uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Dívidas da Câmara de Santarém já chegaram à Assembleia da República

Dívidas da Câmara de Santarém já chegaram à Assembleia da República

Bloco de Esquerda questiona atraso no pagamento de factura de 23.500 euros a grupo de teatro

Responsável do Teatro do Azeite diz que atitude da autarquia é “eticamente escandalosa”.

O atraso da Câmara de Santarém na liquidação de uma factura de 23.500 euros à Associação Teatro do Azeite, referente à exibição de uma peça na cidade nos dias 19, 20 e 21 de Novembro de 2009, motivou a intervenção do deputado do Bloco de Esquerda José Gusmão. O parlamentar, eleito pelo círculo de Santarém, enviou duas questões ao ministro da Presidência no sentido de obter esclarecimentos sobre as razões do atraso e quando pretende a autarquia cumprir a sua obrigação contratual. A factura devia ter sido liquidada durante o mês de Janeiro.Em causa está o pagamento da exibição em três dias da peça “O Pecado de João Agonia” no Teatro Sá da Bandeira, no âmbito do festival “Novembro, Mês de Santareno”. O valor total era de 28.500 euros, tendo a autarquia pago uma primeira factura no valor de 5 mil euros. O deputado do Bloco refere que intervieram neste caso específico porque foram contactados pelo Teatro do Azeite, com sede em Lisboa, que lhes forneceu toda a documentação “que prova o incumprimento da câmara”. Garante que se for contactado por outros credores da autarquia procederá de igual modo. “É uma das responsabilidades de um eleito responder a reclamações de todos os cidadãos e intervir se as considerar justas, como é o caso”. E acrescenta: “O presidente da Câmara Municipal de Santarém pode achar normal gerir uma câmara que está em incumprimento com centenas de credores. Nós não achamos”.José Gusmão explicou a O MIRANTE o procedimento: “Nos termos regimentais, um deputado não se pode dirigir à Câmara Municipal de Santarém directamente. Tem de enviar a pergunta ao ministro da tutela, que é o ministro da Presidência. Esse ministro encaminhará a pergunta ao secretário de Estado da Administração Local, que a enviará ao presidente da Câmara de Santarém. A pergunta é de facto dirigida à Câmara de Santarém, mas estes são os requisitos formais das perguntas que os deputados nacionais têm de cumprir”.Contactado por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Santarém não se alongou nas palavras sobre a iniciativa do Bloco de Esquerda. “Não tenho comentários a fazer à chicana de quem faz oposição só por fazer. Isso é feito por uma esquerda folclórica, irresponsável e medíocre”, declarou Francisco Moita Flores (PSD).Perante essas observações, José Gusmão respondeu, num texto que O MIRANTE publicou na íntegra no seu diário online (www.omirante.pt) e de que editamos o seguinte excerto: “Irresponsável é quem, num contexto de grave crise económica em que pequenas e médias empresas enfrentam grandes dificuldades de liquidez e acesso ao crédito, conduz uma entidade pública que se atrasa sistematicamente nos pagamentos. Esses atrasos e incumprimentos contratuais degradam a imagem do município enquanto pessoa de bem, bloqueiam o seu desenvolvimento e contrastam com os gastos insensatos com eventos que, sendo certamente úteis para a estratégia de campanha permanente do Dr. Moita Flores, em nada contribuem para o desenvolvimento do município”, alega.Pedro Oliveira, fundador, director, encenador e actor do Teatro do Azeite, natural de Santarém, alinha pelo mesmo registo. Diz que em causa está o trabalho de uma equipa de 15 pessoas durante dois meses e alude à “total falta de respeito e de ética” da Câmara de Santarém, “que se comprometeu, por sua iniciativa, a custear esta produção na sua totalidade e, depois do espectáculo apresentado, somos informados que não tem possibilidades financeiras para o pagar e nem tem possibilidades de estabelecer connosco qualquer plano de pagamento”.O responsável do Teatro do Azeite diz que actualmente nenhum membro do grupo quer voltar a trabalhar para a Câmara de Santarém, agradece a iniciativa do Bloco de Esquerda, partido de que é militante, e apela aos outros partidos para que interpelem a Câmara de Santarém “sobre a sua atitude eticamente escandalosa”.
Dívidas da Câmara de Santarém já chegaram à Assembleia da República

Mais Notícias

    A carregar...