O executivo da Câmara Municipal de Rio Maior aprovou a aquisição de dois imóveis devolutos situados na Praça do Comércio, para instalação de uma Loja do Cidadão, pelo valor global de 280 mil euros. A deliberação contou com os votos favoráveis dos quatro eleitos da coligação PSD/CDS, enquanto os dois vereadores do PS presentes votaram contra, por esse valor ultrapassar em 40 mil euros o valor da avaliação independente encomendada pela câmara. A decisão surpreendeu a presidente da câmara Isaura Morais (PSD), já que os vereadores socialistas presentes na reunião de câmara – Daniel Pinto e Guilherme Gaboleiro - não seguiram o previsível sentido de voto dos seus camaradas de partido Carlos Nazaré e Ana Cristina Silva, que estiveram ausentes devido a problemas de saúde. Guilherme Gaboleiro substituiu na reunião Carlos Nazaré, que lidera a representação do PS no executivo, enquanto Ana Cristina Silva não pediu substituição. Tanto Carlos Nazaré como Ana Cristina Silva participaram nas negociações com os proprietários dos imóveis e concordaram com a sua aquisição. Confrontado com o sentido de voto dos eleitos socialistas no próprio dia da reunião (9 de Junho), Carlos Nazaré foi parco em palavras. “As pessoas que lá estiveram votaram de acordo com a sua consciência e eu não vou comentar isso. O que vou fazer é na próxima reunião de câmara tomar a posição que achar que devo tomar segundo a minha consciência e que julgo ser a melhor na defesa dos interesses do concelho”, disse ao nosso jornal.Daniel Pinto, um dos vereadores que votou contra o negócio, sublinha que é a favor da instalação da Loja do Cidadão na zona antiga da cidade, mas refere que não podia concordar com a aquisição dos imóveis por um valor superior em 40 mil euros ao da avaliação feita por um perito independente. “Uma câmara municipal não pode ser um agente fomentador da especulação imobiliária e do nivelamento dos preços por cima”, declarou ao nosso jornal.Já a presidente da Câmara de Rio Maior refere que a política partidária não se deve sobrepor à defesa dos interesses do concelho. “Não me identifico com esta forma de fazer política”, declarou ao nosso jornal Isaura Morais, acrescentando que está tranquila e que este foi o negócio “possível”.Refira-se que a soma dos valores pedidos pelos proprietários era de cerca de 310 mil euros. Uma avaliação feita pelos serviços da autarquia apontava para um valor de 255 mil euros, enquanto a avaliação independente, encomendada pela câmara para dar mais conforto à decisão do executivo, indicou a cifra de 240 mil euros. O valor da aquisição acabou por implicar cedências de ambas as partes.O processo negocial iniciou-se após o novo executivo ter desistido (contrariando a intenção da anterior maioria socialista) de instalar a Loja do Cidadão num edifício da avenida Paulo VI, onde funcionou a Escola Superior de Desporto de Rio Maior até 2007, propriedade do Grémio Riomaiorense. A autarquia decidiu resolver o contrato de arrendamento que implicava uma renda mensal de 1.058 euros. O espaço está sem actividade e, apesar do acordo de 2009 para ali se instalar a Loja do Cidadão, o executivo liderado por Isaura Morais mudou de ideias pelo facto de ser mais pequeno que o desejado.