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Um técnico de electrónica que começou a praticar na juventude

Um técnico de electrónica que começou a praticar na juventude

Eduardo Garcia desmontava rádio dos pais só para ver como funcionava

Foi o livro sobre electrónica oferecido pelo professor de História quando Eduardo frequentava o ciclo preparatório que o ajudou a concretizar os seus sonhos.Ana Isabel Borrego

É na sua oficina, um espaço pequeno na parte de trás da sua loja, que Eduardo Garcia passa a maior parte do seu tempo. A consertar computadores, muitos deles dados como “mortos” antes de chegarem às suas mãos. Natural de Ulme, concelho da Chamusca, Eduardo Garcia confessa que em criança já tinha o “bichinho” da electrónica. Aos 14 anos desmontou o primeiro rádio para ver como funcionava. Não descansava enquanto não colocava o equipamento a funcionar. “O pior era quando, à noite, os meus pais queriam ouvir as novelas radiofónicas e o rádio ainda estava desmontado e não trabalhava”, recorda bem disposto.Eduardo Garcia trabalha há cerca de duas décadas e meia no ramo da electrónica, aquilo que realmente lhe dá prazer, mas nem sempre foi assim. O primeiro emprego foi na fábrica de produtos alimentares Spalil, Chamusca, onde trabalhou como carregador. Não era o que gostava de fazer, mas nunca desanimou. Sempre que era necessário reparar qualquer coisa na parte eléctrica, Eduardo Garcia “oferecia-se” para ajudar.Mais tarde surgiu a oportunidade de ingressar na Fábrica de Papel de Ulme também como carregador. Dois anos mais tarde surgiu a oportunidade por que tanto esperou. Foi convidado a integrar os serviços eléctricos da empresa. “Só saí de lá porque infelizmente a fábrica faliu. Finalmente consegui fazer aquilo que realmente me dava prazer”, conta.Foi o livro sobre electrónica oferecido pelo professor de História quando o jovem Eduardo frequentava o ciclo preparatório que o ajudou a concretizar os seus sonhos. “Comecei a lê-lo e nunca mais parei de aprender. Queria saber sempre mais”, diz a O MIRANTE. Ao mesmo tempo que trabalhava, Eduardo Garcia tirava cursos de electrónica por correspondência.Da fábrica de papel, Eduardo Garcia começou a trabalhar na Toshiba onde ficou durante 25 anos. O empresário conta que no início da profissão eram chamados de “mecânicos de máquinas de escritório” porque eram eles que reparavam as máquinas de escrever mecânicas. As diferenças na tecnologia eram enormes. Naquele tempo, por exemplo, as fotocopiadoras eram líquidas. “Tínhamos que utilizar um papel térmico que passávamos por dentro de uma tina onde estava um líquido com mistura de corante. As primeiras cópias que saíam, os clientes tinham que pendurá-las num fio para poderem secar, porque saíam molhadas. Era necessário fazer uma limpeza com regularidade nas máquinas porque estas tinham uma bomba a puxar o líquido que tinha que estar sempre a mexer e a misturar”, explica, acrescentando que há 20 anos uma cópia demorava entre 10 a 15 minutos a ficar pronta.Há cerca de um ano Eduardo Garcia concretizou um sonho antigo: abrir um negócio por conta própria. A EG Técnico foi inaugurada no dia 13 de Julho, às 13h13, “no número 13”, em Almeirim. Mas até agora, confessa, o 13 não tem sido um número de azar. “Tem tudo corrido muito bem”.O seu dia de trabalho costuma ser longo. As manhãs e parte das tardes Eduardo Garcia são passadas a prestar assistência aos clientes. Por volta das 17h00 regressa à loja e fecha-se na sua oficina a fazer aquilo que mais gosta. Reparar equipamentos electrónicos. Fica tão entretido com o trabalho que muitas vezes se esquece de jantar. “Nunca saio da loja antes das duas da manhã. Só vou a casa dormir”, revela. Não desiste enquanto não consegue reparar a máquina. “Sou teimoso e gosto de tentar perceber o problema e resolvê-lo. Às vezes não consigo, mas se a máquina foi feita por humanos porque é que há-de ser ela a ganhar-nos e não nós a ela”, afirma convicto.O empresário repara computadores, fotocopiadoras, calculadoras, máquinas registadoras e amplificadores. O equipamento electrónico mais comum para reparar é o computador, nomeadamente portáteis. Fichas dos transformadores partidas, discos e ecrãs partidos são os problemas mais frequentes. Na loja também vende fitas, toners e tinteiros para impressoras.Nas horas vagas também é técnico de som numa empresa e repara amplificadores, mesas de mistura. Durante o Verão é habitual vê-lo nas festas da região a dar cartas no som. Eduardo Garcia diz que não se arrepende de ter trabalhado em áreas que não gostava, mas agora que faz o que gosta não troca “este prazer” por nada.
Um técnico de electrónica que começou a praticar na juventude

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