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Dívida da Câmara de Santarém está à beira dos 80 milhões de euros

Dívida da Câmara de Santarém está à beira dos 80 milhões de euros

Presidente Moita Flores diz que a autarquia não está falida e que em breve vai haver importantes encaixes financeiros
A crise e as comemorações nacionais do 10 de Junho desequilibraram as contas da Câmara de Santarém em 2009, com a dívida global da autarquia a rondar já os 80 milhões de euros. As causas foram apontadas pelo presidente do município, Francisco Moita Flores (PSD), durante a discussão do relatório e contas, aprovados segunda-feira pela maioria PSD no executivo com os votos contra dos dois vereadores do PS.As contas da organização do 10 de Junho e “sequelas” ficaram-se por cerca de três milhões de euros, englobando as obras feitas no Convento de São Francisco e nas instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria. Moita Flores diz que esse foi um passo assumido com clareza para afirmar e dar prestígio a Santarém no contexto nacional.O autarca sublinhou também a forte quebra de receitas e o seu efeito “devastador”. “O IMT caiu 37,43%, a Derrama caiu 54,51%. Os impostos indirectos caíram 20,56%, as receitas de loteamentos e obras baixou 16,18%. Isto é, a autarquia recebeu, em valores absolutos, menos cinco milhões de euros do que no ano anterior”, afirmou. Diz-se que os números não enganam mas quem assistiu ao debate ficou com sensação contrária. Aliás, Moita Flores disse claramente que os números podiam ser interpretados consoante as “lunetas” de cada um. E se os 79 milhões de euros de dívida se encontram chapados nas contas, já as responsabilidades que cabem a PS e PSD na chegada a esse valor não são consensuais. Tudo porque PSD e PS não se entendem sobre qual o montante da dívida em 2005, quando Moita Flores tomou posse. Este diz que a dívida era de 72 milhões, conforme consta de um documento que lhe foi dado pelos serviços financeiros no dia em que tomou posse. O PS socorre-se do relatório e contas relativo a esse ano que aponta uma dívida de 53 milhões. Por isso Moita Flores não reconhece que a dívida tenha subido quase 30 milhões em quatro anos. Para ele aumentou 7 milhões. Mas já o PS socorre-se dos gráficos constantes do relatório e contas para alegar que só de 2008 para 2009 houve um aumento de 19 milhões na dívida. E se o presidente pôs o título “Quando a crise dói” ao texto que assinou e serve de preâmbulo ao relatório e contas, o socialista António Carmo respondeu à letra e começou a sua longa intervenção designando-a como “Quando o aumento brutal da dívida também dói”.Pelo meio da argumentação dos dois lados, ficam algumas certezas irrefutáveis que mostram que as finanças do município não estão famosas. O PS diz que o decréscimo das receitas não explica tudo e enfatiza o aumento das despesas correntes. Muito à custa do pessoal auxiliar nas escolas, cujo pagamento passou a ser da responsabilidade da autarquia, e do custo de manutenção dos renovados jardins, entre outros aspectos, como retorquiu Moita Flores.Mas mesmo assim Moita Flores desdramatiza. Aos jornalistas, no intervalo da reunião de câmara, garantiu que “a câmara não está falida” e que para breve vai haver novidades revigorantes para as finanças municipais. Como o fim do concurso para selecção do parceiro privado da empresa municipal Águas de Santarém (que permitirá um encaixe de 15 milhões de euros) e as contrapartidas do processo de deslocalização do novo aeroporto que passará alguns imóveis do Estado para a posse da autarquia.“Estamos com uma rica saúde financeira em potência. Estamos na véspera de alguns acontecimentos importantes. Não estamos em falência nem à beira da morte”, referiu dizendo que sempre esteve garantido o cumprimento dos compromissos bancários e com os funcionários. “Transformámos uma cidade caduca e inerte numa cidade cheia de vida”, reforçou.
Dívida da Câmara de Santarém está à beira dos 80 milhões de euros

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