Tenho de tirar o chapéu ao nosso patrício e ministro Jorge Lacão pelo seu contributo para a divulgação do calão ribatejano. Fartei-me de rir ao ouvir ou ler a burguesia intelectual lisboeta a cascar no filho adoptivo de Abrantes por este ter usado o termo “calhandrice” a propósito da denúncia de uma conversa que o primeiro-ministro teve num restaurante.A semana passada fiquei intrigado quando escreveste o termo “bonde” no teu e-mail e confessei-te a minha ignorância sobre o seu significado, pois com esse nome só conhecia o Bond, James Bond. Estamos sempre a aprender e ao trazer a calhandrice para a agenda linguística, Lacão deu protagonismo merecido às calhandreiras, espécie que prolifera nos bastidores da política lisboeta (e não só), e abriu novos horizontes à palavra. Além disso, Lacão mostrou que sabe utilizar termos mais terra a terra, muito para além do palavreado de sete e quinhentos e do discurso barroco a que estávamos habituados. O homem faz-se!Parece que o Ministério da Educação quer mandar abaixo um edifício da Escola Secundária Maria Lamas, em Torres Novas, por ameaçar ruína caso haja um abalo sísmico, mesmo que não seja muito forte. O curioso nisto tudo é que não está em causa o edifício mais antigo, mas sim uma moderna construção com apenas oito anos e que, pelos vistos, foi projectada e/ou construída por alguém que percebia tanto daquilo como eu percebo de lagares de azeite. Espero, sinceramente, em nome da estabilidade política do país, que o projecto não tenha sido assinado pelo nosso primeiro-ministro José Sócrates. Já só lhe faltava mais essa…E por falar em educação, tenho de tirar o chapéu ao nível de exigência que uma escola de Alverca demonstrou em vésperas de mais um Carnaval. Se é verdade o que me contaram, essa escola comunicou aos pais que os filhos deviam ir mascarados de pilotos aviadores no cortejo deste ano. Ou seja: equipados com blusão e óculos de sol à Tom Cruise. Alguns pais queixaram-se que os tempos não estão para gastos megalómanos, mas isso é uma flagrante injustiça. Imaginem que os professores os obrigavam também a levar um F-16.Comecei a tiritar só de ver aquelas pobres moçoilas a desfilar no Carnaval da Madeira perante uma borrasca medonha. Não se faz. O São Pedro é um folião do caraças e dá o que merece a cada um. No Rio de Janeiro samba-se com temperaturas acima dos 40 graus, por cá bate-se o pé e bate-se o dente. Até nisso somos uns deserdados de Deus.Já o mesmo não se pode dizer dos políticos mais proeminentes de Alpiarça, sobretudo os da área socialista, que nos últimos tempos viram sair-lhes a sorte grande quase sem jogar. Depois de Rosa do Céu ter trocado a câmara pelas mordomias da região de turismo, de Sónia Sanfona ter perdido a mesma câmara para os comunistas e ser alcandorada a governadora civil, agora foi a vez de premiar a ex-presidente da câmara Vanda Nunes com uma vice-presidência da CCDR-LVT. Não há como estar na altura certa no partido certo, porque a competência faz o resto…Um bacalhau congelado do Serafim das Neves