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Avaliador de jóias depois da reforma

Avaliador de jóias depois da reforma

José Simões diz que o ouro é um investimento em tempos de crise financeira

As épocas de crise como a que Portugal e o mundo atravessam são melhores para o negócio do ouro. As pessoas necessitam de dinheiro e desfazem-se das peças que possuem.

Com uma pequena lupa José Simões observa se o fio que está avaliar é de ouro verdadeiro. A avaliação do metal é feita em dois minutos mas muitas vezes é necessário fazer uma confirmação. Raspa-se um pedaço da peça na chamada pedra de toque – uma grosa cinzenta – e com duas soluções ácidas aquosas percebe-se se o objecto que o avaliador tem à sua frente é ouro verdadeiro. Se o ouro mantiver a tonalidade após a raspagem é verdadeiro. Muitas peças apresentam apenas um banho de ouro para imitar o metal. A confirmação serve para evitar tentativas de enganos. José Simões não foi enganado mas houve quem já tivesse tentado ludibriar o avaliador de jóias.“Uma senhora apareceu aqui com um fio que, se fosse ouro verdadeiro, eu avaliava em cerca de mil euros. O que vale é que desconfiei da veracidade da peça, aprofundei a análise e fiz uma confirmação. Consegui perceber que a senhora era uma pessoa experiente. Que colocou duas peças de ouro no fio onde sabia que este ia ser avaliado, mas o resto era tudo falso. Quando a confrontei com a situação ela disse que não tinha conhecimento e que era uma peça que tinha sido oferecida aos pais. Mas é óbvio que ela sabia o que estava a fazer”, explica José Simões a O MIRANTE.José Simões, 61 anos, fez de tudo um pouco na vida. A viver em Almeirim desde os 14 anos, o avaliador de jóias trabalhou nos ramos automóvel, restauração, cortiça e hotelaria. Em 2005 reformou-se e decidiu concretizar uma ambição antiga: candidatar-se ao Ensino Superior. Em 2009 concluiu a licenciatura em Administração Pública, na Escola Superior de Gestão, em Santarém.Como não é homem para estar parado aceitou o convite da filha e do genro para dar a cara pela OuroInvest, um franchising de avaliação e compra de artigos em ouro, prata e platina. Após tirar um curso de especialização de analisador e verificador de ouro e jóias, no Porto, José Simões começou a trabalhar em Setembro do último ano.Conta que desde que abriu o estabelecimento já comprou cerca de 25 quilos de prata e aproximadamente sete quilos de ouro. Avalia, em média, 500 peças por mês. Uma colecção de 16 selos em ouro foi a peça mais valiosa e mais rara que adquiriu tendo pago 2300 euros por ela. Um diamante foi a peça mais preciosa que avaliou tendo um valor de 15 mil euros. A pessoa ainda não se decidiu a vender a jóia, mas José Simões pretende comprá-la. Após a compra José Simões envia as peças para o franchiser que funde o ouro e o transforma em barras. Um processo que, na sua opinião, promove a reciclagem do ouro, cada vez mais essencial.“Ao comprarmos peças antigas aos clientes estamos a colocar novamente no mercado ouro que estava parado. Ao ser fundido o ouro é vendido aos ourives que podem fazer novas obras de arte com o metal precioso. Todo o ouro existente no mundo não chega para cobrir a estátua da Liberdade, nos Estados Unidos da América, por isso temos que o aproveitar”, explica o avaliador.O avaliador de jóias diz que tem clientes de todas as idades, desde os 18 anos aos 80. As pessoas procuram-no por diversas razões. Uns porque têm peças que estão há muitos anos na família, mas não têm qualquer significado e preferem ficar com o dinheiro. Outros porque sabem que os filhos não vão ligar aos objectos e vendem antes de morrer. Mas a grande maioria vende as suas peças por dificuldades financeiras e precisa de realizar dinheiro. “Aparecem pessoas com diferentes problemas, mas a grande maioria são pessoas que ficaram desempregadas e necessitam urgentemente de dinheiro. Já aconteceu dar cinco euros por peças que não valem mais de um euro porque sei que esse dinheiro os vai ajudar”, refere José Simões acrescentando que tem guardado um conjunto de peças em prata à espera que um casal resolva a sua situação financeira para lhes devolver os objectos assim que eles trouxerem o dinheiro.As épocas de crise como a que Portugal e o mundo atravessam são melhores para o negócio de José Simões. As pessoas necessitam de dinheiro e desfazem-se das peças que possuem. Mas, segundo o avaliador, o ouro é, neste momento um investimento devido à sua valorização. José Simões começou a comprar ouro a 10 euros o grama e hoje já compra um grama de ouro a 13 euros.
Avaliador de jóias depois da reforma

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