Na sexta-feira não deves encontrar muitos cães nas ruas de Santarém. É o dia escolhido pela polícia e pela câmara para verificar se ficam “presentes” caninos nos passeios e na relva dos jardins. Se a canzoada está devidamente registada, vacinada e se possui chip. Se é conduzida pela trela e usa açaimo. Se tomou banho com shampoo desparasitante e se lavou bem os dentes antes de morder. Na sexta-feira qualquer dono de cão que se preze, mete o animal no carro e vai para fora. Para Almeirim, Cartaxo…seja lá para onde for. Um cão tem que aliviar a tripa. Tem que alçar a perna e dar umas ferradelas bem dadas. Manter um cão em Santarém no dia da operação “Canídeo Legal” é como sair com o carro para a estrada no pico da operação Páscoa Segura. O dia é de sensibilização, dizem as autoridades. A ideia é perceber qual a sensibilidade dos donos dos animais quando são multados por se terem esquecido de levar o saquinho de plástico para apanhar a bosta que eles decidirem plantar à porta dos vizinhos. Se rosnam? Se mordem? Se metem o rabo entre as pernas?As crianças vão estranhar. Os pais das crianças também. Uma cidade sem merda de cão nos passeios é como um jardim sem flores. E qual é a piada de andar de olhos no chão e não haver perigo a evitar? Eu próprio já me sinto órfão só de pensar no assunto. Mas eu adoro estas iniciativas com aviso prévio. É sinal de boa educação. De civilização. Amanhã fazemos um simulacro de incêndio. Na terça-feira, se não chover, faremos um simulacro de um tremor de terra. Na sexta-feira vamos ver como é que vocês se comportam quando passeiam os cães. Assim sim, corre tudo bem. Com elevação. Nada de ganâncias. Nada de empurrar para chegar primeiro. Nada de vontade canina de ferrar multas aos incautos. Depois volta tudo à primeira forma. É só um dia por ano que a polícia tem mais que fazer do que andar atrás de donos de cães.No fim-de-semana fui à praia. Não fui à praia de Santarém porque não dei com ela. Ainda encontrei uma placa indicativa mas era…meramente indicativa. O que há mais por estes lados são placas indicativas. Há as da Rota do Vinho do Ribatejo. As dos concelhos livres de armas nucleares e há as que indicam estradas que há muito tempo deixaram de existir. São às dúzias. Dizia eu que fui à praia. Antes de voltar a casa fui a um super-mercado comprar um frango assado. Jantar de dia de futebol. Foi sair do areal, atravessar a rua e entrar. Chinelinho de enfiar no dedo, toalha ao ombro e o dinheiro no bolsinho impermeável dos calções. O segurança veio logo atrás de mim para eu vestir a camisola. Lembrou-me a minha ida a Itália. Fui expulso de igrejas e catedrais porque andava de calções. Deus não gosta de pernas peludas, concluí eu. Os seguranças de supermercado não gostam de barrigas de cerveja. À minha frente na fila para o frango estava uma menina mais despida que vestida. Tinha um top que mal lhe tapava a peitaça e uns calções que deviam ser da irmã mais nova. E havia um robusto mocetão de camisolinha de cavas e braços tatuados até às axilas. O Mundo é muito injusto. Ao Cristiano Ronaldo pagam-lhe para mostrar os abdominais. A mim até me pagavam para os tapar. Falas no teu último e-mail da moção do BE sobre o Saramago que foi rejeitada pela Assembleia Municipal da Chamusca. Era uma moção envenenada. Coisa política feita como deve ser. Daquelas que até o proponente tem dúvidas em votar a favor, tantas armadilhas, alçapões e segundos sentidos aquilo tem. E logo o Saramago que escrevia sem vírgulas. Mas estou como tu. A Aurelina Rufino do PSD não percebe nada de futebol. Votar contra a moção por o homem defender a união Ibérica foi um erro. Quanto mais não fosse porque agora éramos campeões do Mundo de futebol. Olé!!!Um abraço ibérico do Manuel Serra d’Aire