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Esclarecido Serafim das Neves

Gosto muito da truculência do presidente da Câmara Municipal de Santarém. Num país de brandos costumes faz bem ouvir uma pessoa como Moita Flores a desancar em quem o critica. E que bem que ele desanca. Só tenho pena que sejam tareias verbais. Um adjectivo por mais virulento que seja não chega aos calcanhares de uma boa bengalada nos costados. É lamentável que tenham acabado os duelos. Pelo menos a câmara poupava nos gastos com a animação. Afinal o que atrai mais espectadores? Um grupo de teatro como aquele que esmifrou vinte e tal mil euros ao erário público e que ainda por cima tem pressa em receber a massa, ou um bom duelo à moda antiga, com padrinhos de cartola e tudo??!!! E olha que os duelos sempre foram coisa de pessoas de bem. Camões bateu-se em duelo. Camilo Castelo Branco também. O Eça de Queirós era adepto das bengaladas. Posso estar a exagerar mas não estou a exagerar muito. Como sabes sou alérgico ao teatro agrícola e como tal não posso imaginar quantas pessoas foram ver os espectáculos do tal teatro do azeite mas posso imaginar sem grande esforço quantos espectadores teria um combate de boxe entre Moita Flores e o tal José Gusmão, deputado do BE que requerimentou sobre a dívida da câmara ao ministro da Presidência. Casa cheia, Serafim. Até vinham camionetas de Trás-os-Montes, podes crer. E com bilhetes a cinco euros como nas touradas que a câmara organiza, a praça de toiros ia abaixo. Ia a praça e ia a dívida municipal. Ao fim de meia dúzia de sessões de pancadaria brava as finanças estavam saneadas e bem saneadas. É que, ao contrário do Moita Flores, o povo tem que pagar na hora. Ali logo. Dinheiro em caixa. O que aliás eu acho muito bem. Os privilégios não podem ser para todos se não era uma ribaldaria pegada. Mas deixa-me voltar aos duelos. Nestas coisas a minha imaginação começa logo a fervilhar. “Moita Flores bate-se à bengalada com todos os vereadores da oposição ao mesmo tempo”. “Moita Flores defronta presidente da Junta da Póvoa de Santarém à chapada. Em caso de empate haverá prolongamento com possibilidade de utilização de botas ferradas”. “Não perca esta noite junto às muralhas o combate com bolas de ferro e correntes entre Moita Flores e um adversário mistério”. Eram filas e filas para ver. Enquanto não chegam os duelos vou exultando com os arraiais verbais do presidente. A cada crítica que lhe fazem ele responde com um enxovalho. A cada observaçãozita, com um insulto. A cada requerimento com uma granizada de mimos. Gosto particularmente dos últimos. Daqueles com que ensaboou o Gusmão. Esquerda folclórica irresponsável e medíocre, disse ele. O folclórico foi para dar de carambola no vereador socialista Ludgero Mendes, um especialista em questões folclóricas.Eu acho que o presidente da Câmara de Santarém podia editar um manual de bem zurzir em quem nos aborrece. Se há manuais de boas-maneiras porque não há-de haver manuais de más-maneiras. “Como usar o verbo como se fosse uma marreta”. “Dê-lhe forte e feio sem se arriscar a ser preso”. “Como partir um gajo todo sem lhe tocar com o mindinho”. “Manual de atirar verbos sem cuspir perdigotos”. “Ponha um olho negro ao pior inimigo com uma única palavra”. “As melhores frases para esmagar testículos”. Chiça!!! Lá estou eu a delirar outra vez!!!Saudações verbais Manuel Serra d’Aire

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