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Quase quatro mil Vespas invadiram Fátima

Quase quatro mil Vespas invadiram Fátima

Houve quem fizesse 2.500 quilómetros em peregrinação
Ângelo Paiva tem 26 anos e é um apaixonado por Vespas, as emblemáticas motorizadas italianas. Envolvido neste mundo, já tem participado em vários eventos e soube pela Internet que o Vespa World Days 2010 seria realizado em Portugal, na cidade de Fátima. A viver na Alemanha, não teve problemas em pegar na sua Vespa com um amigo e fazer os 2.500 quilómetros em quatro dias, até ao país natal. Pelo caminho, acampando para dormir, foi ver as crianças a rir e as pessoas a fazerem perguntas sobre o seu destino. Em Guimarães juntaram-se a um grupo de seis pessoas, que os acompanharam até Fátima. Na manhã de domingo, dia 4, último dos quatro dias do Vespa World Days 2010, Ângelo Paiva juntava-se a um conjunto de vespistas desiludidos por ter perdido a bênção das Vespas no Santuário de Fátima. Um dos últimos momentos do programa estava marcado para as 11h00, mas ocorreu duas horas antes sem aviso prévio. “Eu não vim de Vespa até Fátima apenas pela concentração”, explicou. “Foi também por vir a Fátima”. “Foi um sacrifício para mim, como uma peregrinação”, explicou.Ângelo Paiva viu nascer a paixão pelas vespas aos 16 anos, ao observar o irmão com a sua mota. Interessado pela história, “pelas coisas antigas”, foi crescendo o interesse pelas Vespas. Mas o regresso à Alemanha será de camião. Até lá, ele e o amigo vão permanecer duas semanas em Portugal, no norte do país.Entre quinta-feira e domingo, o Estádio Municipal foi transformado em “Aldeia Vespa”, recebendo cerca de 2400 amantes de vespas. O balanço final apontava, no entanto, para mais de oito mil os visitantes que percorreram as cerca de 40 tasquinhas ali presentes e acompanharam o programa diversificado ao longo dos quatros dias, que terminou com uma sardinhada na tarde de domingo. Também ele desiludido, Carlos Manuel, 51 anos, de Abrantes, lembrava que apesar de não ser praticante, é católico, e a bênção das Vespas marca sempre o final das concentrações em Fátima. “É engraçado, estamos num sítio diferente”, explicou.A Vespa, nota, é uma máquina que praticamente não dá problemas. “Vai aos 100 quilómetros/hora” e desde que esteja bem equipada dura bastante tempo. Por outro lado, “a cultura Vespa não tem nada da cultura motard”. “É sociável, ajudamo-nos uns aos outros, é sossegada”, diz.Ao ouvir a história de Ângelo Paiva, Carlos Manuel comenta que um dia também fará uma aventura do género. Em pequeno, o pai teve uma Vespa que acabou por desaparecer. “Hoje tenho três”, refere.Carlos Guia, 53 anos, de Torres Novas, comenta que a sua história é semelhante, ainda que no seu caso o veículo da família fosse a concorrente da Vespa, a Lambretta. “Íamos para a Nazaré, os meus pais e eu, de Lambretta”, recorda. Junto do grupo que assistia às celebrações no Santuário de Fátima, comenta que só havia vindo à bênção porque estava no programa. “Se não fizesse bem, mal também não fazia”, refere. Esta foi a primeira vez que o Vespa World Days se realizou em Portugal. A organização coube ao Vespa Club de Fátima, que actualmente organiza a maior concentração nacional de Vespas. Na estrada de Minde, na rotunda antes do corte para o Estádio Municipal, foi instalado um monumento ao Vespa World Days 2010. O Vespa Club de Fátima lançou ainda um CD de originais sobre o espírito vespista. O evento teve a colaboração voluntária de várias instituições da região e do distrito, reunindo no seu momento alto, sábado, no passeio até à praia de Nazaré, no distrito de Leiria, cerca de 3.500 vespistas. “Fátima marcou pela diferença”, sublinhou Filipe Primitivo, presidente do Vespa Club de Fátima. Não só por ter conseguido realizar um evento desta dimensão numa cidade tão pequena, “a cada cinco metros via-se uma Vespa”, como a nível hoteleiro os participantes perceberam que estava tudo à sua espera. “Houve um pouco de tudo, passámos por toda a parte”, sublinhou, salientando o empenho que se colocou em dar a conhecer a região aos visitantes, de cerca de 34 países de todo o mundo. “Penso que ficou aqui um projecto modelo para Fátima, o da Aldeia Vespa”, concluiu.
Quase quatro mil Vespas invadiram Fátima

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