho de Vila Franca de Xira, foram encontrados os alicerces de um antigo paiol onde era armazenada toda a pólvora do forte, assim como o local onde dois canhões de calibre 12 montavam guarda à antiga estrada Real de acesso a Lisboa. As linhas de Torres Vedras, recorde-se, eram um conjunto de 152 fortificações construídas pelo Exército para defender a nação portuguesa dos exércitos invasores de Napoleão Bonaparte.O bom estado das estruturas do Forte 38 faz dele uma referência de visita obrigatória dentro da plataforma dos seis municípios que detêm estas fortificações militares, já que em nenhum dos restantes é possível observar com tamanha precisão, especialmente, os locais onde os canhões estiveram colocados.Os dois arqueólogos da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira destacados para acompanhar os trabalhos, João Pimenta e Henrique Mendes, salientam também o excelente estado de conservação dos muros exteriores, com mais de quatro metros de altura. “Descobrimos porque motivo se chama Forte da Casa. O paiol das armas era mesmo uma casa dentro do próprio forte, protegida das explosões e onde se guardava toda a pólvora para usar nos canhões. Apenas os oficiais ali tinham acesso”, conta João Pimenta a O MIRANTE.O forte em estrela de grande dimensão albergava 340 homens de infantaria e tinha seis bocas de fogo. “A escavação permitiu também alterar a ideia de que estas obras tinham sido feitas à pressa pelo povo e sem qualquer rigor. Ao contrário disso nota-se que foi feito por engenheiros militares, com grande cuidado e utilizando as técnicas mais inovadoras da época, quer na planta do forte (através da grande utilização de pedra), quer nos aspectos do dia a dia, como o uso de taipa militar para melhor absorver os tiros de artilharia. No interior do paiol existe inclusive uma estrutura de drenagem das águas em direcção a um fosso exterior, algo que não era conhecido”, revela o nosso interlocutor.Os achados foram postos a descoberto aquando das obras de requalificação do espaço e construção do novo centro interpretativo, com inauguração prevista para Junho de 2010. “Tudo isto estava tapado por quatro metros de terra e isso pode ter ajudado à sua boa conservação”, acrescenta Henrique Mendes. O forte estava ao abandono, com um parque infantil em ruínas no topo e até candeeiros de iluminação pública. “Para as pessoas isto era apenas um monte de entulho que estava ao abandono no centro da vila mas agora será muito mais que isso”, defende João Pimenta.A colocação de réplicas de canhões no local é uma possibilidade que não está posta de parte. O vereador da cultura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, João de Carvalho (coligação Novo Rumo), salientou a “importância dos achados pela sua dimensão, excelente estado de preservação e carácter invulgar” e já pediu ao Exército para que visite o local. “Isto vai permitir valorizar o concelho em termos de património. Este vai ser um símbolo do Forte da Casa até porque temos muitos fortes espalhados pelo concelho mas poucos estão dentro da povoação como este está. Já pedi ao Exército para vir fazer uma avaliação e, quem sabe, dada a importância do achado, nos poderão dar uma pequena ajuda adicional para colocar toda a muralha a descoberto”, refere a O MIRANTE.As obras em curso rondam os 340 mil euros, suportados pela Câmara Municipal. “Gostaria de poder contar com uma maior ajuda do Ministério da Cultura e do Governo”, criticou João de Carvalho. Os conteúdos do futuro centro interpretativo ainda estão a ser trabalhados mas o autarca já confessou o seu desejo: “Gostava de ter ecrãs sensíveis ao toque com informações sobre as linhas de Torres e até animações em 3D do forte”, conclui.
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