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Escola de carrilhão que era para ficar em Alverca vai para Constância

Escola de carrilhão que era para ficar em Alverca vai para Constância

Mentores do projecto podem começar a pensar em construir carrilhão itinerante
O carrilhão itinerante vai ser colocado em cima de um camião e serve para concertos móveis e exibições pelo país. Terá 63 sinos, vai pesar 12 toneladas, é fabricado na Holanda e mede seis metros de comprimento por três de altura.Depois de dois anos de indecisões a Fundação Internacional do Carrilhão e do Órgão (CICO) já tem sede. A Fundação CICO assinou recentemente o protocolo com a Câmara de Constância para se instalarem na vila passando a ocupar, em breve, um espaço no Centro de Empresas – antigo edifício dos Paços do Concelho – na rua Luís de Camões. A Fundação quer criar uma escola de carrilhão e órgão que será a primeira escola de ensino oficial de carrilhão da Península Ibérica. “O objectivo do carrilhão itinerante é percorrer todo o país por isso queremos que a Fundação CICO esteja sedeada numa localidade central. Constância está numa zona central e acreditamos que pode ser um sucesso”, explica um dos fundadores, Alberto Elias.A ideia inicial era instalar a Fundação CICO no Tramagal, concelho de Abrantes, mas as negociações não deram frutos e os responsáveis da fundação optaram pelo concelho vizinho de Constância. Com sede própria, a CICO já pode dar início ao desenvolvimento do projecto de construção do carrilhão itinerante com que, em 2004, os seus mentores – as irmãs Ana e Sara Elias e o pai, Alberto Elias – venceram o Prémio Milénio, um concurso de projectos inovadores promovido pelo jornal Expresso em parceria com a Sagres.Um prémio de 50 mil euros que foi o pontapé de saída para um projecto em que Ana, Sara e Alberto acreditam, embora saibam que ainda falta muito caminho a percorrer uma vez que um carrilhão itinerante pode custar cerca de 300 mil euros. Os fundadores da CICO apelam à generosidade de particulares, empresas e instituições para poderem colocar de pé o seu sonho.Um carrilhão é um instrumento musical composto por um mínimo de 23 sinos, de diferentes dimensões, organizados em sequência cromática e afinados de modo a produzirem harmonias concordantes quando vários sinos tocam ao mesmo tempo. As teclas são accionadas com punhos meio fechados e os sinos maiores estão ligados a pedais que são accionados com os pés. O carrilhão itinerante que a Fundação CICO pretende construir vai ser colocado em cima de um camião e serve para concertos móveis e exibições pelo país. Terá 63 sinos, vai pesar 12 toneladas, é fabricado na Holanda e mede seis metros de comprimento por três de altura.Introduzido em Portugal no século XVII pelo rei D. João V, o carrilhão é um instrumento pouco conhecido actualmente no nosso país. Os jovens não tocam porque desconhecem a existência do instrumento. Daí a CICO estar empenhada em apostar na formação.De Alverca para ConstânciaInicialmente estava previsto que a sede da Fundação CICO e a escola de carrilhão ficasse sedeada em Alverca do Ribatejo onde vivem os mentores do projecto. Mas, conforme O MIRANTE noticiou anteriormente (ver edição 24-12-2008) as irmãs Ana e Sara Elias estão impedidas de tocar no carrilhão da Igreja dos Pastorinhos por motivos não esclarecidos pelo pároco, que se recusou a prestar esclarecimentos a O MIRANTE. “Foi tudo muito mal explicado. Ainda tenho comigo a antiga chave do carrilhão”, refere Alberto Elias, engenheiro mecânico que deu vida ao instrumento. A polémica estalou quando Alberto Elias se propôs realizar um megaconcerto de carrilhão com os maiores nomes mundiais da área.O carrilhão surgiu nas suas vidas por acasoAna Elias sempre foi diferente das outras meninas. Aos seis anos recusava-se a cantar as músicas próprias da idade, como a “Joana come a papa”, e adorava ouvir Chopin e Mozart. O que levou os pais a consultarem um médico que apenas “receitou” aulas de música. A música começou a fazer parte da vida de Ana Elias a partir do momento em que nasceu. Na casa dos pais, em Alverca do Ribatejo, o rádio estava sempre ligado e os sons da música clássica ecoavam por todo o espaço. Aos seis anos Ana Elias começou a tocar órgão electrónico. A “obrigação” rapidamente se transformou em fascínio e paixão pela música que a tem levado a voos tão altos que ela própria nunca imaginou. Actualmente percorre o mundo a dar concertos de carrilhão. A irmã Sara seguiu-lhe as pisadas o que permite que toquem carrilhão, muitas vezes, juntas, no duo LUSITANVS.Este inusitado instrumento surgiu na vida de Ana Elias por acaso e marcou definitivamente o seu percurso. Passou a frequentar aulas de carrilhão, sobretudo porque “sempre gostei do que é diferente e esquisito e decidi ver do que é que se tratava”. A certeza de que o seu futuro passava pelo carrilhão surgiu no dia em que, no âmbito das aulas no Instituto Gregoriano de Lisboa, foi a Mafra e ouviu um carrilhão a “sério” pela primeira vez. “Achei lindo o som que saía dos sinos e lembro-me de ter pensado: ora aí está uma coisa que gostaria de fazer para o resto da vida”.
Escola de carrilhão que era para ficar em Alverca vai para Constância

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