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Sem-abrigo e novos pobres estão a aumentar no concelho de Vila Franca

Sem-abrigo e novos pobres estão a aumentar no concelho de Vila Franca

Debate sobre pobreza junta intervenientes com a presença do presidente da AMI

Fernando Nobre surpreendeu-se com a existência de meia centena de sem-abrigo no concelho. Técnicos lamentam falta de respostas e advertem para o aumento de novos pobres. Autarquia prepara novo regulamento de habitação social.

Os sem-abrigo e os novos pobres estão a aumentar no concelho de Vila Franca de Xira e, na maior parte dos casos, a falta de uma resposta eficaz e objectiva é mais um problema a acrescentar ao drama.Estas são algumas das conclusões que se podem extrair do debate sobre a pobreza, organizado pela secção cultural da União Desportiva Vilafranquense (UDV), que decorreu na tarde de sábado, 27 de Fevereiro, no Club Vilafranquense.Neste momento a associação Companheiros da Noite distribuiu alimentação e roupa a 45 homens e uma mulher e a mais quatro pessoas, das quais ainda não têm registos, uma vez que a diferança de idioma tem dificultado a comunicação.São meia centena de sem-abrigo, maioritariamente de Vila Franca de Xira, mas há casos nas freguesias da Póvoa de Santa Iria, Alverca e Vialonga, entre moldavos, angolanos, cabo-verdianos, ucranianos e franceses. Contudo, a maioria são portugueses, do sexo masculino, com uma idade média compreendida entre os 50 e 59 anos.Para a presidente da associação o aumento dos sem-abrigo no concelho deve-se à grave crise que se instalou um pouco por todo o lado e que tem também alterado a realidade instituída. “Anteriormente eram mais as pessoas idosas que não conseguiam ter rendimentos. Neste momento já começam a aparecer mais jovens que não conseguem arranjar emprego”, revela Rita Mendonça a O MIRANTE.Outra das situações dramáticas que tem seguido numa curva ascendente no concelho é o aparecimento de novos pobres. Famílias estruturadas, de classe média, com filhos, carro, uma vida estável e que de repente entram numa situação de pobreza.“Estão a surgir e a aparecer cada vez mais casos no nosso contexto diário. Por uma questão de vergonha, de estatuto social, estas pessoas não querem um subsídio nem vão à Cáritas buscar géneros alimentares. É a tal pobreza envergonhada”, revela Cármen Pimenta, técnica de apoio social na Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.A responsável afirma que cada caso é um caso e que cada família deve ser olhada de forma diferente tendo em conta o seu contexto. O maior problema é mesmo conseguir encontrar respostas satisfatórias para cada situação. “Infelizmente as respostas que existem são muito poucas. Há uma sensação de grande impotência e frustração em todos os técnicos com quem converso. Deparamo-nos com determinadas problemáticas para as quais não temos respostas para intervir”, denuncia Cármen Pimenta, acrescentando ainda perante uma plateia cheia. “Numa altura em que as empresas deviam empregar estas pessoas estão a despedir em massa ou a fechar. Temos aqui um paradigma difícil de resolver”, alerta.De acordo com a vereadora da Câmara de Vila Franca de Xira, Conceição Santos, “um tecto é o que é mais procurado a nível das necessidades do concelho”. Nesse sentido, o departamento de habitação social da autarquia “está a redefinir a sua política de habitação e acção social, e em breve irá apresentar um novo regulamento de habitação, para melhor responder àquilo que são as necessidades dos cidadãos do concelho”.“Não sabia era que já há 50 sem-abrigo em Vila Franca de Xira”O presidente da Assistência Medica Internacional (AMI) foi um dos convidados do debate e falou sobre a sua luta contra a indiferença e a necessidade de se mudar mentalidades no que diz respeito à problemática da pobreza. No final, Fernando Nobre falou com O MIRANTE e ficou surpreendido com um número. “Não sabia era que aqui já havia sem-abrigo. E a instituição que ouvimos já referenciou pelo menos 50. Espero é que a tendência não seja para aumentar”, disse o presidente da AMI enquanto se dirigia para o seu carro debaixo de chuva.Fernando Nobre defende que o problema da pobreza tem que ser resolvido por todos. Tem de haver uma participação cada vez mais empenhada dos cidadãos ao lado das estruturas de mercado e do Estado. “Acredito que é ainda possível mudarmos o paradigma da nossa sociedade, tendo por base a cidadania”, salientou o homem que dedicou os últimos 31 anos às causas nobres.
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