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Ermida da Lezíria Grande do Tejo necessita de obras de requalificação

Ermida da Lezíria Grande do Tejo necessita de obras de requalificação

Padre Vítor Melícias abençoou campinos na Romaria de Nossa Senhora de Alcamé

A tradição da romaria de Nossa Senhora de Alcamé, padroeira dos lavradores e dos campinos de Vila Franca de Xira e Samora Correia, concelho de Benavente, levou novamente dezenas de fiéis até à Ermida da Lezíria Grande do Tejo que necessita de intervenção urgente. A ermitoa Ana Serra gostaria de ver o local de culto restaurado e restabelecida a dignidade que teve outrora.Patrícia Cunha Lopes

É sábado de manhã na Ermida de Nossa Senhora de Alcamé, na Lezíria Grande do Tejo, Vila Franca de Xira. A ermitoa Ana Serra vai ultimando os preparativos para receber a imagem da Virgem e também a missa que será presidida pelo Padre Vítor Melícias, Superior Provincial de Portugal. A romaria de Nossa Senhora de Alcamé voltou a cumpriu-se este ano, mas o santuário está practicamente vazio e sem a glória de outros tempos. Não há bancos, as paredes estão nuas e desde que foi roubado o altar, é um painel, feito a partir de uma foto tirada por Ana Serra em 1998, a pedido da Companhia das Lezírias, que ocupa o lugar do retábulo. “Do relevo só ficaram os dedos dos pés da Nossa Senhora. Roubaram também a imagem do andor e a pia baptismal”, diz com tristeza. A Ermida, propriedade da Companhia das Lezírias, está fechada desde que foi vandalizado o património e só abre para a Romaria de Nossa Senhora de Alcamé, padroeira dos lavradores e dos campinos.É neste local que os campos e os campinos de Vila Franca de Xira e Samora Correia, no concelho de Benavente, recebem a tradicional bênção das colheitas. “O santuário precisa de requalificação e que lhe seja restituida a dignidade que já teve. O primeiro andar necessita de uma intervenção urgente, bem como as paredes norte porque este Inverno foi muito rigoroso e degradou bastante esta zona. Na capela gostaria muito de ter bancos de madeira para as pessoas não terem de assistir à missa de pé porque de momento só temos dois. E devia haver novamente aqui a imagem de Nossa Senhora”, aponta.Perto do meio-dia e meia começa a romaria à Ermida. Primeiro o tractor que transporta o andor da Nossa Senhora e logo atrás charretes, campinos e cavaleiros trajados a rigor. Juntam-se em semi-círculo nas traseiras da igreja para assistir à missa e à bênção dos campos. “É uma tradição muito antiga. Naquela época era uma festa organizada pelos patrões e pelos responsáveis das casas agrícolas para abençoar os campos e o gado”, explica António Lopes, 76 anos, antigo trabalhador nos campos da Lezíria. A Ermida foi mandada construir no século XVIII pelo primeiro Patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida, e ao longo da história juntou milhares de pessoas em Romaria a Nossa Senhora. “Quando eu tinha dois anos houve um ciclone em Alhandra que provocou muitas mortes no mouchão. E o meu pai diz que se ouviam as pessoas a gritar, do outro lado do rio”, recorda Rosa Maria Plácido, de 73 anos. “O meu pai nessa altura era empregado do senhor Emídio Infante da Câmara e conta que com o vento houve uma senhora que caiu ao rio e o meu pai atirou-se com o cavalo para a salvar. E o vento começou a levar o cavalo também, mas depois o animal conseguiu nadar e salvaram-se todos. Foi um milagre de Nossa Senhora”, diz com devoção.Os fiéis olham por isso com pena para o antigo santuário. “A paróquia devia avançar para a restauração deste edifício. Sei que o país está em crise mas faz parte de uma tradição muito nossa e que devemos fazer um esforço para preservar”, conclui Maria Cunha, 68 anos, filha de um antigo campino. A Romaria teve início na Igreja da Misericórdia, em Vila Franca de Xira, com o andor com a imagem de Nossa Senhora a ser levado nos ombros dos campinos. Os fiéis seguiram atrás até ao cais da cidade onde a imagem embarcou no barco varino “Liberdade” até ao Cabo da Lezíria, do outro lado do Tejo. Daí até à Ermida de Alcamé, onde decorreu a cerimónia religiosa, percorrem-se oito quilómetros de terra batida. Caminho percorrido lentamente numa vasta caravana. O tractor que levava o andor e os padres, foi seguido de perto pelas charretes e pelos campinos imponentes nos seus cavalos até chegar à Ermida de Alcamé, onde teve lugar a missa e bênção.
Ermida da Lezíria Grande do Tejo necessita de obras de requalificação

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